Furto de hidrômetro gera desperdício de 4 mil litros/h

Cerca de quatro mil litros de água são desperdiçados a cada hora do intervalo entre o furto de um hidrômetro e a interrupção do vazamento, um volume superior aos 3,3 mil litros apontados pela Organização das Nações Unidas (ONU) como suficientes para suprir as necessidades de consumo e higiene de uma pessoa por um mês. O tempo médio para correção do problema é de cinco horas após acionamento da Embasa, segundo sua assessoria de comunicação.

Na loja de colchões gerenciada por Thiago Ruben, no Jardim dos Namorados, ele conta que a equipe da Embasa chegou uns 90 minutos após o comunicado do furto à empresa. Na sua avaliação, o atendimento inicial foi rápido, o que possibilitou a normalização do abastecimento ainda nas primeiras horas da manhã da última terça-feira. O furto ocorreu naquela madrugada, não se sabe em qual horário.

Na noite seguinte, mesmo sem hidrômetro para retirar, alguém quebrou o cano que havia sido colocado na ligação direta, fazendo com que a Embasa voltasse ao local para novo reparo. Até a última sexta-feira, o medidor novo ainda não havia sido colocado e, segundo Thiago, a empresa de saneamento informou que não havia previsão para fazer essa reposição, quando ele ligou questionando.

“A prioridade da Embasa não é instalar um novo hidrômetro, é corrigir o vazamento provocado pela ação criminosa no menor tempo possível”, informou a assessoria da empresa. Até que ocorra a reposição, a cobrança do gasto diário de água naquela unidade, seja comercial ou residencial, pode ser feita pela média de consumo, exemplificou a equipe de comunicação.

Thiago foi orientado a registrar um boletim de ocorrência na delegacia mais próxima, pois a apresentação do documento garante a reposição do hidrômetro sem custos para o usuário. Além disso, ressalta a assessoria da Embasa, o registro possibilita “que a polícia possa realizar as devidas investigações, inibindo essa prática que prejudica os moradores do imóvel com desabastecimento temporário e gera desperdício de água potável”.

Segundo Thiago, a equipe que realizou a ligação direta na terça-feira comentou ter outros quatro atendimentos nas proximidades na sequência, todos motivados por furto de hidrômetro. Na Rua Fernando Menezes de Góes, que passa atrás da loja gerenciada por ele, o porteiro de um prédio comercial confirmou a ocorrência frequente de furtos desses medidores na região.

Na tentativa de dificultar a retirada dos hidrômetros, na Fernando Menezes há quem use arame para fechar a tampa da caixa ou mantenha o equipamento após o portão de acesso ao prédio, mas ao alcance de quem estenda a mão para liberar o visor. Na Travessa do Progresso, no Curuzu, onde alguns medidores foram furtados em uma mesma noite, há pelo menos um mês, a igreja das Testemunhas de Jeová colocou uma grade para evitar nova ocorrência.

A instalação de grades e soluções similares não é indicada, explica o gerente de suporte comercial da Embasa, para Salvador e Região Metropolitana, Daniel Pindobeira. O argumento é que tais estratégias dificultam a leitura e também a manutenção dos equipamentos. Para os usuários, a motivação do furto é o material do qual os hidrômetros são feitos, e ele esclarece que a maioria deles é de latão (uma liga metálica de cobre e zinco em proporções variáveis).

Segundo a assessoria, a Embasa não contabiliza as trocas de medidores com base nas causas, por isso “não tem um número preciso sobre casos de vandalismo”. Ainda em nota, a empresa reforça “as retiradas de hidrômetro são registradas sem distinção do motivo que levou à substituição do aparelho (vandalismo, quebra do aparelho, reposição periódica para atualização do parque de hidrômetros, entre outros)”.

Questionada sobre o número de boletins de ocorrência referentes a furtos de hidrômetros registrados pela polícia, a Secretaria de Segurança Pública informou, por meio de sua assessoria de comunicação, que não há esse recorte nas estatísticas de furto.

Somando todas as causas citadas pela Embasa, 21 mil hidrômetros foram substituídos entre janeiro e abril deste ano em Salvador e Região Metropolitana, informou Pindobeira. Questionado sobre o tempo médio para a substituição de um medidor, disse que o tempo de uso é apenas uma das variáveis e outras análises são realizadas para essa definição.

A utilização de hidrômetros de plástico ainda está em teste na Embasa, segundo o gerente de suporte comercial. Nos locais visitados pela reportagem de A Tarde, os medidores repostos nos últimos meses são de material metálico, sempre pintados de azul. Além das áreas citadas ao longo do texto, A Tarde também esteve na Rua Otacílio Santos, no Acupe de Brotas, onde alguns hidrômetros foram furtados em fevereiro.

SERVIÇO

Para comunicar o furto de hidrômetros à Embasa, o usuário deve ligar para o 0800 0555 195.