EMOÇÃO
Gil faz homenagem à Gal Costa na Bienal do Livro em Salvador
Imortal da Academia Brasileira de Letras participou da mesa na Arena Jovem com Carlos Rennó
Por Da Redação

O imortal da Academia Brasileira de Letras, Gilberto Gil, participou da Bienal do Livro da Bahia, no Centro de Convenções, em Salvador nesta segunda-feira, 14. O cantor e compositor relembrou a perda de 'Gaúcha', apelido que ele se referia à Gal Costa. Gil comparou a cantora a uma estrela com forte brilho.
"Qualquer um aqui sabe da importância e excepcionalidade de Gal. Tivemos essa proximidades e essa cumplicidade, que tive com ela, com Caetano, Bethânia, Tom Zé, Djalma, Corrêa. Gal é um momento cintilante da música brasileira. A estrelaridade de Gal transpassou nossos olhos e olhares, penetrou nossos ouvidos. Ela fez um percurso maravilhoso, não só como artista, mas como amante do som no sentido mais amplo", disse.
Gil também citou Jorge Ben Jor e Tuzé de Abreu para dizer que considera que Gal voltou ao um lugar celestial. "Bem Jor escreveu sobre isso e ele tem razão sobre ela ser uma estrela. Tuzé de Abreu também escreveu: "Agora ela chegou lá". A gente sabe que ela chegou lá. Já estava enquanto esteve aqui, e agora foi nos esperar", disse.
O canto participou da mesa que discutiu de que forma a sua obra contribuiu para a transformação do conceito estético que deu às músicas um lugar de poesia popular. A mediação foi do jornalista Claudio Leal.
Gil falou ainda sobre a questão racial e lembrou um terreiro que existia na rua onde morou na infância. Segundo ele, a descoberta daquela 'casa de santo' foi um marco na sua identidade racial.
"Tenho a impressão que a questão racial despertou em mim quando voltei do exílio. A rua do Marchans, onde eu morei no Santo Antônio [bairro de Salvador], tinha uma bandeira branca que me causava muita curiosidade, que depois eu fui descobrir que tinha ali um culto de matriz africana chamado candomblé. Mas depois fui pra São Paulo, Rio [de Janeiro], para o exílio e não tinha a dimensão. E existia naquela rua uma distância para aquela religião", contou.
Gil comentou que ao retornar do exílio, passou a politizar a questão racial, se reconhecendo enquanto homem negro.
"Quando eu voltei do exílio já não era uma questão de religiosidade. Eu já entendia a questão da negritudade, da religiosidade africana, essas relações foram se fechando e aí eu disse que tava na hora de procurar saber o que é. Sabendo a importância que isso tem, como negro que sou. E aí a coisa foi me levando pelos lugares", continuou.
Gil se disse esperançoso com o futuro governo Lula e confiante em um fracasso da extrema direita e vê com naturalidade o temor sobre o avanço do "obscurantismo".
"É impossível que esse obscurantismo atuante tome conta dos corações dessas pessoas. As pessoas querem mais luz, liberdade. Não dá pra essa reinstalação do atraso. Todo mundo tinha medo, eu também tenho medo. É natural o medo no conceito de sobrevivência.
O cantor defendeu a liberdade sexual lembrando do seu encontro com Lulu Santos em um festival no Rio de Janeiro. "Eu vi Lulu e disse me dê um beijo. A gente sempre fez isso, mas hoje um beijo é um ato político. Ele me deu". Comentou.
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