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SALVADOR

Guerra das latinhas

Por Thiago Fernandes

23/02/2007 - 19:07 h

Nas festas de largo em Salvador, a cena é corriqueira. Mal a latinha vazia de cerveja ou refrigerante é descartada, e em poucos segundos surge um catador disposto a recolhê-la para ganhar alguns trocados com sua comercialização. Mas isso se a latinha for feita de alumínio. As demais, fabricadas em aço, são ignoradas e muitas vezes tratadas como lixo comum. A diferença se deve ao valor de revenda dos materiais. O quilo do alumínio rende em média R$3, enquanto o aço vale 10 vezes menos, cerca de 30 centavos.



Mais do que uma disputa comercial, a questão é vista por alguns setores como um problema social, devido ao crescimento do número de pessoas que dependem da receita gerada pela reciclagem venda de material para reciclagem. O assunto é tão sério que levou uma Ong de Recife a idealizar uma campanha em prol do uso do alumínio pelas indústrias de bebida. A iniciativa, que tem apoio do Governo de Pernambuco e da prefeitura da cidade, é da Associação Meio Ambiente Preservar e Educar (Amape), que pretende conscientizar os consumidores e a indústria para a importância de se dar maior atenção à embalagem dos produtos consumidos.



Para o coordenador da Amape, Sérgio Nascimento, a utilização das latas de aço representa um problema social importante, que acaba tendo reflexos econômicos e ambientais. "As latas de aço são desprezadas pelos catadores, então o custo de recolhimento desse material acaba sendo pago pelas prefeituras, ou seja, por todos nós. Além disso, grande parte delas vai para o lixo comum, o que agrava a situação de coleta nas grande cidades", afirma.



A ação da Ong vai envolver a divulgação das vantagens sociais e econômicas do uso de alumínio para embalagens de bebidas. De acordo com Nascimento, a principal delas é favorecer a melhoria da qualidade de vida dos catadores, que conseguem com o material uma renda superior àquela obtida com o aço e outros materiais recicláveis. "Nós queremos mostrar às pessoas que isso tudo pode ser definido na hora da compra, quando se escolhe um produto que tem esse tipo de valor agregado", afirma.



A iniciativa da Amape não tem paralelo em Salvador, mas na capital baiana a questão também preocupa entidades ligadas à questão ambiental, como o Grupo Ambientalista da Bahia (Gambá). Para o coordenador do grupo, Renato Cunha, a reciclagem deve ser um dos pontos principais de qualquer política pública, inclusive levando em consideração as implicações ambientais. "Os catadores hoje fazem o trabalho por uma motivação econômica, mas é fundamental que também haja um trabalho de conscientização de toda a população para a importância do tema. E o trabalho não deve ser feito somente em festas como o Carnaval e sim no dia-a-dia".



Falta de incentivo - O coordenador acredita ainda que o principal problema é a falta de vontade da indústria para estimular a reciclagem de outros materiais, além do alumínio. "Vemos que o aço e os plástico em geral acabam ficando em segundo plano, mas é função dos governos estimular e promover a reciclagem desses produtos", diz.



As latas de aço são utilizadas somente no Nordeste, devido à localização da única fábrica produtora desse tipo de embalagem no Brasil, a Cia Metalic Nordeste, que fica em Fortaleza, no Ceará. Na Bahia, as latas de aço são utilizadas somente pela Coca-Cola e no restante da região, também por algumas fábricas da Ambev.



Para o presidente da Metalic, Paulo Rochet, a questão social dos catadores é um dos aspectos que devem ser levados em consideração, mas não é o único. "O aço apresenta vantagens para a indústria de bebidas e alimentos em geral e isso beneficia toda a economia local, com o aumento da produtividade, geração de riqueza e pagamento de impostos", diz. Para ele, uma campanha como a da Amape restringe o problema da reciclagem a uma questão sócio-econômica e deixa de lado a motivação ecológica. "Em outros países, a reciclagem é importante devido à redução do consumo de matéria-prima, o que preserva os recursos naturais do planeta", afirma.



Rochet destaca ainda o fato de que o aço, além de reciclável, é também biodegradável. Descartado na natureza, o material é considerado pouco prejudicial, levando de 1 a 5 anos para se decompor, enquanto que o alumínio pode levar até 100 anos para ser absorvido. No entanto, o impacto no meio ambiente é compensado pela alto índice de recilcagem do material no Brasil. No caso do alumínio, a reciclagem superou 96% em 2005 no caso das latas de bebidas. O índice é o maior do mundo. O reaproveitamento das latas de aço chegam a 88%, índice também próximo aos maiores do planeta.

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