SALVADOR
Incêndio dura três dias em mini-mercado
Por Hieros Vasconcelos, Meire Oliveira e Luísa Torreão
A dificuldade em debelar o incêndio ocorrido na loja de utensílios domésticos Mini Preço, em Amaralina, trouxe mais uma vez à tona a deficiência do Corpo de Bombeiros da Bahia.
O combate ao incêndio, até o fechamento desta edição, já ultrapassava as 51 horas. Para a missão houve até a ajuda de viaturas anti-incêndio da Braskem e da Infraero, uma vez que o Corpo de Bombeiros não dispunha de material e carros suficientes. Apenas um hidrante foi encontrado no local, e este apresentou baixa potência e grande distância do estabelecimento.
O major Adson Marquesine, do Corpo de Bombeiros, admite que a estrutura precisa ser ampliada. “Salvador cresceu muito e o Corpo de Bombeiros precisa crescer junto com a cidade”, afirmou.
Na Bahia são apenas 15 grupamentos, três deles em Salvador, número considerado pequeno por Marquesine. No subúrbio ferroviário, por exemplo, não existe uma unidade sequer dos bombeiros, conforme o major.
Já a quantidade de equipamentos, segundo ele, “ainda está muito longe do ideal”.
Conforme dados obtidos por A TARDE em março deste ano, em toda a Bahia há 203 viaturas (que englobam carros de apoio, busca e salvamento, autobomba-tanques, e botes marítimos) e 2,6 mil bombeiros, menos de 10% do efetivo da Polícia Militar, que tem 30 mil homens.
Para piorar, Salvador conta com apenas 182 hidrantes, o que leva os bombeiros a recorrerem aos carros-pipas da Embasa. De acordo com o presidente da Associação dos Policiais e Bombeiros da Bahia (Aspra), Marcos Prisco, além do déficit de pessoal, faltam equipamentos básicos de combate e proteção individual. “Não tem máscara de oxigênio, capacete e luvas para todos. A roupa que permite chegar perto das chamas não existe aqui. Nossa sorte é o preparo e o heroísmo dos profissionais”, ressalta.
Segundo Prisco, o ideal seria um efetivo de 15 mil profissionais no Corpo de Bombeiros da Bahia. No interior, a situação é ainda pior. “A subunidade de Santo Antônio de Jesus, subordinada ao Batalhão de Feira de Santana, atende a 29 cidades”, revela.
Sem investimentos - O investimento por parte do Estado, para Prisco, está aquém do necessário. Do orçamento da Secretaria da Segurança Pública (SSP), parte é destinada à Polícia Militar, que repassa cerca de 0,03% do que recebe aos bombeiros.
A equipe de A TARDE tentou obter o valor exato da quantia repassada ao Corpo de Bombeiros, mas não obteve êxito. A SSP disse que a informação caberia à Polícia Militar, que orientou a reportagem a procurar a Secretaria de Administração do Estado (Saeb), que indicou a Secretaria de Planejamento, que, por sua vez, disse ser a informação de responsabilidade, novamente, da PM. “Tudo é defasado. Se o incêndio fosse em um shopping, as pessoas estariam mortas”, diz Marcos Prisco.
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