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SALVADOR

Itinga: um bairro em busca da própria identidade

Por Fernanda Santa Rosa, do A Tarde

25/01/2008 - 22:00 h | Atualizada em 25/01/2008 - 23:49

Localizado em uma região que marca fronteira entre Salvador e Lauro de Freitas, município ao qual oficialmente pertence, Itinga vem construindo aos poucos a própria identidade. O bairro, que nasceu do investimento em loteamentos populares e conjuntos habitacionais, atraiu na década de 70 muita gente de bairros populares da capital. A distância só se tornou problema pela insuficiência de serviços públicos que persiste até hoje.

Em Itinga, é rotina o desavisado perguntar por um banco ou farmácia e se deparar com a mesma resposta: “Tem que ir à cidade”, se referindo a Salvador, ou “só em Lauro de Freitas”, como se desta não fizesse parte. O historiador Gildásio Freitas, autor de dois livros sobre o município, conta que se debruçou sobre a localidade, assim como ao bairro vizinho São Cristovão, este em Salvador, justamente por este caráter singular. “Percebia que a meninada não sabia nem mesmo qual a cidade em que morava, condição essencial para a cidadania”, destaca o professor.

Com prédios de até cinco andares, casas de muro baixo e locais de mata conservada, o bairro abriga cerca de 80 mil pessoas, mais da metade dos habitantes da cidade. Apesar de populoso, o clima de interior se confirma entre os moradores, já que a maioria se conhece e o comércio praticado é formado pelas famílias. “Daqui só saio para o cemitério”, brinca o comerciante José Carlos Gama, 50 anos.

Servidor federal aposentado, ele se mudou para o bairro no início da década de 90, quando foi construído o conjunto habitacional Santa Rita, um projeto da Caixa Econômica Federal (CEF). “Aqui é um lugar em que ainda posso me sentar de manhã cedo na calçada com meu violão e todo mundo que passa fala comigo”, diz Gama. O sentimento é compartilhado pelo vendedor Edson Cerqueira, 46 anos, e 36 como morador de Itinga. “As casas daqui ainda têm quintal”, diz o comerciante.

Engenho – Cerqueira chegou no bairro na época dos primeiros loteamentos populares. “Antes, era tudo mato”, lembra. Pelos registros mais antigos, o local já existia com o nome de Itinga desde a primeira metade do século XVIII. Era um engenho de açúcar. Na década de 70 vieram os loteamentos e no início dos anos 90, os conjuntos habitacionais.

O conjunto Santa Rita, onde Gama vive, foi essencial para o crescimento do bairro e deu nome à localidade mais disputada pelos novos moradores, – o Parque Santa Rita –, seja pela concentração de serviços, como comércio, escolas e postos de saúde, ou pela infra-estrutura de praças e lougradouros públicos.

“Itinga era estigmatizada pela violência, mas o conjunto trouxe muita gente de bem para cá”, lembra o presidente da Associação de Moradores do Parque Santa Rita, Wellington Santos, 31 anos. O bairro só ganhou a primeira agência dos Correios no ano passado, a 27ª delegacia chegou há cerca de cinco anos, e a maioria das ruas recebeu pavimentação recentemente. “Para pagar conta de luz e água é um inferno, porque precisa pegar ônibus para providenciar”, reclama o eletricista Josué Pereira.

Quanto ao lazer, os moradores garantem que a grande vantagem é a proximidade com as praias, embora não estejam em área litorânea. “Basta pegar a pista do aeroporto e você está em Ipitanga, Stella Mares em poucos minutos”, ensina Wellington Santos. A Lavagem do Caranguejo, que acontece há 25 anos no último domingo de novembro, também anima a comunidade. “É a maior festa do bairro. tem cortejo e bandas”, conta Ricardo Santos, conhecido como Cadinho, agitador cultural e neto do homem que deu nome ao Largo do Caranguejo, onde acontece a lavagem.

A instalação do centro de treinamento do Esporte Clube Bahia, o Fazendão, também deu novas aspirações para crianças e jovens da região. Meninos, cuja vizinhança estimula o desejo de se tornar um jogador profissional, como o zagueiro Eduardo, 18 anos, recentemente vendido por R$ 1,6 milhões ao Botafogo. Campinhos não faltam no local.

Infelizmente, o clube não realiza nenhum trabalho social específico. Mas, ainda assim, mudou vidas como a de Ednaldo Dantas 30 anos. Natural de Conceição de Maria, ele veio morar em Itinga há 13 anos e ficou desempregado, quando apareceu uma oportunidade como auxiliar de serviços gerais. “Não iria dar certo, um menino de 17 anos por aí sem ter o que fazer”, avalia. “Hoje estou como boleiro, mas quero me tornar enfermeiro do time”, completa, confiante.

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