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SALVADOR

Largo de Roma é cenário de abandono, drogas e prostituição

Por Amélia Vieira / Agência A Tarde

24/02/2008 - 23:06 h

O tapume que cerca todo o Largo de Roma, na Cidade Baixa, dá a impressão de que a proteção é para preservar a reforma por que estaria passando a praça.

Contudo, quem arriscar entrar por uma das diversas brechas abertas no tapume ingressará numa outra realidade. Sujeira, abandono, uso de drogas, prostituição e também moradia para excluídos da sociedade.

A praça que deveria servir de espaço de lazer para os moradores da região é o único lugar que Andréa Maria Jesus, 29 anos, achou para morar com a família. O caule de uma planta serve de suporte para cobertores que de marcam a área que ela usa e chama, com bom humor, de “apartamento”.

No lar improvisado, dormem ela, o companheiro e duas filhas, de 16 e 8 anos. Andréa é natural de Paulo Afonso, onde morava em um barraco. Mas não conseguia emprego. Há dois meses, ela decidiu arriscar uma mudança para Salvador na esperança de uma vida melhor.

Conheceu seu novo companheiro, de quem está grávida; porém, não encontrou trabalho. “Comida não falta, porque sempre vem gente aqui dar”. Arrependida, ela deseja voltar para sua terra natal ou ir para Barreiras. “Soube que lá tem muito emprego no campo”, explica Andréa.

Enquanto não consegue os R$ 18 que faltam para completar o valor da passagem, ela permanece sonhando com um futuro melhor para as filhas. “Ela diz que quer ser enfermeira. Mas, como vai realizar esse sonho sem um caderno. Este ano ela não vai estudar. Tudo que eu quero é ter um lar e colocar minha filha na escola”, diz.


CATADORES – Segundo os moradores da praça, cerca de 20 pessoas dormem ali diariamente. A maioria sobrevive da venda de produtos recicláveis coletados pelas ruas. Marcos Saturnino, 49 anos, é um deles. Ele conta que os sem-teto fazem a limpeza da área onde dormem, próxima a um viveiro.

“Pensamos em fazer um mutirão para limpar tudo. Mas temos medo de que depois de tudo bonito expulsem a gente”, diz outro homem, que não se identificou. Ele conta que é ex-presidiário. Sua primeira acusação foi por homicídio, aos 13 anos. Ele garante que se regenerou e gostaria de ter um emprego com carteira assinada. Sem documentos e com os antecedentes que possui, esse sonho fica distante.

PERSEGUIÇÃO – Os sem-teto que moram no Largo de Roma reclamam de que são perseguidos pelo poder público. Há cerca de oito dias, conta Marcos Saturnino, policiais e funcionários de órgãos públicos estiveram lá e levaram vários pertences, desde roupas a panelas. “Já levaram dois carrinhos meus”, lamenta, mostrando uma espécie de carrinho de mão usado na coleta de recicláveis e que, de acordo com ele, custa R$ 60.

Damião Carneiro, 44 anos, mora em Paripe e há 23 anos vende picolés nos arredores do Largo de Roma. Ele conta que nunca viu a praça em estado tão lastimável. “À noite aqui tem muita prostituição.

Durante todo o dia, tem pessoas usando e vendendo drogas. Com o tapume, acabou virando um esconderijo”, diz.Para o casal Raimunda Pereira Torres, 77 anos, e Pedro de Souza Torres, 83, moradores de São Caetano, foi uma surpresa ver a degradação do Largo de Roma.

Neste Domingo, eles foram a um evento religioso na Cidade Baixa e para ram para descansar num banco da praça. “Estou horrorizada com este abandono. Não era para estar assim”, reclamaram. Além do lixo, o mau cheiro, de urina e fezes, é forte em alguns pontos.

Nem mesmo um monumento em homenagem a Irmã Dulce resistiu ao vandalismo. A placa foi arrancada, provavelmente para ser vendida.

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