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SALVADOR

Meia-noite é hora de Borracharia

Por Eder Luis Santana, do A TARDE

25/10/2007 - 19:50 h

Imagine um lugar apertado, escuro, sem muito conforto e com poucos locais para sentar. Descrito assim, parece um espaço pouco atraente. Mas é na falta de elegância que mora o charme da Borracharia, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador. O lugar é uma excelente opção aos adeptos de festas que só acabam ao nascer do dia.

Localizado na Rua Conselheiro Pedro Luís, o espaço tem esse nome devido a sua dupla funcionalidade. De dia, é borracharia. À noite, é invadida por boêmios afoitos por dança, música e azaração. Os portões são abertos às 22 horas, mas é a partir da meia-noite que o público chega.

O som é do estilo black music e soul, com uma pitada de músicas que foram sucesso entre as décadas de 70 e 90. No repertório, estão incluídas figuras como Tim Maia, James Brown, Stevie Wonder e Chico Buarque. Na pista de dança, o predomínio é de pessoas com mais de 30 anos.

Porém, antes de falarmos com detalhes das opções de curtição dentro da Borracharia, vale lembrar que boa parte da turma começa a se divertir antes de chegar lá. E os points mais procurados são os bares do próprio Rio Vermelho, onde é possível “esquentar as turbinas”.

Encontro – “Os amigos costumam se encontrar antes, bebem e vão direto para a Borracharia”, comenta o advogado Marcos Marinho, 40 anos. Freqüentador assíduo, Marcos escolheu o Restaurante Pós-tudo, na Rua João Gomes, para se divertir antes de ir à Borracharia na virada da última sexta para o sábado.

Ao lado da contadora Cíntia Viena, 31 anos, os dois começaram a noite apenas como bons amigos no Pós-tudo. Conversavam de maneira discreta, até meio afastados um do outro. No entanto, a madrugada na Borracharia fez algo mudar. Os dois ganharam uma proximidade invejável. Teve até beijo na boca.

“Santa Borracharia!”, dizia Marcos, feliz da vida ao lado da amiga íntima. Morador do Rio Vermelho, o cidadão afirma que os bares da região são importantes locais de encontro. Dentre os mais conhecidos, além do Pós-tudo, estão o Boteco do Bahia, o Barbitúrico e o Boteco do França.

Visual – Para quem vai escolher um desses destinos, a dica é aproveitar para forrar o estômago. Na Borracharia, o cardápio é superlimitado. Aliás, não há cardápio, e, sim, um papel plastificado pendurado na parede do bar. E a única opção de comida à mostra são salgados vendidos por R$ 2,50. E já que coxinha e quibe não são suficientes para encher a barriga de boa parte dos cachaceiros, é melhor garantir e chegar por lá com o estômago forrado.

Apesar de não haver placas ou cartazes indicativos, é fácil achar a Borracharia. Acúmulo de gente na porta e som vindo de um galpão escuro são indícios de que você chegou lá. Apesar da pouca luminosidade, é possível ver o preço dos ingressos colado na parede em uma folha de caderno. Custa R$ 10 para mulheres e R$ 15 para homens. Pneus são amontoados na entrada. Um motor velho está jogado em um canto. São cerca de 150 pessoas todas as sextas. No sábado, o movimento é menor, mas nem por isso menos animado.

O chão é irregular. Degraus surpreendem a todo instante. Isso é um incômodo aos bêbados de plantão e às mulheres de salto alto. Isolado em um cubículo na parte mais alta, o DJ Roger comanda o som. “É o tipo de música que eu gosto de ouvir. Se eu não curtisse, o resto da galera não entrava no clima animado”, comenta.

A fama do rapaz tem se espalhado de tal forma que na última sexta foi procurado pela socióloga Iêda Franco, 39 anos. Iêda nunca tinha ido à Borracharia, mas soube que o “DJ era o melhor”.

Opiniões à parte, Iêda foi comprovar e garantiu a contratação dele para sua festa de 40 anos, que estava marcada para acontecer nesta sexta-feira (apesar de terem sido convidados, o assoberbado repórter e sua fotógrafa não vão poder comparecer à festa. Desculpa aí, Iêda. Nossos parabéns!).

O marido de Iêda não quis acompanhá-la na missão de achar o DJ. O jeito foi levar um amigo que não pôde se identificar, pois é adepto do grupo religioso Testemunha de Jeová.
“Menino, eu adorei esse lugar. Dá uma sensação de liberdade. Me senti em Woodstock”, completou Iêda, em referência ao festival de música do final da década de 60 e que ficou conhecido pela multidão que foi assistir a shows de figuras como Jimi Hendrix e Janis Joplin.

Figuras – Outra experiência única na Borracharia é aproveitar para conhecer pessoas. De preferência, figuras que estão por lá todos os finais de semana e são simpáticas. É o caso do segurança Israel Batista, mais conhecido como Malaca. O homem garante a segurança do local desde que os farristas começaram a lotar a casa. Com 118 quilos espalhados em dois metros e um centímetro de altura (Malaca faz questão de ressaltar seu um centímetro), suas roupas de estilo militar integram o visual. “É um trabalho tranqüilo. Só fica difícil para controlar a entrada do pessoal”, comenta.

Por fim, outra figura de peso (tanto na importância como na balança) é o publicitário e músico Ilton Silva, 43 anos, que está por lá toda sexta-feira e se tornou amigo de todo mundo. “O legal disso aqui é a falta de conforto. A Borracharia tinha tudo para não atrair pessoas. É por isso que deu certo”, completa.

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