SALVADOR
Moradores abrem unidade de saúde em Periperi
Com dificuldade de atendimento na UBS da região, comunidade faz parceria com a Fundação José Silveira
Por Mariana Brasil*

Com poucos profissionais atuando na Unidade Básica de Saúde (UBS) da região e dificuldade na marcação de consultas, moradores de Periperi criaram o Instituto Ana Ribeiro (Inar) para atender às próprias demandas de saúde da comunidade.
Localizado na rua Dom João VI, próximo à 5ª delegacia, a unidade, em parceria com a Fundação José Silveira e profissionais independentes, oferece exames e atendimentos médico e psicológico há 2 anos e meio.
Fisioterapia, oftalmologia, nutrição, ginecologia e psicologia são algumas áreas abarcadas pela instituição, que atende entre 40 e 100 pessoas por dia. “Surgiu uma demanda muito grande de pessoas”, lembra Ana Ribeiro, fundadora e diretora da instituição. O serviço nasceu da vontade dos membros de amparar a comunidade insatisfeita com a UBS. “Você tem que agendar e daqui a dois, três meses é que vai ser atendido, e não tem acompanhamento”, relata Marcos José Silva, conselheiro distrital de saúde e membro do Inar.
Demanda
Ele aponta que, com a demanda do bairro, o correto era ter mais unidades de saúde. “Periperi já podia ter dois ou três postos pelo número de habitantes”, diz. Além dos poucos profissionais para a quantidade de moradores da região, Marcos destaca que a instalação de Unidade de Saúde da Família (USF) contemplaria mais pessoas em comparação à Unidade Básica de Saúde. “No posto básico da família, você tem um médico que vai lhe acompanhar. A UBS atende 4500 pessoas e a Unidade de Saúde da Família chega a 16 mil”.
“Me tornei paciente do Inar tem um ano. Me abraçou, me acolheu, com a parte da psicologia e nutrição”, relata a paciente Tatiana Rocha. “Aqui já fui pra oftalmologia, sou atendida com psicólogo, fisioterapeuta”. Ivone Pepe, também frequentadora do instituto, compara o atendimento com o recebido na Unidade Básica de Saúde local. “Quando marca alguma coisa, a gente leva mais de meses para conseguir”, diz. “Fui lá algumas vezes e nunca consegui marcar, e aqui já consegui muitas coisas”, acrescenta Viviane Fernandes, paciente e parceira do Inar.
Um dos serviços mais procurados no instituto tem sido as consultas psicológicas, principalmente após a pandemia. “Nós trabalhamos com um público de vulnerabilidade social extrema, então, a gente dá um suporte às pessoas que são assistidas aqui no instituto”, explica Ricardo Alves, psicólogo da Fundação José Silveira, presente no Inar de segunda a sexta. “Nós recebemos uma demanda muito variada, desde ansiedade e quadros de depressão e outras patologias. Então, nosso trabalho é voltado para o acolhimento emocional”. “A gente sabe que o sistema de saúde está precário”, completa Adriana Aragão, fisioterapeuta da unidade. “Você abrir uma porta para esses pacientes é de extrema importância, e aqui ele acha isso, o acolhimento”.
Em resposta, a Secretaria Municipal de Saúde informou que inaugurou, em março deste ano, Centros de Saúde (CS) e de Especialidades Odontológicas (CEO) de Periperi, com quatro médicos entre clínicos, ginecologista e pediatra com capacidade de realizar 800 atendimentos por dia, inclusive aos moradores da Rua Dom João VI.
O órgão alega que as sete unidades básicas do bairro de Periperi e adjacências estão em pleno funcionamento e asseguram 100% de cobertura na comunidade.
*Sob a supervisão da editora Meire Oliveira
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