SALVADOR
Moradores reclamam de ausência da prefeitura em local de desabamento
Por Henrique Almeida*
Um mês após o desabamento do imóvel que levou a óbito quatro pessoas na Rua Alto de São João, no bairro de Pituaçu, o silêncio e o vazio dão a tônica no local. A prefeitura, segundo moradores, visita a região raramente.
No local onde ficava o imóvel de três andares e em que moravam os irmãos Rosimery, 34 anos, e Alan Pereira, 29, assim como os filhos de Rosimery, Robert de Jesus, 12, e Artur, de 1 ano, estão entulhos e outros resíduos. O mesmo se repete no espaço onde cinco imóveis foram demolidos pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Município (Sedur).
A TARDE retornou ao local, na manhã desta quinta-feira, 12, e o sentimento ainda é de incredulidade sobre a tragédia que ocorreu. Sobrinha dos irmãos Pereira, Carol Santos, 15 anos, conta que os outros membros da família se mudaram para a região do Imbuí e quase não são vistos no local. "Eles praticamente não vêm aqui. Muito triste o que aconteceu", diz.
A versão é atestada por vizinhos, que acreditam que a prefeitura precisa ser mais presente. "Algumas casas que apresentavam risco foram demolidas. Agora, se você olhar ali para baixo verá uma grande área vazia, onde pode se tornar lixão, passagem para pessoas de outros bairros, que vêm mal-intencionadas, além de ser usado como rota de fuga para a polícia e pessoas que não conhecemos. Tenho dois filhos pequenos e prezo pela segurança deles", aponta Lucioni dos Santos, 55 anos.
De acordo com Camile dos Santos, 23 anos, que mora na rua onde ocorreu o desabamento, o sentimento ainda é de muita tristeza. "Todos aqui são muito amigos. Não possuímos mais tanto contato com eles, mas sempre foi um ambiente muito bom. É um bairro unido", afirma Camile.
Segundo a Codesal, sete imóveis foram demolidos nas proximidades de onde ocorreu o desabamento. No total, 11 famílias foram cadastradas no setor social do órgão e recebem auxílio-moradia de R$ 300, pela Secretaria Municipal de Promoção Social e Combate à Pobreza (Semps).
As famílias também foram inscritas no programa Minha Casa, Minha Vida e, quando contempladas, terão o auxílio-moradia suspenso. Destas, sete famílias recebem auxílio emergência, cujo valor varia a depender da perda de imóveis e eletrodomésticos, de acordo com a Codesal. A Sedur se limitou a informar que realizou as cinco demolições indicadas pela Codesal.
A Codesal também informou que está prestando apoio e que todos que se sentirem inseguros podem contatar a Codesal pela central 199 e solicitar avaliação.
O sentimento de pertencimento e as memórias do local impedem que Márcia Jesus, 43 anos, se acostume com a ideia de se mudar do imóvel onde mora. Ela também foi notificada. "A prefeitura ainda não deu prazo, mas devemos deixar a casa. Quem recebe o auxílio-moradia está morando aqui no bairro mesmo. Não é fácil se desapegar", conta Márcia.
*Sob a supervisãoda editora Meire Oliveira
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