Morrer custa caro nos cemitérios privados de Salvador

Quem pensa que viver é caro, é porque, definitivamente, não sabe os custos envolvidos na passagem desta vida para uma melhor. Existe até tabela de planos e padrões pós-vida, que as funerárias oferecem para quem quer fazer a passagem em padrão de alto luxo. Entre as opções de pacote, estão desde os serviços funerários básicos - remoção do corpo, higienização, serviços em cartório e ornamentação do caixão - aos especiais, tais como traslados nacionais. Esses custos variam de R$ 1.500 a R$ 5 mil.

Na funerária Campo Santo, na Federação, o Plano de Assistência Funeral e Serviços Funerários, que abrange a família toda (filhos até 18 anos), custa R$ 35 por mês, segundo os proprietários Raimundo e Manuel Fernandes.

No estabelecimento, as urnas funerárias vão das populares, passam pelas intermediárias, e chegam aos modelos de luxo, super luxo e especiais. A diferença está no acabamento. Do lado de dentro, o ente querido poderá repousar em revestimento de cetim, com babado e sobrebabado em rendão. Um caixão assim pode custar até R$ 15 mil. Porém, há urnas para todos os gostos e bolsos, pois a mais barata custa R$ 400.

Paralelo aos preparativos, está a escolha do cemitério. Em Salvador, se a opção não for um dos públicos, os valores vão desde R$ 700 (Cemitérios das Irmandade Nossa Senhora da Conceição da Praia e da Associação Social Arquidiocesana) a R$ 6 mil (Jardim da Saudade).

Inaugurado em 2001, o Cemitério Parque Bosque da Paz segue o modelo cemitério parque ou jardim. O lugar faz menção à ideia que muitos fazem do paraíso. Área verde, flores, fonte de água e até música ambiente. Um verdadeiro convite ao descanso eterno. Toda a preparação, segundo o engenheiro e sócio do empreendimento, Lincon Bitterncoutt, foi pensada em uma forma de minimizar os efeitos dolorosos da morte para os que ficam.

A área de sepultamento é dividida em seis bosques, todos com nome de pássaros e flores. No Bosque Canários, por exemplo, não poderia deixar de ter flores na cor amarela. O empreendimento também oferece praça de meditação, lago com carpas japonesas, capela, e muitas outras particularidades.

Para ser enterrado em um lugar assim, por três anos (jazigo para locação), basta pagar a quantia de R$ 2.635. Caso queira adquirir o espaço para a eternidade (Jazigo Perpétuo), a quantia é de R$ 4.992 (individual) ou de R$ 7.700 a R$ 10.500 (duplo), a depender da localização. Há também uma taxa de manutenção anual de R$ 180. Quem optou pela locação, após passado o período, a família ainda pode adquirir um ossuário no valor de R$ 1.890.

No Jardim da Saudade, cemitério parque pouco mais antigo com seus 26 anos, o sepultamento por três anos custa R$ 6 mil, sem a gravação do nome do ente querido, que se tiver o nome muito comprido terá que pagar mais por isso. São R$ 6 por cada letra que for colocada na placa do jazigo. Quando a cova é dupla, o custo é de R$ 3.700 por usuário. Se a família quiser adquirir uma cova perpétua, basta desembolsar a quantia de R$ 15 mil.

O espaço ainda oferece a cremação como opção, que tem o valor de R$ 5 mil. O ossuário custa R$ 7 mil e a taxa de manutenção anual é de R$ 360. Apesar dos altos valores, os espaços são bem procurados. O Bosque da Paz realiza uma média de três sepultamentos por dia. Já o Jardim da Saudade registra uma média diária de oito sepultamentos e duas cremações.

Apesar do custo, a administradora do Jardim da Saudade, Gisselle Lôpo, garantiu que a procura é grande. “Nosso espaço é bastante procurado, devido à estrutura diferenciada. Além disso, o serviço de cremação ainda é único. O cliente que nós procura já sabe do valor e sabe da nossa ligação com o abrigo”, disse.

O Jardim da Saudade é responsável pelo sustento do “Abrigo do Salvador”, instituição sem fins lucrativos que presta assistência ao idoso. Atualmente, o abrigo cuida de 194 idosos. “Cerca de 70% da renda do cemitério é destinada ao abrigo. O restante é destinado ao pagamento dos funcionários e demais despesas do cemitério”. Nestes cemitérios, o pagamento pode ser feito por cartão e cheque.