SALVADOR
Movimento Hip Hop muda realidade do Bairro da Paz
Por Nelson Luis
Projetos que visam a incentivar a cultura e a cidadania vêm ganhando força na sociedade civil. É cada vez maior a participação da comunidade em movimentos sociais. A iniciativa de grupos que desenvolvem e organizam projetos mostra que a periferia também é um lugar de criatividade.
Na Organização Sócio-Educativa Cultural Hip-Hop Clã Periférico Família da Periferia não é diferente. O grupo que surgiu em 2000 tem mudado a dura realidade dos jovens e adolescentes da comunidade do Bairro da Paz. O projeto tem o objetivo de ajudar na articulação dos jovens com os movimentos sociais, promovendo a cidadania e a inclusão.
Formado basicamente por jovens, a organização usa a libertação do povo negro, o movimento hip-hop de superação ao racismo e a inclusão social como instrumentos de luta. A iniciativa começou como um espaço para troca de alternativas, experiências e informações relacionadas à cultura do hip-hop, afirma Tom Nascimento, de 31 anos, um dos líderes do Clã Periférico.
Para Tom, o projeto agrega, através da cultura hip-hop, várias iniciativas importantes que buscam a transformação social e fortalece movimentos sociais e culturais, tendo a educação e a informação como instrumentos de mudança social. Nós buscamos a cidadania através da cultura e da educação popular, ressalta.
O grupo leva para a comunidade atividades gratuitas como debates, palestras, oficinas, dança e grafitagem. A periferia precisa de instrumento. Ela é riquíssima, pois temos vários filósofos, vários arquitetos e cientistas, precisamos de muito incentivo, desabafa Tom, reafirmando que o hip-hop não é só música, mas um movimento político e social de resistência.
AÇÕES - O grafiteiro Fábio Silva Mota, de 20 anos, que faz parte do Grupo de rap Que Chorou e do Grupo "Grafita Salvador", lembra que o movimento hip-hop apenas retrata o que é a periferia. É na periferia que muitos projetos e iniciativas pelas mudanças culturais e sociais provam que não é só a violência que caracteriza essa região.
Fábio ressalta ainda a importância do trabalho de divulgação do movimento hip-hop em escolas, no intuito de levar a cultura de resistência para pessoas que não estejam engajadas. Através de seu potencial mobilizador, o movimento hip-hop oferece visibilidade a várias ações, avalia.
Outro idealizador do projeto, Carlos Augusto de Jesus, conhecido como Bagdá, de 25 anos, vê a periferia como fonte criativa, inspiradora e multiplicadora. O projeto para mim é como uma rede de amizades que busca trazer novas maneiras de produzir solidariedade, resistência e lutar por melhores condições sociais, salienta.
Bagdá diferencia o hip-hop de outras mobilizações culturais. "O hip-hop tem como protagonistas jovens da periferia que se expressam através da arte, da música ou da dança", explica.
Atualmente, cerca 60 pessoas trabalham com o Clã Periférico. Após seis anos de trabalho com o hip-hop dentro Bairro da Paz já temos muitos grupos formados. As pessoas se sentem atraídas por esse trabalho que realizamos na comunidade, ressalta Bagdá.
A Organização Sócio-Educativa Cultural Hip-Hop Clã Periférico Família da Periferia promove, até março de 2007, uma série de eventos a respeito da livre orientação sexual. As atividades acontecem na Praça das Decisões, final de linha do Bairro da Paz. Durante os encontros, são realizadas exibições de vídeos, apresentações, oficinas, palestras e debates.
Serviço
Organização Sócio-Educativa Cultural Hip-Hop Clã Periférico Família da Periferia
Email: [email protected]
Telefone: 71 9134-0674 / 8188-0183 / 3367-4220
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