SALVADOR
Mundial aquece clima de paquera em Salvador
Por Fabiana Mascarenhas

O significado da palavra 'fretar' no dicionário é: tomar a frete, alugar um veículo de transporte, uma embarcação; carregar, equipar. Isso no Aurélio. Na Bahia, fretar tem outro significado. É o mesmo que tomar ousadia, se insinuar, dar mole para alguém, paquerar, flertar.
E, embora alguns não gostem muito do termo ou prefiram usar a palavra 'flertar', a verdade é que, em tempos de Copa do Mundo, o que não falta é gente 'de frete' - ou, para os mais pudicos, 'de flerte"- pelas ruas de Salvador, onde o clima de paquera tem rolado solto.
E isso não só por conta dos baianos, considerados os doutores na arte de 'fretar'. Embora o verbo seja desconhecido para a maioria dos gringos, eles também têm dado uma verdadeira aula na prática do 'frete'. De acordo com as mulheres ouvidas pela reportagem, entre os campeões estão os argentinos.
Pegada
"Eles são os mais diretos e os que mais têm a pegada do brasileiro. Eu adoro", diz, cheia de malícia, a universitária Talita Bezerra, de 28 anos, que já ficou com um alemão, um espanhol e, claro, o tal argentino.
A informação é ratificada pela fisioterapeuta Paula Lopes Costa Pinto, 31 anos, que acabou conhecendo e 'ficando' com um argentino no último jogo do Brasil.
"Ele me paquerou. Fez amizade com as pessoas que estavam comigo e se aproximou, mas não rolou nada demais, apenas uns beijinhos", pontuou Paula, fazendo questão de deixar claro que é contra o sexo no primeiro encontro. "Não é o meu perfil. Acho delicado porque a gente não conhece a procedência da pessoa, né?", afirma.
Não é o que pensa a administradora Sônia Santana, de 38 anos. "Eu não sei a procedência da carne que comi hoje, meu bem! Sou maior de idade, vacinada e dona da minha vida. Se conheço um cara e tenho o desejo de transar com ele, que mal há nisso?", questiona.
Para o universitário Diogo Dias, 25, não há mal nenhum. O rapaz é, inclusive, usuário do aplicativo de paquera para o público GLS, Scruff, no qual os relacionamentos casuais são muito comuns.
"Gosto do aplicativo porque as pessoas tendem a ser mais diretas, mais objetivas. Se querem apenas sexo ou algo além disso, deixam claro. Não há rodeios", diz Diogo, fazendo questão de destacar que não tem utilizado o aplicativo nos últimos dias porque está iniciando um relacionamento sério.
O Scruff mostra os usuários online em âmbito global ou que estejam nas proximidades. A partir daí, é possível trocar mensagens com outras pessoas, adicionar as mais interessantes em uma lista de "favoritos" e compartilhar álbuns de fotos privadas.
"Os homens, de uma maneira geral, lidam melhor com essa questão do sexo casual. Somos criados para separar sexo de amor. Diferentemente das mulheres, que normalmente têm uma visão mais romântica do relacionamento", diz Diogo.
Um outro aplicativo que tem feito cada vez mais sucesso é o Tinder na Copa (tindernacopa.tumblr.com), que reúne os perfis do aplicativo de paquera dos gringos que estão no país por causa dos jogos mundiais.
Interesse
Mas há também os que dizem ter vindo interessados apenas em ver os jogos. É o caso do alemão Thomas Grosserichter. "Gosto das mulheres brasileiras. São muito bonitas, mas não estou no Brasil atrás de sexo. Vim para ver a Alemanha jogar contra Portugal", afirma.
Thomas estava feliz porque viu o seu país vencer o adversário por 4 a 0, mas diz ficar triste com a ideia de que todo turista busca sexo fácil no Brasil. "É a primeira vez que estou na Bahia, mas já estive em outros lugares do Brasil por quatro vezes. As mulheres daqui são lindas, mas esse país tem muitas outras coisas interessantes", considera o alemão.
A fisioterapeuta Mayara Duarte, 24 anos, também diz que não vai para os eventos, como a Fan Fest, caçar gringo, mas não está fechada para a paquera. "Estou aqui para me divertir. Se aparecer alguém interessante, ótimo. Senão, também não tem problema", afirma.
Apesar de os estrangeiros estarem na mira das mulheres baianas, há quem continue preferindo os brasileiros. "Não gosto de gringo. Eles não têm pegada. Gosto é de um negão e, de preferência, baiano. Eles, sim, sabem conquistar as mulheres", diz a enfermeira Emília Ariany, 47, que, até a última sexta-feira, ainda não havia saído do zero a zero. "Mas até o final da Copa esse placar vai mudar", brincou.
E, pelo clima visto na cidade, há muito mais gente por aqui disposta a lutar por esse desempate.
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