SALVADOR
Muriçocas atormentam moradores de Salvador
Por Luan Santos

O estudante Henrique Ribeiro, 21 anos, já não aguenta conviver com o barulhinho insuportável das muriçocas, que tomaram conta de sua casa, no bairro de Itapuã. "Eu não consigo mais dormir nem estudar. Quando estou em casa, tenho que ficar o tempo todo protegido pelo mosquiteiro", reclama. Assim como Henrique, muitos moradores da capital estão se queixando da proliferação de muriçocas, principalmente após as chuvas da última quarta-feira.
Em bairros como Boca do Rio, Itaigara e Garcia, locais que antes não eram frequentados pelo mosquito, as queixas têm sido frequentes desde o início do verão. A artista plástica Ana Luiza Dantas, 27 anos, moradora do bairro da Federação, tem um bebê, o pequeno Caetano, de apenas um mês, e enfrenta diariamente problemas com as muriçocas. "Tive que colocar ventilador de teto em todos os cômodos e coloco o mosquiteiro até quando ele está no carrinho", disse.
Fatores - Segundo o biólogo Artur Dias Lima, professor do Departamento de Ciências da Vida da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), o verão é o período do ano em que as muriçocas mais proliferam.
"A temperatura mais elevada ajuda a diminuir o ciclo de vida do mosquito fazendo com que ele atinga a fase adulta mais rapidamente", explica. Para se reproduzir, o mosquito precisa de água.
As chuvas, segundo ele, aceleram o metabolismo do pernilongo, que se reproduz mais rapidamente. "As áreas poluídas são grandes criadouros, porque os predadores naturais, como morcegos e peixes, não sobrevivem nestes locais devido à poluição e ao desmatamento", diz.
Segundo o biólogo, em outras épocas do ano, uma muriçoca leva cerca de 15 dias para chegar à fase adulta. No verão, este ciclo diminui para cerca de oito dias. Ele acrescenta que a limpeza de fontes hídricas e terrenos baldios ajudam a combater os criadouros do mosquito. A picada do inseto pode transmitir doenças como a elefantíase, caracterizada pelo inchaço de membros em proporções exorbitantes.
Os danos mais frequentes causados pelas picadas de muriçoca são os inchaços avermelhados e a coceira. De acordo com a dermatologista Ivonise Follador, quem tem alergia sofre ainda mais com as picadas. "A coçeira pode causar lesões cutâneas, que, por sua vez, podem ocasionar infecção na pele", afirma.
A utilização de ventiladores, mosquiteiros e telas, além do uso de repelentes, são medidas apontadas por Ivonise para evitar as picadas dos mosquitos. Em casos de complicações, um dermatologista deve ser consultado.
Combate - As secretarias estadual (Sesab) e municipal (SMS) da Saúde informaram que não realizam trabalho específico de combate a muriçocas. A ação é direcionada contra o mosquito da dengue. Segundo as secretarias, o trabalho de combate ao pernilongo é realizado a partir da limpeza de reservatórios hídricos, como canais e córregos, além da coleta de lixo.
De acordo com a Superintendência de Conservação e Obras Públicas de Salvador (Sucop), a autarquia realiza trabalho diário de limpeza de canais e córregos da capital. A Empresa de Limpeza Urbana do Salvador (Limpurb) informou que tem realizado a coleta de lixo regularmente em toda a cidade e que, diariamente, a coleta é realizada no bairro de Itapuã, um dos principais alvos de reclamação.
O fumacê, antes usado no combate ao pernilongo, é utilizado apenas em casos específicos de combate ao mosquito da dengue, como forma complementar às ações de combate ao Aedes aegypti.
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