SALVADOR
Museu abriga exposição para cegos no Pelourinho
Por Felipe Santana*
Cultura, acessibilidade e representatividade expressam o significado da exposição “Com outros olhos: uma experiência de aprendizagem e interatividade”, aberta no Museu da Misericórdia, no Pelourinho, até o dia 30 de maio.
A exposição faz parte da Semana Nacional de Museus, que acontece até o próximo dia 20, com entrada gratuita. Após este período, a mostra segue em cartaz com ingressos a partir de R$ 3.
Por meio de experiências sensoriais, os cegos poderão tocar em peças como a estátua do Marquês de Pombal e uma maquete do Museu da Misericórdia. A cada sensação, os visitantes se encantavam com o conhecimento adquirido durante a visita.
Em um passeio pelos corredores do Museu, o estudante do Centro de Apoio Pedagógico ao Deficiente Visual (CAP), Cristóvão Macedo, aproveitava para descobrir um pouco da história, que era contada por meio do toque. Segundo ele, a descoberta vai além das coisas que já conhecia.
“É preciso esclarecer para as pessoas como um deficiente visual conhece o mundo. Nós conhecemos pelas mãos. Nela temos o entendimento de forma, cor e lugar”, disse o estudante.
Equipamentos de tecnologia assistiva que proporcionam habilidades funcionais de pessoas com deficiência visual, livros em braile, áudio-livros e publicações específicas para pessoas com baixa visão, também, integram o acervo.
Na tarde desta quarta-feira, 16, ocorreu a roda de conversa “Nada sobre nós sem nós – Um relato de experiências”, que contou com a participação de profissionais baianos cegos abordando a inclusão socieducacional da pessoa com deficiência visual na cidade de Salvador.
Alguns das obras como a maquete, estarão disponíveis no museu permanentemente após o período da mostra. De acordo com a museóloga Osvaldina Cezar, foi realizado um levantamento com o objetivo de verificar os objetos que poderiam ser tocados.
Ela ainda informou que as colunas, painéis de azulejo e portas de almofada, também, podem ser percebidos pelo toque. “O nosso olhar nesse momento é voltado para eles e trazemos para o Museu elementos desse universo”, disse.
Para o diretor do CAP, Rivelto Carvalho, a exposição traz uma perspectiva para a sociedade compreender o universo da deficiência visual. “Acreditamos que a educação inclusiva encaminha para diversas vertentes. Com isso, oferecemos um manancial maior de nossos alunos. A associação com o Museu de Misericórdia foi muito importante, pois proporciona essa vivência”, disse o diretor.
Na próxima quinta-feira, das 9h às 12h, o Museu de Misericórdia será palco da Sexta Cultural, que reúne uma apresentação do coral do CAP, um bate-papo sobre acessibilidade e o lançamento do livro de poesias "Inclusão - Um Novo Olhar" de Célia Fernandes de Oliveira.
*Sob a supervisão da editora Meire Oliveira
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