SALVADOR
Nego Fugido é encenado no Museu de Arte Moderna
Por A Tarde On Line
Tudo começa com uma perseguição sem tréguas. Escravos de um lado, capitães do mato do outro. Os cativos são capturados e para ganhar de novo a liberdade, só pagando. A captura e compra da alforria de escravos, episódio comum na história da Bahia até o século XIX, foi encenada no Museu de Arte Moderna, na tarde desta sexta-feira, dia 19. O secular Solar do Unhão serviu de cenário para a apresentação do Nego Fugido, folguedo de mais de um século de existência, criado na comunidade de Acupe, distrito de Santo Amaro da Purificação Recôncavo baiano.
A apresentação do Nego Fugido, que não é encenado por nenhuma companhia profissional de atores, mas por moradores de Acupe, ocorreu dentro da programação da Univerão Universidade de Verão, iniciativa da Universidade Federal da Bahia (UFBa) para valorização da cultura popular. Além do Nego Fugido, o público assistiu ainda a um show do cantor e compositor santoamarense Roberto Mendes e demonstrações de samba de roda e da chula de Santo Amaro.
Anualmente, o Nego Fugido é apresentado nas ruas de Acupe. Durante todo o ano, a comunidade prepara as fantasias, confeccionadas com folhas. Na hora da apresentação, além das saias de folhas, muito carvão é passado no rosto e os lábios são pintados de vermelho. Chapéus de vaqueiro, coletes de couro e espingardas de pressão completam a indumentária dos capitães do mato.
Os personagens de Nego Fugido revivem o ideal de liberdade almejado pelos africanos escravizados no Brasil. A encenação traduz a versão dos moradores de Acupe para a libertação dos escravos: uma conquista dos negros, que desde o século XVI, quando o primeiro navio negreiro aportou na Bahia, lutaram pela reconquista do direito à liberdade, seja através da fuga em massa e fundação de quilombos ou mesmo na organização de levantes, como o dos Malês, em 1835.
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