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OAB-BA aprova paridade de gênero e cotas raciais na lista sêxtupla

Norma já valerá para a votação do quinto deste ano e foi proposta pela diretoria da OAB-BA

Publicado sexta-feira, 15 de julho de 2022 às 19:49 h | Autor: Da Redação
Aprovada, a resolução estabelece que 50% dos candidatos devem ser mulheres e 30% devem ser advogadas e advogados negros
Aprovada, a resolução estabelece que 50% dos candidatos devem ser mulheres e 30% devem ser advogadas e advogados negros -

Nesta sexta-feira, 15, em uma sessão excepcional histórica o Conselho Pleno da OAB-BA aprovou por unanimidade a resolução que estabelece paridade de gênero e equidade racial na formação da lista sêxtupla do quinto constitucional da advocacia para o TJ-BA. Daniela Borges, presidente da seccional, assinou nesta sexta a norma e já valerá para a eleição que acontecerá este ano e foi uma proposta da diretoria da OAB-BA.

Aprovada, a resolução estabelece que 50% dos candidatos devem ser mulheres e 30% devem ser advogadas e advogados negros. Além de que, o texto regulamenta como o processo de escolha como um todo deve acontecer, estipulando horário, modo de votação e apuração, as regras para que o advogado esteja apto a votar, dentre outros pontos.

De acordo com a regra, caso a consulta à classe não resulte em uma lista que atenda os pré-requisitos raciais e de gênero presentes na resolução, o presidente da Comissão Especial Temporária para o Quinto Constitucional, grupo que será nomeado pela Diretoria do Conselho Seccional, propagando uma lista que desconsiderará parcialmente a ordem de votação, de forma que possam figurar na relação os candidatos mais bem votados por gênero e que permita que ao menos dois candidatos negros estejam entre os seis escolhidos.

Constituíram a mesa alta da sessão do Conselho a presidente da OAB-BA, Daniela Borges; a vice-presidente da OAB-BA, Christianne Gurgel; a secretária-geral da OAB-BA, Esmeralda Oliveira; o secretário-geral adjunto da seccional, Ubirajara Ávila; o diretor tesoureiro da seccional, Hermes Hilarião; os conselheiros federais, Luís Viana, Fabricio Castro, Sílvia Cerqueira, Luiz Coutinho e Mariana Oliveira e o presidente da CAAB, Maurício Leahy.

A sessão se deu inicio com o voto da relatora da resolução, conselheira seccional e presidente da ESA, Thaís Bandeira, que encaminhou a aprovação da matéria. “A paridade de gênero e a equidade racional são representações da democracia a se perseguir e efetivar para alcançar o pluralismo dessas presenças nos espaços decisórios”, pontuou a relatora na leitura do seu voto.

A secretária-geral da OAB-BA, Esmeralda Oliveira, relatou muito emocionada a sua trajetória histórica de militância, bem como a da advocacia negra. “Eu estou muito feliz. De verdade. Porque eu sinto isso na pela. Isso foi muito discutido. Nós tivemos grandes contribuições da advocacia negra para que isso acontecesse. E nós só conseguimos porque nos unimos”, discursou a secretária em uma fala que foi aplaudida de pé por todos os presentes no momento.

Daniela Borges, presidente da seccional, fez um discurso muito forte destacando o pioneirismo da OAB-BA na discussão dos temas da igualdade de gênero e racial. “Nós somos de um estado de grandes lideranças pretas. Homens e mulheres pretos que fizeram história no nosso estado e na nossa advocacia.  A OAB da Bahia não segue ao sabor dos ventos. A OAB da Bahia é farol. E farol aqui na Bahia e no Brasil”, reafirmou a presidente.

Christianne Gurgel, vice-presidente da instituição, realçou a importância social e histórica da decisão tomada pelo conselho. “Temos em vista a minha trajetória na defesa dos Direitos Humanos, não só na militância, na academia, mas na própria advocacia, eu faço essa fala emocionada por todas e todos nós aqui estarmos fazendo história. História dos Direitos Humanos. História não só de liberdade, mas de igualdade”, afirmou.

Presidente da Comissão Especial de Promoção da Igualdade Racial da OAB-BA, Camila Carneiro considerou a aprovação da medida uma conquista coletiva da advocacia.

“Obtivemos uma grande vitória para a advocacia baiana, que é vanguarda na defesa intransigente do Estado Democrático de Direito e da Justiça social. É uma vitória não apenas das mulheres e dos advogados e advogadas negras da Bahia, é uma vitória para a advocacia baiana como um todo”, declarou o presidente.

Fabrício Castro, conselheiro federal, parabenizou a seccional pela decisão: “O bonde da história só tem um caminho, que é pra frente, avante! A OAB da Bahia está de parabéns por essa decisão de vanguarda que vai produzir mais justiça social”, declarou.

Luiz Viana Queiroz, também conselheiro federal, comemorou a aprovação. “Comemoro hoje a decisão da OAB da Bahia de implantar políticas afirmativas contra a discriminação de mulheres e de negros e negras. Continuamos no caminho certo, construímos uma OAB mais inclusiva”, elogiou o ex-presidente da OAB-BA. Ainda em 2013, Viana liderou a mudança no processo de formação da lista sêxtupla, que passou a ser escolhida por consulta direta à advocacia e foi personagem de extrema importância na defesa que a OAB fez no STF das cotas raciais nas universidades públicas, na ação que decidiu pela sua constitucionalidade.

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