SALVADOR
Palácio Arquiepiscopal atrasará obra após perder patrocínio
Por Yuri Silva

As obras de restauração do Palácio Arquiepiscopal da Sé, localizado no Centro Histórico, estão ameaçadas de serem paralisadas, caso a Arquidiocese de Salvador não consiga um novo patrocinador para as intervenções.
O banco Itaú, que financiaria metade dos R$ 18 milhões necessários para a conclusão dos serviços, deixou o projeto, alegando que a crise econômica exigia cortes em projetos culturais.
Os outros 50% do valor, que viriam do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), também estão emperrados, de acordo com informações do próprio arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, dom Murilo Krieger.
Ele explica que, contratualmente, a liberação do valor pelo banco estatal depende de uma contrapartida financeira da Arquidiocese - o que, com o recuo do Itaú, ficou inviável.
Captação
Agora, dom Murilo tenta sensibilizar os governos estadual e municipal a negociar com empresas da iniciativa privada um possível aporte no projeto, para que a requalificação continue.
De acordo com o arquiteto Márcio Campos, que responde pelas obras em nome do Instituto para o Desenvolvimento Humano, R$ 4 milhões já foram gastos com a reforma, sendo R$ 2,5 milhões do BNDES e R$ 1,5 milhão do banco Itaú.
Campos garante que 60% das obras estruturais e de restaurações artísticas estão prontas e promete a entrega do Palácio Arquiepiscopal para julho deste ano, como foi previsto inicialmente.
No entanto, de acordo com o arcebispo dom Murilo Krieger, isso só acontecerá caso os problemas financeiros se resolvam. "Entrando dinheiro, acabamos em quatro meses", afirma o líder da Igreja Católica na capital de Todos-os-Santos.
Andamento
Até esta quinta-feira, 3, já haviam sido finalizadas a colocação do novo telhado de alumínio e cerâmica, a troca dos pisos de madeira, a recuperação dos forros, a instalação hidráulica e de esgotamento, além da restauração das esquadrias e janelas.
Pinturas parietais (feitas na parede) do período neo-clássico ainda estão em processo de restauração, sob a responsabilidade da professora aposentada da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Ana Maria Villar, respeitada restauradora que coordena também a recuperação dos documentos da Cúria guardados na Universidade Católica (UCSal).
Segundo a especialista, uma estudo foi feito para descobrir quais pinturas antigas estavam cobertas pela demão de tinta branca que foi aplicada no edifício.
Após esse processo, detalha ela, um trabalho de raspagem da tinta visível e de recuperação das pinturas antigas que foram encontradas está sendo realizado.
"Sabemos que pode ter quatro ou cinco camadas de pinturas diferentes, mas escolhemos essa do século XIX, porque é a que está em melhor estado. Não dava para perder essa também", explicou Ana Maria Villar.
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