Parecer é favorável ao tombamento do Sulacap
![Prédio do estilo art déco completa, este ano, 70 anos](https://cdn.atarde.com.br/img/2016/12/1200x0/2016124103253883-ScaleDownProportional.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.atarde.com.br%2Fimg%2F2016%2F12%2F2016124103253883.jpg%3Fxid%3D4086754%26resize%3D1000%252C500%26t%3D1717871272&xid=4086754)
As formas arredondadas e a localização – entre a avenida Sete de Setembro e a rua Carlos Gomes, no Centro –, conferiram ao edifício Sulacap uma perspectiva de encontro entre o clássico e o moderno, o continente e a baía, o folião e o trio.
Ícone da arquitetura art déco – movimento artístico europeu– , a edificação está a um passo de promover, também, um encontro entre o passado e o futuro: de acordo com representantes do Conselho Estadual de Cultura (CEC), a construção deverá ser contemplada com o título de Patrimônio Cultural da Bahia ainda este ano, quando o prédio completa 70 anos.
Amanhã, o parecer favorável ao tombamento definitivo, elaborado pelo CEC, será encaminhado ao secretário de cultura Jorge Portugal. Em seguida, será encaminhado para o governador Rui Costa apreciar.
Ao ser assinado pelo governador, o Sulacap terá o valor histórico reconhecido de forma definitiva pelo estado e passa a ser prioridade nas linhas públicas de financiamento.
Dessa forma, o CEC e o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) pretendem preservar as características originais do prédio, que conta com 121 salas, e recuperar as estruturas modificadas ou que sofreram degradação.
Autora do parecer para tombamento definitivo, a conselheira do CEC, Nide Nobre, afirma que a preservação do espaço se faz urgente. "O prédio recebeu um tombamento provisório em 2008. No entanto, esse título é precário. É preciso que o prédio, marco da edificação moderna e singular, seja salvaguardado de fato. Nosso estado tem uma dívida com esse patrimônio", explicou.
A arquiteta do Ipac, Lígia Larcher, ressalta a importância da preservação da estrutura original do prédio para coibir o processo de descaracterização, que, pouco a pouco, interfere na originalidade da construção.
"Com o passar do tempo, o Sulacap ganhou placas e gradis que descaracterizam muito a estrutura original, sua estética e monumentalidade. Ele preserva a riqueza da arquitetura da década de 40, com linhas sóbrias e elegantes, que parecem dialogar com o movimento dos automóveis", afirmou.
De acordo com a arquiteta, assim que receber oficialmente o título de Patrimônio Cultural, o prédio pode ser inscrito em editais para obter recursos para projetos, obras e restaurações. Em 2016, os editais do Estado reuniram R$ 30 milhões do Fundo de Cultura.
Valorização
Para a presidente da Câmara de Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Natural da CEC, Ana Vaneska, o tombamento do imóvel pode representar a valorização do imóvel. Segundo ela, o tombamento provisório gera certa "instabilidade" entre condôminos e interessados em comprar ou alugar os espaços do prédio.
"O CEC constatou que cerca de 37% das salas do Sulacap estão sem funcionamento atualmente. Muitos dos condôminos acabaram pro desistir dos espaços por causa desse clima de instabilidade do processo. Assim que o tombamento for definitivo, o interesse pelo edifício vai aumentar".