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SALVADOR

Pilar: Bairro guarda histórias de uma velha Salvador

Por Henrique Mendes

11/12/2012 - 21:07 h | Atualizada em 11/12/2012 - 23:06
Bairro - Pilar
Bairro - Pilar -

Entre as regiões de Água de Meninos e o Comércio, sob a iluminação do Santo Antônio Além do Carmo, uma localidade escondida da maioria dos soteropolitanos carrega em suas ruas os traços de um enredo atemporal. Batizado com o nome da Padroeira da Espanha, enquanto a Bahia esteve sob o domínio dos grandes colonizadores, o pouco conhecido bairro do Pilar inspira uma dicotomia provocante. Ao mesmo tempo que desperta uma sensação de tranquilidade, equiparada aos nostálgicos anos de paz das cidades do interior, também provoca inquietações históricas em seus trajetos culturais.

Para um curioso imediatista, chegar à localidade talvez não seja uma das tarefas mais fáceis. Ao contrário do que possa parecer, os obstáculos não estão nos trajetos de acesso, facilmente percorridos por quem conhece a região do Comércio. A dificuldade, potencialmente encontrada pelos desavisados, está em encontrar alguém que não replique dúvidas de localização com perguntas ainda mais angustiantes: "E esse bairro existe? Tem certeza que é aqui em Salvador?".

Para os que conhecem a região, mas se comportam como céticos, vale destacar que o Pilar não é apenas uma rua, ladeira ou braço do Comércio. A localidade é designada como bairro pela Prefeitura de Salvador. Inclusive, trata-se do lugar em que nasceu o poeta Arthur de Salles, autor do célebre Hino ao Senhor do Bonfim.

Tranquilidade - Cláudio Neres de Souza, 36, técnico de manutenção do Plano Inclinado do Pilar, que liga a localidade ao Santo Antônio Além do Carmo, já não se espanta com tamanho desconhecimento. "Está vendo este Plano conservado? Como você acha que estaria se fosse um bairro muito visitado? Há quem pense que este local não existe. Ainda bem", brincou o técnico de manutenção, revelando que esta falta de conhecimento garante o sossego dos moradores.

De fato, a calmaria é uma característica quase endêmica do bairro. Tamanho silêncio pode provocar medo entre aqueles que vivem sob a retaguarda da violência. Em 40 dedicados à venda de cafezinhos, cervejas, cachaças e petiscos, em uma das pequenas vendas da localidade, a comerciante Elizabeth Maria de Jesus, 64, narra como esta tranquilidade de décadas mantém-se preservada. "Aqui, ninguém nunca buliu (sic!) comigo. Pilar nunca foi um bairro violento. A única coisa de que sinto falta, após tantos anos de comércio e moradia, são das amizades que criei. Muita gente já se foi", conta, com saudades.

Outros moradores da região reforçam que o bairro pouco mudou ao longo das últimas décadas. "Mudaram os perfis de algumas residências, alguns prédios foram construídos, mas a essência é a mesma. Pilar continua sendo um bairro tranquilo e altamente cultural", destacou o radialista aposentado Hélio Pessoa, 69, que mora na região desde o nascimento.

Efervescência Cultural - Conhecido por uma calmaria popular, o bairro inspira em suas ruas uma efervescência cultural. A começar pela igreja que dá nome à localidade: Nossa Senhora do Pilar. O templo religioso foi construído no século XVIII, por uma comunidade espanhola que morava em Salvador. Essa interposição religiosa, que indica resquícios de uma cultura de dominação, foi ressignificada quando a igreja passou a abrigar a estátua de Santa Luzia, no final do século 19.

A sua popularidade é tão grande que a Igreja de Nossa Senhora do Pilar é confundida como a Igreja de Santa Luzia. Na próxima quinta-feira, 13, por exemplo, o local irá abrigar a anual festa religiosa e popular em homenagem à Santa, conhecida como Protetora dos Olhos, no sincretismo religioso denominada Oxum Apará (uma mistura de Iansã com Oxum).

Sob o risco de desabamento, característica de diversos prédios da localidade, a Igreja do Pilar ficou fechada durante 17 anos, sendo reaberta em abril deste ano após uma completa revitalização. Do mesmo modo, o espaço cultural Trapiche Barnabé, datado do século XVIII, também está sendo reformado.

Tombada desde 1938 como Monumento Nacional pelo Iphan/MinC, o complexo arquitetônico do bairro do Pilar foi construído em meados do século 17, na base da falha geológica de cerca de 70 metros de altura que divide as cidades Alta e Baixa. Em suas composições, os prédios e ruínas apresentam elementos do barroco, rococó e neoclássico.

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