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SALVADOR

Praticante de racha desafia perigo nas ruas de Salvador

Por Saymon Nascimento, do A Tarde On Line

29/01/2008 - 22:26 h | Atualizada em 29/01/2008 - 22:45

João Silva* tem 28 anos, corre pelas ruas de Salvador desde os 16 e diz que os pegas na cidade já acontecem há gerações. "Meu preparador têm fotos bastante antigas de carros correndo na BR-324, ainda em preto e branco", revela.

O preparador a que João se refere é uma espécie de técnico do carro. O motorista - ou piloto - avalia com o especialista como o carro pode melhorar sua performance, quais as peças e acessórios necessários para ganhar potência e qual o acerto do motor que deixa o veículo mais veloz.

"Quem está de fora não tem noção da organização deste submundo. Aqui tem gente que ganha muito e gente que ganha muito pouco, mas que gasta todo o salário com equipamento". João ganha 1,8 mil por mês, e, desse total, diz que reserva 1,2 mil somente para o carro - que já teve o motor estourado três vezes e fez o dono torrar R$ 15 mil nos reparos.

O carro na garagem de João já está vendido, mas o dinheiro já tem destino certo: um novo automóvel. "Vendi para conseguir economizar e comprar um novo. Se não vendesse, gastaria o dinheiro todo com o carro velho".

Por causa do "hábito", João já foi detido pela polícia. Levado à delegacia, disse para a delegada que não estava correndo. "Se eu tivesse correndo, eles não me pegavam. Sabe... não tem como a polícia pegar. A maioria dos meninos de 16 anos já é muito bom de volante; a polícia não alcança. Toda vez que vejo um coronel, tenho vontade de perguntar se eles não querem que eu ensine os motoristas da polícia. Eles são muito ruins!", desdenha.

No mundo do racha, o principal anseio é a construção de um autódromo. "Você passa pela cidade e vê o número de carros rebaixados. Se você tem um carro preparado e não tem onde acelerar, vai para a rua. Um autódromo seria o ideal. Um dia por semana, ele seria aberto ao público. Quem quiser correr assina um termo de responsabilidade, e o número de vítimas nas ruas poderia diminuir bastante", acredita.

João vai às terças, quintas e domingos aos principais pontos de racha da cidade - Avenida Tancredo Neves, Postos 2 e 3 da Paralela e as proximidades do Condomínio Encontro das Águas, na Estrada do Coco. "Tenho noção de que é perigoso para mim e para os outros, mas eu me considero um esportista. Minha mãe e meu pai sempre souberam".

No ano passado, a fidelidade de João ao mundo dos carros foi abalada. "Vi um conhecido morrer num racha no Itaigara. Fui ao enterro, vi a mãe dele chorando. Foi muito triste, porque era ela que dava o dinheiro que ele usava para comprar equipamento. Fiquei pensando que poderia ser a minha mãe ali". Apesar do susto e dos riscos, João, que ainda não sofreu nenhum acidente, diz que não pensa em parar de correr pelas ruas da cidade.

*O nome foi mudado a pedido do entrevistado

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