SALVADOR
Professor da UFBA é acusado de assédio sexual e alunos pedem expulsão
Paulo Dourado ministra a disciplina História do Teatro no Brasil e na Bahia
Por Bernardo Rego
O professor Paulo Dourado, do curso de Teatro da Universidade Federal da Bahia (UFBA), é alvo de denúncias de assédio sexual e moral contra alunos da instituição. Discentes fizeram um protesto, nesta quinta-feira, 18, enquanto acontecia uma aula ministrada pelo referido professor. Ele leciona as disciplinas História do Teatro no Brasil e na Bahia e Laboratório de Criação Cênica.
Em imagens gravadas por alunos é possível ver cartazes sendo exibidos com palavras de ordem pedindo a exoneração do docente, bem como o acusando dos referidos crimes. Durante entrevista concedida à Record Bahia, o diretor da Escola de Teatro, Luiz Cláudio Cajaíba, relatou que o professor já foi afastado da disciplinas em que dá aulas para que outro possa assumir o posto. Ele disse ainda que os estudantes vão fazer uma nova denúncia na corregedoria da universidade onde novas apurações possam ser feitas e até mesmo seja instaurado um Processo Administrativo Disciplinar (PAD).
Ao Portal A TARDE, a estudante Louise Ferreira, que é coordenadora geral do Departamento Acadêmico de Teatro e integra o Movimento Correnteza, contou a respeito do ato ocorrido nesta quinta-feira, bem como acusações que pesam contra o acusado.
Segundo ela, o professor vem cometendo esse tipo de crime há muitas décadas, além do proferir falas racistas, homofóbicas e transfóbicas. Ainda de acordo com Ferreiras, diversos estudantes já vivenciaram esse tipo de situação com o professor Paulo Dourado. "Além do movimento Correnteza e do DAETUFBA, o movimento de mulheres Olga Benário e o Centro Acadêmico do Bacharelado Interdisciplinar de Humanidades fortaleceram a luta no movimento desta quinta-feira", contou Louise. A estudante acrescentou que já foi protocolado um Boletim de Ocorrência contra o docente.
Um outro estudante, que preferiu não ser identificado, mas que cursa o Bacharelado Interdisciplinar de Humanidades, contou ao Portal A Tarde que sente fortalecido pela luta dos seus colegas de poder denunciar um professor que já vem cometendo atos delituosos há muitos anos e, segundo ele, já foi uma vitória o docente ter sido afastado das disciplinas. Ele disse ainda que os estudantes vão à Justiça até que o professor seja exonerado da instituição de ensino.
Por meio de nota, a UFBA diz que foi informada sobre o protesto de estudantes da Escola de Teatro e já está tomando todas as providências cabíveis, conforme as normas institucionais de combate às violências. A Ouvidoria da UFBA está voltada ao atendimento dos/as estudantes que realizaram manifestações, buscando, com a participação da direção da Unidade em questão, as mediações necessárias para garantir, respectivamente, o acesso aos direitos sociais de discentes e docentes, assim como o esclarecimento total das circunstâncias que levaram à manifestação.
Ainda na nota a UFBA reafirma o compromisso com o pluralismo de ideias, com a promoção de valores democráticos e do respeito à diversidade e combate a todas as formas de manifestação de violência e discriminação, valorizando o diálogo e a transparência como pilares fundamentais para convivência universitária necessária ao desenvolvimento do ensino, pesquisa e extensão na Comunidade UFBA.
"Nesse sentido, a Instituição tem construído estratégias elementares para a promoção de uma cultura consubstanciada no tributo aos direitos humanos, tal como a inauguração da Câmara Permanente de Enfrentamento, Prevenção e Acolhimento às Situações de Assédio e todas as formas de discriminação na UFBA que tem o objetivo de atender qualquer realidade e fatos, de acordo com os princípios e valores de uma educação emancipadora que é a missão da Universidade Federal da Bahia", concluiu o comunicado oficial.
Outro lado
O professor emitiu uma nota de repúdio onde se mostra indignado com a manifestação dos estudantes e afirma que as acusações são infundadas.
Venho repudiar com indignação os termos da manifestação estudantil ocorrida hoje na UFBA - Campus de Ondina – em que fui acusado de ser “assediador” sexual e moral de alunos e alunas dos cursos de Teatro onde atuo desde 1980. Essa acusação, totalmente infundada, data de 2021 ou 22, i.e. do período da pandemia, em que todas as aulas ocorriam através de meios virtuais (internet) o que já demonstra o seu caráter fantasioso e despropositado. Além disso essa denúncia foi objeto de inquérito promovido pelo Dept° de Correição da UFBA, inquérito que foi EXTINTO e arquivado em março de 2022. Para a minha surpresa (e de muitos membros da classe artística da Bahia, de quem recebi manifestações de solidariedade) além de “assediador”, hoje, fui ainda acusado de “racismo e homofobia”, o que contradiz, sob qualquer ponto de vista, os meus 50 anos de atuação no campo das artes cênicas e do audiovisual. Também devo lamentar a truculência e agressividade dos “manifestantes” que invadiram minha sala de aula e gritaram termos ofensivos, xingamentos e ofensas pessoais, além de bateram os moveis da sala durante mais de duas horas, sem me dar nenhuma oportunidade de fala, ou permitir que eu me manifestasse para tentar explicar ou ao menos discutir essa situação. Essa atitude de total desrespeito a qualquer fundamento de justiça e democracia, demonstra ainda grosseira desconsideração pela diversidade e pluralidade de visões - valores elementares da vida acadêmica em qualquer país do mundo.
Assista:
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes