Psicanalista defende segunda vida como brincadeira lúdica

A psicanalista Claudia Mascarenhas acha que o adulto deve se utilizar de algo lúdico na vida. Ela não condena um programa de computador como o SL. “A vida está muito pesada e difícil; as pessoas, insatisfeitas. É aí que fazemos como as crianças, vamos brincar para aliviar”, disse. “Numa leitura mais profunda, só é preciso tomar cuidado para não viciar e transformar aquilo como a única maneira de se relacionar.”



Claudia ainda não conhece o programa. “De imediato, me lembrei de um brinquedo que meu filho tem. É fundamental ter humor na vida. Inicialmente, vejo uma certa necessidade de brincar. É minha primeira leitura, leve e otimista”, afirmou.



“O Second Life é um lugar onde se é permitido um adulto brincar. Agora, numa leitura mais aprofundada, seria a possibilidade de a pessoa projetar algumas realizações que estão sendo impedidas ou que nunca foram conseguidas na realidade delas. É o que as crianças também fazem na brincadeira, como pai e como mãe, por exemplo.”



Segundo a psicanalista, as pessoas procuram uma outra realidade, que não a delas, tanto para o que idealizam quanto para o que não suportam e usam isso como uma forma de entender a situação e até mesmo encontrar uma saída. “Pode ser que a pessoa descubra algo ali que vá mudar sua vida. Não é uma coisa necessariamente ruim porque pode ajudar a pessoa”, analisa.



“A pessoa só não pode achar que aquilo vai resolver sua vida. Pode ajudar, aliviar, dar alguma condição de elaboração que a pessoa não está tendo. Às vezes, a vida dela está tão ruim e sem graça que ela precisa encontrar graça em alguma coisa”, alerta Claudia.



Mas também tem o lado ruim. “No momento em que a pessoa começa a restringir mais ainda sua vida para ficar só nisso, complica. Se isso virar uma substituição, que é diferente de uma projeção, aí complica bastante. Ela pode ter dificuldades para sair, pode ter prejuízos”, afirmou. “Mas também ninguém pode culpar a internet ou o programa por nada. O problema está na pessoa.”