SALVADOR
Rios e canais de Salvador acumulam lixo
Por Yuri Silva e Priscila Machado

Nos rios e córregos que cortam Salvador praticamente todo tipo de objeto pode ser encontrado. Só de 2014 até junho deste ano, a Secretaria Municipal de Manutenção (Seman) retirou cerca de 90 toneladas de lixo dos cursos de água da cidade. Eram pneus, camas, guarda-roupas, colchões, vasos sanitários, janelas, entulho etc.
Na Av. Tancredo Neves, área comercial estratégica, no Caminho das Árvores, o rio Camarajipe, um dos principais da capital baiana, é exemplo desta poluição em rios, córregos e canais.
O descarte de lixo e o despejo de esgoto nos seus quase 36 km de extensão são os fatores responsáveis pela degradação. No trecho do rio que fica aos fundos da loja Tend Tudo não é raro ver sacos de lixo, entulho, materiais de construção e manchas de tinta na água.
Segundo a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), todos os dias 600 kg de lixo são retirados do trecho do Camarajipe defronte à Estação Iguatemi e levados para o Aterro Sanitário Metropolitano, na divisa de Salvador com o município de Simões Filho.
No local, grades foram instaladas para reter os detritos, sem impedir fluxo das águas. "É uma função da prefeitura limpar os rios da cidade, mas estamos fazendo isso porque, senão, nosso sistema de tratamento de esgoto, para onde também vai o fluxo do rio, entope", explica Júlio Mota, superintendente de esgotamento sanitário da Embasa na Grande Salvador.
Plano de limpeza
Segundo a Seman, um plano de ação para limpar e desobstruir 98 rios, canais e córregos da capital baiana foi montado em 2013 e está em execução desde lá. O órgão prevê a conclusão total da limpeza no segundo semestre deste ano. Até o primeiro semestre, de acordo com o documento, 77 ações já foram concluídas e outras 20 estão previstas para acontecer até dezembro.
A relação aponta ainda que 1 km do rio Saboeiro, localizado em Narandiba, foi limpo na primeira parte deste ano. As margens do fluxo de água, que nasce entre os bairros do Cabula VII e Tancredo Neves, está ocupada, sem nenhum planejamento urbano.
Santa Mônica
Hoje, os moradores da travessa Santa Mônica, uma das que são cortadas pelo rio do bairro, reclamam do mau cheiro, alagamento, doenças e riscos de acidente. "Eu moro aqui há 36 anos e nunca vi melhora", afirma o pedreiro Edson Santos, 48 anos. "Os políticos vêm, prometem que vão tapar e limpar o rio, mas somem quando conseguem nosso voto".
Segundo ele, ratos passeiam pelas casas. Muriçoca e mosquitos também são frequentes. "Meu filho tinha problema respiratório e vários vizinhos aqui já tiveram dengue e zika", lamenta o pedreiro.
O problema, porém, vai além. As casas construídas à beira do rio não contam com rede de esgoto. Os detritos são despejados diretamente no córrego, por tubulações externas.
Prejuízos
Parte do fluxo foi coberta com concreto, pela vizinhança, porém a travessa está em região de vale. Quando chove, a água atinge mais de um metro, segundo os moradores. "Eu já perdi tudo: guarda-roupas, estante, sofá...", listou a diarista Irene Silva de Oliveira, 44.
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