SALVADOR
Roda dos enjeitados evitava que crianças fossem jogadas na rua
Por Daniela Castro, do A TARDE On Line
A “roda dos enjeitados”, criada na França em 1188 pelo papa Inocêncio III, funcionava como forma de diminuir o índice de recém-nascidos que eram encontrados mortos às margens do rio Tibre. Instalados nas portas de igrejas e conventos, cilindros de madeira giratórios serviam para que mães deixassem seus filhos em mãos seguras, sem ser identificadas.
Ao colocar os bebês no cilindro, elas tocavam uma campainha que avisava freiras e padres de que ali estava uma criança abandonada. Naquele país, o mecanismo teve usuários ilustres, como o filósofo francês Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), que entregou à igreja os cinco filhos que teve com a serviçal Thérèse le Vasseur.
A Itália foi uma das primeiras a seguir o exemplo. No fim do século XIX, o Hospital Santo Spirito, próximo ao Vaticano, um dos primeiros a dispor da “roda”, chegou a receber cerca de três mil bebês abandonados por ano. Sobrenomes comuns de famílias italianas teriam origem na "roda dos enjeitados". Entre eles, Esposito, que vem de "exposto" e Innocenti (alusão à inocência infantil).
No Brasil e em Portugal, o cilindro de madeira era mais conhecido como "roda dos expostos" e funcionou até meados do século passado, sobretudo nas Santas Casas de Misericórdia do Rio de Janeiro e de São Paulo.
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