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SALVADOR

Salvador cresce desordenada

Por JORNAL A TARDE

28/03/2006 - 0:00 h

  • Galeria de fotos: Salvador ontem e hoje
  • Galeria de fotos: imagens antigas de Salvador
  • Trânsito caótico e transporte ineficiente
    Andreia Santana e Tássia Novaes do A Tarde On Line Quando desembarcou na capitania da Bahia, Thomé de Souza trouxe a planta detalhada para construir a sede do governo-geral do Brasil. Quatrocentos e cinqüenta e sete anos depois, Salvador cresceu sem planejamento urbano e extrapolou os limites para além da BR-324 e do litoral Norte. A cidade original, de pouco menos de mil habitantes, possui agora 2,7 milhões de moradores, dos quais, um percentual significativo ainda vive em condições quase tão insalubres quanto aquelas enfrentadas no século XVI. Em pelo menos 23,3% dos domicílios da cidade falta esgotamento sanitário, lembra o engenheiro Giesi Nascimento, chefe de gabinete do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea-BA). Cerca de 76% da população da terceira maior capital do Brasil, mora na periferia ou nas chamadas habitações informais (favelas e invasões), aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As marcas da falta de planejamento urbano são visíveis para qualquer pessoa que caminhe com um olhar mais atento pelas ruas da cidade. A Salvador do século XXI enfrenta problemas com drenagem, habitação, infra-estrutura e sistema de transporte, que é ineficiente para atender o tamanho da população. Titular da disciplina Planejamento Urbano na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia (UFBa), instituição que também dirige, o professor e urbanista Heliodoro Sampaio diz que a capital baiana, como todas as grandes cidades dos países subdesenvolvidos, possui contradições físicas, sociais e econômicas. “Salvador sempre conviveu com essa dicotomia entre áreas modernas e outras com pouco desenvolvimento. Com o crescimento da cidade, mesmo nos locais com boa infra-estrutura é possível encontrar espaços degradados. O grande problema é que na cidade se pensa muito em recuperar e restaurar, mas depois não se faz manutenção de nada”, explica. Desde que veio morar em Salvador, na década de 60, notou que a orla marítima da cidade já passou por três reformas e a praça da Sé teve quatro versões diferentes. “Cada governo que entra se preocupa em reformar ou erguer obras novas, mas não existe um programa de manutenção preventiva dos equipamentos. A Fonte Nova é outro espaço corroído pelo tempo, que está virando um elefante branco pela falta de cuidado.” Não é preciso pensar em construções como o estádio da Fonte Nova, estruturas mais simples como as calçadas públicas da cidade mostram a falta de cuidado do poder público e da população. Acostumado a varrer três quilômetros de ruas e calçadas diariamente, o gari Evandro Santos Almeida, 33, conta que encontra muitos passeios danificados em Salvador: “É difícil limpar, as pedras estão soltas no passeio que vai do Vale de Nazaré em direção à Fonte Nova”, reclama. A estudante Cíntia de Jesus, 16, aluna do Colégio da Fonte Nova e moradora de Nazaré, concorda com o gari. A adolescente, que passa diariamente pelo viaduto do bairro, diz que costuma ir para a escola caminhando bem devagar e olhando para o chão, para evitar tropeçar em uma pedra solta. “Mesmo atrasada não arrisco ir mais rápido porque tenho medo de torcer o pé.” No início deste ano, a Prefeitura de Salvador recuperou parte das calçadas em Nazaré e nas Sete Portas. Ainda assim, essas pequenas obras representam uma gota no meio do oceano de problemas históricos enfrentados pela cidade. Densidade demográfica - Alguns desses problemas, identificados desde o século XIX pelos cronistas europeus que visitaram Salvador no período, se agravaram a partir da década de 70, quando a cidade alcançou a marca de um milhão de habitantes. A partir daí, o abismo entre crescimento da população e investimento em infra-estrutura só fez aumentar. Na avaliação do professor Sampaio, nenhuma cidade do mundo subdesenvolvido consegue criar uma infra-estrutura capaz de acompanhar o crescimento da população. A situação é mais grave no caso de Salvador. A cidade cresce a uma proporção de 1,2% ao ano – esse percentual já chegou a mais de 3% - isso significa que, para cada um milhão de habitantes, a capital baiana aumenta mais 120 mil todo ano. “É como tentar projetar serviços e infra-estrutura para uma nova cidade de 120 mil habitantes que nasce todo ano sobre a cidade que já existe. Em termos relativos, crescer 1,2% ao ano pode até parecer pouco, mas em termos absolutos esse déficit crônico só se agrava ano a ano”, analisa o urbanista. Sampaio não acredita em soluções mágicas para os problemas de Salvador. Para o urbanista, verticalizar a cidade não resolve os engarrafamentos e o adensamento demográfico em algumas áreas da cidade. “Vai piorar, porque não adianta erguer prédios sobre prédios em áreas da cidade que já estão saturadas. O primeiro exemplo de verticalização de Salvador, o bairro do Comércio, mostrou que esse não é o caminho. 90% do solo do Comércio é privado e ocupado por grandes prédios que hoje se degradam, estão desertos e desvalorizados.”
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