SALVADOR
Sambista celebra ídolo do reggae com dreads de 1,25m
Por Milena Fahel

Nos dreadlocks de 1,25 de comprimento, Edson Raimundo da Silva, mais conhecido como "Edinho Bob Marley", carrega a força e a experiência de quase 60 anos de vida. O rastafári começou a ter um grande fascínio por Bob Marley na década de 70. Após a morte do cantor, em 1981, resolveu eternizar sua paixão nas composições do samba, que nomeou "Samba Bob Marley", produzido por ele e outros moradores da Mata Escura, onde vive desde criança.
Era jogo do Brasil e México pela Copa do Mundo e, em meio aos sons de corneta e gritos da torcida, composta pelas 5 filhas de Edinho e da vizinhança, ele contou a história do cabelo, que tem pelo menos 35 anos de existência. Para ele, os dreads representam a união do grupo rastafári pregada desde muito antes pelo cantor Bob Marley. "A união é de paz. Os rastafáris chegam no Pelourinho, nos lugares, e sempre falam uns com os outros", lembrou.
A esposa dele, Edna dos Santos Silva, de 54 anos, tem o cabelo ainda maior - 1,75 de comprimento - e disse ter sido motivada pelo marido. "Todo lugar que a gente ia tinha gente rastafári, aí decidi deixar o meu crescer também. Sempre achei bonito", enfatizou.
O casal chegou a colocar dreads na segunda filha, Elisângela dos Santos Silva, 33, quando ainda tinha 6 anos de idade. "Aos 15 anos começou a namorar e cortou o cabelo. Sempre diziam que ela parecia um menino", disse Edna.
Elisângela defende a resistência da cultura rastafári, mas acrescenta que os dreadlocks são alvo de muita discriminação. No caso dos pais dela, a curiosidade criada em torno dos longos cabelos chama atenção. "Meu pai e minha mãe mesmo, chegam nos lugares e chamam muita atenção, principalmente minha mãe. Quando vamos no Pelourinho, as pessoas param mesmo, pedem até pra tirar foto".
Segundo Edinho, ele e a esposa já foram mirados de forma preconceituosa algumas vezes, em filas de banco e supermercado, mas nunca sofreram outras agressões. Trabalho também nunca foi problema para eles. O casal trabalhou durante anos em construção e para isto, eles sempre usaram toucas.
Hoje Edinho está aposentado e trabalha levando alegria e samba para as festas de largo, lavagens de bairro e rodas no Pelourinho. "Nesse São João, quero muita alegria, com samba Bob Marley, samba reggae da Bahia...", cantou o sambista em tom de festejo.
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