SALVADOR
Secretário diz que chacinas são conseqüência de guerra do tráfico
Por Eder Luis Santana, do A TARDE ON LINE
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“É mais uma guerra entre o tráfico de drogas e que a gente precisa combater”. Com essa frase o secretário de segurança pública, César Nunes, definiu o chacina ocorrida na Liberdade na última quarta-feira, 6. Com o saldo de três mortos e seis feridos, o crime foi resultado de um ataque de dez homens à casa de shows Boka do Caranguejo.
Essa foi a quinta chacina em Salvador desde junho. Diante desse aumento da criminalidade, o secretário se limitou a dizer que a polícia tem buscado meios de se fortalecer. Segundo ele, isso inclui a convocação de novos policiais, além do aprimoramento do serviço de investigação que apura a atuação do narcotráfico.
As declarações foram dadas por Nunes nesta quinta-feira, 7, durante a abertura do seminário Segurança Pública e Promoção da Igualdade, no Centro de Convenções. Promovido pela Secretaria de Promoção da Igualdade (Sepromi), o evento segue até a sexta-feira, 8, com discussões sobre a violência, suas vítimas e os meios de combatê-la.
Questionado sobre o melhor modo de conter a violência na capital baiana, o secretário fez questão de enaltecer o trabalho policial ao dizer que a corporação está preparada para enfrentar o crime. No entanto, pontuou que o investimento no social é o meio mais eficaz de lidar com essa questão.
“Polícia não é segurança. Segurança é a participação de todos e da comunidade. Acredito mais nos programas que buscam soluções para as causas sociais da violência, como o projeto Mulheres da Paz e a iluminação dos bairros”, conclui.
Além de Nunes, esteve presente na abertura do seminário o ministro Edson Santos, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Santos lembrou que em cidades como Salvador e Rio de Janeiro são os jovens negros que estão presentes na maioria dos casos de violência, seja como agressores ou vítimas. Essa parcela da população é classificada pelo ministro como a que precisa de mais atenção por parte do poder público.
“É preciso, além da ação repressiva do estado, implementação de políticas públicas voltadas à qualificação desses jovens”, completa. A observação do ministro é confirmada pela secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Marília Muricy, ao afirmar que cerca de 86% da população carcerária na Bahia é constituída de pessoas negras e de baixa renda.
Marília defende que o combate à violência começa por ações direcionadas às periferias e deve incluir também uma estrutura prisional capaz de ressocializar os infratores. “O sistema carcerário deveria ter equipes interdisciplinares com psicólogos, sociólogos e assistentes sociais para conduzir o tratamento carcerário. Isso não acontece nem na Bahia, nem no Brasil nem no mundo. As prisões continuam sendo em toda parte um instrumento infernal de castigo”, diz.
A secretária aproveitou para lembrar que dois novos presídios serão construídos em Salvador. Com obras previstas para começar no início do próximo ano, a Cadeia Pública de Salvador e o Presídio para Jovens Adultos terão capacidade para 430 pessoas, cada.
As duas unidades serão destinadas a presos provisórios e serão construídas dentro do Complexo de Mata Escura, no bairro homônimo. Serão gastos R$ 36 milhões, em parte financiados pelo Pronasci.
Segundo o secretário executivo do Pronasci, Ronaldo Teixeira, o objetivo dessas unidades é estimular a cidadania dos internos. Hoje, cerca de 80% dos presos que saem da cadeia voltam a cometer crimes. “Por isso temos o projeto de estabelecimentos penais especiais para jovens. Vamos propor que o jovem tenha acesso a sala de aula, espaço de cultura e lazer e módulo de saúde”, completa.
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