SALVADOR
Solar Boa Vista degrada-se à espera das obras de recuperação
Por Franco Adailton

Mais de três anos após pegar fogo, na madrugada de 3 de janeiro de 2013, o casarão onde morou o poeta Castro Alves, no Solar Boa Vista, Engenho Velho de Brotas, continua no mesmo estado deixado pelas chamas. O imóvel é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1941.
À época do incêndio, o sobrado abrigava a Secretaria Municipal de Educação (Smed), administrada pelo então secretário João Carlos Bacelar. Embora estivesse cedido ao município na ocasião, o casarão do século XVIII é de propriedade do governo do estado.
Desde o incêndio, o casarão foi cercado por placas de metal, o que não impede o acesso de invasores, que abriram uma fenda na proteção ao imóvel. Também foram colocados tapumes de madeira compensada em parte das portas e janelas, embora alguns tenham sido removidos.
Já a área externa que circunda o imóvel está tomada pelo mato sem aparar, lixo e equipamentos de lazer em estado de abandono. Com o casarão em desuso, moradores aproveitam o estacionamento para guardar os carros, assim como fazem condutores de autoescolas durante o intervalo das aulas.
Apesar de consumido pelo fogo na quase totalidade, dentro do imóvel de dois pavimentos, ainda é possível dimensionar a beleza que restou do imponente sobrado, como a madeira usada no piso, no corrimão, nas escadarias e portas, gradis sobre passagens arqueadas e uma bela peça de mármore.
Desprotegida da chuva pela falta de telhado, a parte restante do assoalho antigo, no entanto, está ameaçada pelas infiltrações que ocorrem sempre que chove. A madeira abundante no sobrado tem apodrecido por conta da vulnerabilidade à ação do clima.

Madeira do piso, corrimão e escadas é arruinada pela ação do tempo
Aedes aegypti
Não bastassem as más condições físicas do antigo solar, a degradação do prédio histórico se constitui uma ameaça à saúde da vizinhança. Isso porque, segundo moradores locais, um tanque isolado no alto do casarão tem servido de criadouro para larvas do mosquito Aedes aegypti.
"Isso aqui virou um criatório de mosquito da dengue. O tanque aberto faz a água da chuva acumular no recipiente", disse o lavador de carros Paulo de Jesus, 27 anos. "Essa semana, a gente jogou pedras para quebrar o tanque, mas não atingimos o fundo", completou ele.
Além deste problema, apesar de haver um teatro no complexo do solar, o local se tornou ermo, segundo o ponto de vista do taxista João Carlos, 43 anos. "À noite, as pessoas evitam passar por aqui. É um desperdício o que estão fazendo com essa área", avaliou o condutor.
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