SALVADOR
Tartaruga-marinha é encontrada morta na praia da Pituba
Por Nicolas Melo* | Fotos: Gilson Pereira | Cidadão Repórter | Via WhatsApp

Uma tartaruga-marinha foi encontrada morta na manhã desta terça-feira, 7, na praia da Pituba, na orla de Salvador. O corpo do animal estava nas imediações da loja Portinox Ambientes, na avenida Octávio Mangabeira. O réptil foi localizado por um morador do bairro, por volta das 5h50, quando ele praticava exercício físico no local.
"Eu estava correndo quando vi a tartaruga. Não tenho dimensão de centímetros, mas vi que o animal é grande", contou Gilson Pereira. Segundo o homem, ele não chegou a acionar nenhum órgão competente para realizar a remoção do animal.
A equipe de reportagem do Portal A TARDE entrou em contato com o Projeto Tamar, que atua na busca e na preservação das tartarugas-marinhas. A instituição informou que enviou uma equipe à praia da Pituba.
De acordo com a bióloga Nathália Berchieri, do Tamar, o animal aparenta ser da espécie "verde", que tem no Brasil o status de "vulnerável". "Parece uma tartaruga juvenil, que são comuns em nossas áreas, onde normalmente se alimentam", informou a especialista.
Ela explicou ainda que é muito provável que, neste caso, a tartaruga não tenha vindo desovar no litoral, uma vez que ela é jovem.
Caso alguma pessoa encontre uma tartaruga viva ou morta, pode acionar o Projeto Tamar para serem orientados. Os telefones disponíveis são (71) 98127-0038 e (71) 99989-0392.
Necropsia
O corpo do animal vai passar por necropsia para saber a condição da morte. Contudo, Nathália acredita que ela sido vítima de interação com a pescaria; ou seja, quando a tartaruga fica preso na rede de pesca ao tentar pegar o pescado. "Pela condição corporal do animal na foto, ela se enquadra dentro de nosso protocolo com forte indício de interação com a pesca".

Temporada de reprodução
A bióloga chamou atenção para a temporada reprodutiva das tartarugas, que tem início em setembro. "Oficialmente, a produção começa em setembro e vai até o final de março, mas acaba que, nestes meses de baixa temporada (como agora), também temos tartarugas desovando em menor quantidade", informou.
Durante este período, a reprodução delas acontecem no mar, o que Nathália chama de "cópula". Após este momento e da fertilização dos ovos, as fêmeas viajam (ou migram) até o local de nascimento, onde fazem o processo de desova.
"Elas (tartarugas) são bem fiéis à área de nascimento e de desova, além de ter uma precisão boa dessa área. Ela não vai vir no mesmo local (de nascimento), mas na mesma área, com certeza", explicou a especialista, acrescentando que, por serem répteis, estes animais "precisam da temperatura mais alta para ter um bom sucesso na produção dos seus descendentes".
Em média, uma tartaruga vive de 80 a 100 anos. Neste período, a mesma fêmea pode subir para a superfície de quatro a sete vezes na mesma temporada de reprodução. Conforme Nathália, os animais dão um intervalo entre 1 a 2 anos entre um período reprodutivo e outro. "Mas em todo esse tempo elas continuam a copular e armazenar o sêmen até que ela precise fecundar novamente para desovar", disse.
Área de desova
Na capital baiana, as áreas de desova ficam entre o Farol de Itapuã e o Kartódromo, nas imediações da divisa com Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador (RMS).
"Nestes locais já são áreas regulares de desova. Há cerca de 2 anos, nós realizamos um trabalho inédito no Brasil, que é manter esses locais de desovas em áreas urbanas", revelou a bióloga, acrescentando que antes eles removiam os ninhos e levavam para áreas mais preservadas.

*Sob supervisão do editor Juracy dos Anjos
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