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TRÂNSITO

Transalvador renova meta de redução de mortes e lesões

Órgão tem apostado em uma série de medidas, especialmente na adoção de limites de velocidade menores nas vias

Por Jane Fernandes

01/05/2023 - 6:00 h
Após estudos sobre a via, o limite de velocidade na avenida Pinto de Aguiar foi reduzida de 80 km/h para 70 km/h
Após estudos sobre a via, o limite de velocidade na avenida Pinto de Aguiar foi reduzida de 80 km/h para 70 km/h -

Reduzir em 50% as mortes e lesões no trânsito até 2030 é o atual desafio da Transalvador, que após alcançar a meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a década anterior, decidiu renovar o compromisso. Para chegar à metade dos 130 mortos e 2.638 acidentes com feridos (números de 2020), em dez anos, o órgão de trânsito tem apostado em uma série de medidas, especialmente na adoção de limites de velocidade menores nas vias urbanas.

Com essa mesma linha de atuação, Salvador teve uma queda de 56% nos óbitos resultantes de atropelamentos, colisões e outros acidentes envolvendo veículos, indo de 247 para 111 entre 2012 e 2022. No mesmo período, o número de acidentes em geral caiu de 6.827 para 2.946 (57%). Considerando o decênio corrente da OMS, a cidade teve uma redução de 14,6% nas mortes (19 ocorrências) nos dois primeiros anos - 2021 e 2022.

Este ano, até março, a capital baiana teve 23 mortes no trânsito e 913 feridos, números superiores ao do mesmo período do ano passado, que registrou 21 óbitos e 789 pessoas com lesões não fatais, segundo informações da Transalvador.

Doze vias tiveram sua velocidade máxima permitida reduzida desde 2019 e o superintendente da Transalvador, Decio Martins, destaca as avenidas Joana Angélica e Luís Eduardo Magalhães. Na primeira, a mudança de 50 km/h para 40 km/h levou a uma redução de 71% no número de acidentes, enquanto na segunda, a substituição dos 80 km/h anteriores por 70 km/h provocou uma queda de quase 50% nos registros anuais.

A expectativa é que a redução de velocidade ajude a prevenir acidentes em geral, mas principalmente evite mortes e lesões às pessoas. A eficácia dessa medida para diminuir a letalidade do trânsito é dimensionada pelo presidente da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), Antônio Meira Júnior. A entidade sempre enfatiza o caráter prevenível das fatalidades no trânsito e, por isso, adota e dissemina o uso da palavra “sinistro” em substituição a “acidente”.

“Um pedestre tem cerca de 90% de chance de sobreviver a um choque com um carro a 30 km/h, mas menos de 50% se esse impacto ocorrer a 45 km/h, e quase nenhuma chance de sobreviver a um impacto a 80 km/h”, alerta Meira Jr.

No caso dos ocupantes de um veículo, complementa, a probabilidade de morte em uma colisão frontal a 80 km/h é vinte vezes maior do que numa batida do mesmo tipo a 30 km/h. “Não há dúvida de que a redução da velocidade salva vidas”, reforça.

Balanço

De acordo com a Transalvador, os atropelamentos foram os sinistros de trânsito que mais resultaram em morte em 2022 e a infração mais cometida pelos condutores da cidade, ano passado e no primeiro trimestre deste ano, é ultrapassar a velocidade máxima permitida em até 20%, de classificação média. Se o excesso de velocidade estiver acima de 20% e superior a 50%, a infração é grave, e torna-se gravíssima quando ultrapassa o limite em mais de 50%.

O superintendente da Transalvador conta que os pedestres são o segundo grupo mais envolvido em sinistros de trânsito (com ou sem lesões), com 37% de presença nos acidentes gerais, sendo superados apenas pelos motociclistas, presentes em 45% dos registros.

Os condutores de veículos aparecem em 15% e os ciclistas em 10% dos casos. “As medidas que nós adotamos, além de garantir o ordenamento do trânsito, são também para proteger os mais vulneráveis: os pedestres e ciclistas”, afirma.

Veículos motorizados menos velozes são bem vindos pelo vendedor Jorge Sampaio, 26 anos, que utiliza bicicleta para seus deslocamentos sempre que a distância e o tempo disponível são favoráveis. “Nem sempre contamos com ciclovia, nem faixa separada, então temos de pedalar no meio dos carros. Tem motorista que vê a bike como atraso de vida, não respeita, passa perto, quando está rápido é um susto”, conta.

Martins explica que a redução de velocidade é precedida de estudo sobre a via, a exemplo do realizado nas duas avenidas contempladas mais recentemente, a Pinto de Aguiar e a Orlando Gomes, nas quais o limite passou de 80 km/h para 70 km/h.

Alguns pontos verificados são a média de acidentes registrados na via, os pontos com maior incidência, e também a velocidade média nos momentos de maior fluxo, em ambas o resultado não ultrapassou 45 km/h.

A intensificação da operação Respeite a Vida, de fiscalização do uso de álcool antes de dirigir, é outro fator destacado pelo gestor para uma menor letalidade no trânsito da cidade, além de intervenções viárias para melhorar a mobilidade por carro. Martins acredita que os condutores de veículos automotores da cidade têm estado cada vez mais conscientes quanto ao respeito às leis de trânsito.

O primeiro trimestre deste ano teve uma queda de aproximadamente 5% no número de infrações registradas, em comparação ao mesmo período do ano passado. Embora a redução seja importante, o dado de maior reforço da avaliação do superintendente é que somente cerca de 15% dos condutores (motoristas e pilotos) comentem infrações na cidade, ou seja, as mais de 630 mil multas expedidas em 2022 foram provocadas por infratores contumazes.

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