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SALVADOR

Turistas ignoram história do Pelourinho

Por Alex de Paula

21/11/2015 - 21:00 h
Pelourinho
Pelourinho -

Um dos principais pontos turísticos de Salvador e patrimônio Histórico da Humanidade, o Pelourinho deslumbra os visitantes. A arquitetura, os casarões e as cores servem de atrativo à visitação também de moradores. Contudo, muitos desconhecem o real significado e a história do lugar que nasceu como espaço de castigo dos escravos.

A turista de São Paulo Regina Formoso, de 39 anos, por exemplo, até este sábado, 21, desconhecia os acontecimentos já ocorridos no lugar. E admitiu ter ficado supresa após ser informada pela reportagem de A TARDE sobre a história.

"Eu realmente estou impressionada. Para o resto do país, o Pelourinho é divulgado apenas como um espaço turístico, cultural e alegre de Salvador. Essa verdade por trás dele é algo bastante valioso e que deveria ser reconhecido por todos", comenta Regina, referindo-se à época em que africanos eram espancados ali.

Crime e castigo

O nome 'pelourinho' é originado da coluna de cantaria (pedra) com argolas de bronze, na qual escravos eram amarrados e torturados. Conforme o comerciante Clarindo Silva, ícone da localidade Pelourinho e prorietário do restaurante Cantina da Lua, o artefato de pedra servia para castigar as pessoas que cometiam delitos ou escravos que fugiam os engenhos. Nos arredores, era comum haver feiras e os que realizavam furtos também eram punidos ali.

O comerciante relata que os senhores de engenho colocavam os escravos para vender produtos. Se a procura fosse grande, estes vendedores aumentavam o valor da oferta. Quando os fiscais descobriam, os levavam para tomar chicotadas.

Baianos

Embora toda essa história de escravos castigados tenha dado origem ao nome da localidade que integra o Centro Histórico de Salvador, os fatos também são ignorados pela maioria da população da capital.

Mas não são apenas os turistas que desconhecem o assunto. O eletricista Paulo Nunes, 45, é soteropolitano e também não tinha maiores informações sobre o Pelourinho. Para ele, a energia que a localidade emana, atualmente, é principal motivo para que o passado doloroso seja esquecido.

Dias difíceis

"Na minha luta pela revitalização do Centro Histórico, propus à população colocarmos uma réplica de pelourinhos em frente à Casa de Jorge Amado, como uma proposta de alerta", conta Clarindo Silva. Segundo ele, a ideia não foi bem aceita pela população negra da região. A sugestão foi entendida como uma forma de dar vida à época de tortura.

Clarindo afirma que o desejo dele foi mal interpretado: "Ao termos réplicas desses instrumentos, elas seriam ferramentas utilizadas como uma forma de lição para os nossos netos e filhos. Seria uma maneira de eles refletirem e verem o quanto aqueles dias foram difíceis para os negros", explicou o comerciante.

Na opinião da historiadora Antonietta d'Aguiar Nunes, estas lembranças deveriam ser expostas em museus. Ela avalia que colocar tais artefatos a céu aberto pode gerar mal-estar. "O equipamento era utilizado para punir delinquentes em público. Este 'júri popular' foi encerrado em 1835. Então, penso que expor tais réplicas em lugar público é trazer isso de volta à nossa realidade", pontua.

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