SALVADOR
Um dia é pouco: A aula de Cleise é um espetáculo
Por Mary Weinstein, do A Tarde
Se for assistir a uma aula de Cleise Mendes, prepare-se. Ela fala de mitologia grega como se tivesse visto Dionísio levar as pessoas à loucura; pronuncia Brecht com gosto; e explica porque Lady Macbeth era tão engenhosa e teve a sua célebre derrocada. Pense em dramaturgia e, vá por mim, recorra a Cleise Mendes.
Professora da Escola de Teatro e da Pós-Graduação em Artes Cênicas, da Ufba, Cleise, 58 anos, carioca, veio para Salvador em 1966. É como se eu tivesse nascido no lugar errado. E justifica com Aristóteles: As coisas tendem ao seu lugar natural, assumindo Salvador como o seu. Escreveu A Terceira Manhã, em 2004, e Estratégias do drama, em 95.
Há três anos, foi a primeira dramaturga a entrar para a Academia de Letras. Escreveu ou adaptou mais de 40 peças, mas, primeiro, foi atriz. Quando cheguei fiz letras. Teatro, era diversão, diz.
Atuou em A Casa de Bernarda Alba (Garcia Lorca) dentre outros espetáculos. Foi Cleise quem escreveu, em 1974, a peça Marilyn Miranda. O Teatro Santo Antônio ficava lotado. Quem viveu, viu. Foi emocionante ver um texto em cena. Você constrói um diálogo e vê os atores se apropriarem daquilo, diz .
Ela acha que os grandes textos continuam importantes em qualquer tempo: Eles se sobrepõem à circunstância. E cita Édipo nascido assim, não quero ser outro que não eu. E saberei quem sou, para ressaltar que você escreve para saber quem você é.
A professora diz que o teatro não é a linguagem deste tempo. E, ao mesmo tempo, é de todos. A prova disso é que ele sobrevive. Ela enfatiza que o teatro não é o corpo do ator só. É do público, também. O teatro enfrenta as questões do nosso tempo. Não é da Bahia. É do mundo, finaliza. Série iniciada no Dia da Mulher para homenagear personalidades femininas.
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