PREVENÇÃO
Baixa cobertura vacinal contra catapora preocupa especialistas
Sesab emitiu alerta de surto no estado com 110 municípios afetados e 473 casos na Bahia
Por Maurício Viana*
Com menos de 50% da cobertura da vacina da varicela, mais conhecida como catapora, a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) e especialistas da área estão preocupados. Com isso, alguns municípios estão em alerta para surto. A meta preconizada pelo Ministério da Saúde (MS) seria em torno de 94%.
Segundo dados da Sesab, em 2023, foram notificados 473 casos em 110 municípios até o momento, com a maior concentração em Salvador (132), Feira de Santana (30), Santo Estêvão (17) e Maraú (17). No mesmo período do ano anterior, foram notificados 523 casos. “Comparando ao mesmo período do ano passado, tivemos redução. No entanto, vale o alerta mesmo com o aumento de casos esperado no período. Estamos registrando notificações de surtos nas unidades escolares. Emitimos o alerta para se sensibilizar sobre a importância da vigilância”, afirma a coordenadora de Imunização da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep), da Sesab, Vânia Rebouças.
Prevenção e controle
Emitido na terça-feira, o documento aponta medidas de prevenção e controle. Dentre elas, estão: a permanência no domicílio até que as lesões evoluam para crosta; o bloqueio vacinal (vacinação seletiva de pessoas sem histórico anterior) que deve abranger os contatos de casos suspeitos ou confirmados em creches, escolas, ambientes hospitalares e comunidades indígenas; a intensificação da vacinação de rotina, com busca ativa; e monitoramento de novos casos.
Vânia chama a atenção para a baixa procura na Bahia, que representa risco iminente para surtos, casos graves e aumento das internações. Com o coeficiente de incidência em três casos/100 mil habitantes, os maiores estão entre as crianças menores de 1 ano de idade (16,9 casos/ 100 mil habitantes) e na faixa de 1 a 4 anos (8,69 casos/ 100 mil habitantes). “O imunizante está disponível em todas as salas de vacina da rede pública para o público-alvo de 1 ano e três meses na primeira dose e a dose de reforço de 1 a 4 anos, coincidindo com as faixas etárias que mais registram casos”.
A vacina é ofertada para crianças entre 15 meses a 6 anos, 11 meses e 29 dias, além da população indígena a partir de 1 ano e os profissionais de saúde que atuam na assistência direta de pediatria ou de pacientes imunossuprimidos. Na capital, os 160 postos da rede da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) aplicam a vacina de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h.
O presidente do Conselho Estadual de Saúde (CES), Marcos Sampaio salienta a urgência de ações e estratégias de incentivo de crianças para se vacinarem, com a cobertura vacinal em Salvador de 33,95% do público elegível, segundo o Tabnet. “Além das ações nos municípios, é preciso que os pais estejam atentos a necessidade de manter a vacinação dos filhos em dia”.
O infectologisa e professor da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Robson Reis, também demonstra a preocupação com a varicela e com todas as doenças infecciosas, porque as taxas de cobertura vacinal têm caído para patologias que eram consideradas erradicadas e controladas. “Muitas pessoas, hoje, não conhecem doenças mais antigas como a catapora, a rubéola e o sarampo por causa da eficácia das vacinas”.
Definição
A catapora é proveniente do vírus varicela zoster, que causa também a herpes zoster na pele com vesículas agrupadas em forma de cachos de uva, também conhecida como cobreiro, após curado da catapora em um período de latência nos gânglios nervosos e quando a imunidade abaixa por diferentes causas. Alguns pacientes também podem ter complicações mais graves, como infecções bacterianas de pele; pneumonia; e acometimento do sistema nervoso central, através de meningite, encefalite ou mielite.
A vacina de prevenção para a herpes zoster é indicada para pacientes acima de 50 anos. Sobre os principais sintomas, o médico comenta que a doença costuma causar, na sua fase inicial, febre, dor de cabeça, dores no corpo e, depois começam a surgir manchas avermelhadas e pequenos caroços na região do tronco, das costas e da face, disseminando para todo o corpo. Logo depois, evoluem para vesículas, pústulas e crostas. “A transmissão se dá pela via respiratória, ao falar e ao tossir, e contato das partículas virais nas feridas. As medidas de prevenção são a higienização das mãos, evitar aglomerações e a vacina”.
*Sob a supervisão da editora Meire Oliveira
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes