BAHIA
Compressor de ar explode e mata borracheiro em Caetité
Por Juscelino Souza, Sucursal de Vitória da Conquista
A explosão de um compressor de ar matou na hora Sinvaldo Miranda Silva, de 41 anos, quando ele tentava desligar o aparelho instalado na borracharia São Cristovão, bairro Mulungu, em Caetité, a 757 km de Salvador. Silva teve o corpo dilacerado pelos fragmentos do compressor.
Segundo moradores do bairro, o barulho da explosão, na noite do sábado, 13, foi ouvido à distância. A vítima havia acabado de acionar o equipamento, mas como o mesmo estava sem a válvula de desligamento automático, o compressor se assemelhava a uma “bomba-relógio”.
O agravante, segundo técnicos consultados por A Tarde, é que o compressor de ar estava sem manutenção e com mais de 20 anos de uso, quando o recomendado é de apenas cinco anos.
“O impacto da explosão atingiu seu peito em cheio”, relatou o radialista Magal Santos, que esteve no local. “Infelizmente perdemos um amigo, mas esperamos que a morte dele sirva de lição aos demais borracheiros para a devida manutenção dos equipamentos de trabalho”, assinalou Santos.
A polícia civil fez o levantamento cadavérico e a vítima foi recolhida e encaminhada por policiais militares ao Departamento de Polícia Técnica (DPT) para necropsia. A família aguarda os esclarecimentos sobre as causas do acidente.
O caso está sendo investigado pela Polícia Civil da cidade, que aguarda os laudos do Instituto Médico Legal (IML) para prosseguir com o inquérito policial. Os documentos devem chegar em até 30 dias.
ALERTA - A válvula custa, em média, R$20. “Todos os compressores devem ter essa peça, também chamada ‘automático’, que serve para fazer o compressor desarmar quando atinge a calibragem programada”, explica o empresário do ramo, Murilo Amaral.
“Alem dessa peça, de fundamental importância, ainda tem outra chamada de válvula de segurança, que entra em ação se por uma eventualidade o ‘automático’ parar de funcionar. Essa válvula vai fazer com que o ar em excesso saia”.
Amaral alerta para os riscos de explosões como a que vitimou o borracheiro em Caetité. “O grande problema de algumas borracharias é que, muitas vezes, o ‘automático’ quebra e eles deixam o compressor ligado direto”, observa.
“Isso é muito perigoso, pois o compressor não terá controle do ar que esta entrando e pode ocorrer um fato semelhante e a esta tragédia”, enfatiza.
“Nosso compressor, apenas para citar um exemplo, fica distante da área de trabalho e o ar passa por uma tubulação de ferro até chegar à mangueira e, mesmo com capacidade para 250 libras, só é programado para operar com até 150 libras”
O técnico Ademar Nascimento dos Santos, por sua vez, chama a atenção para outro detalhe importante. “Importante e que não deve ser esquecido”, reforça. “Se houver acúmulo de água no cilindro também pode ocorrer explosão”. A forma mais eficiente de drenagem do reservatório é com o uso de dreno automático.
O cilindro também deve estar em boas condições, pois a pressão dentro dele é muito grande. “O equipamento deve passar por uma revisão periódica e deve ter filtros para conferir a calibragem. Se por acaso exceder a calibragem, o compressor deve se desarmar”.
O dono de borracharia Paulo Santos Lima, 40 anos de idade e há 20 no ramo, garante que jamais se envolveu em incidentes com compressor. “A gente sempre cumpre os procedimentos recomendados, como troca de óleo, manutenção de válvulas, esvaziamento de cilindro com água e observamos o termostato (dispositivo destinado a manter constante a temperatura dum sistema)”.
Sua experiência pode ajudar a perícia a chegar até a verdadeira causa do incidente em Caetité. “Existem muitos compressores antigos no mercado e acontece que são reformados em voltam a uso. Ocorre que a água enferruja a estrutura e ela fica corroída, daí a parede interna enfraquece”, cita.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Siga nossas redes