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12/11/2023 às 6:15 - há XX semanas | Autor: Priscila Dórea

NOVEMBRO NEGRO

Eventos para promoção da cultura negra elevam a Bahia a novo status

Realização de festivais nacionais e internacionais dá protagonismo aos baianos

Ana Fátima e o filho Maurício Akin são escritores
Ana Fátima e o filho Maurício Akin são escritores -

A cada ano ganhando mais protagonismo na cena afrodescendente brasileira - seja culturalmente, academicamente ou politicamente -, a Bahia entrou no Novembro Negro com os olhos do mundo focados nela após com o encontro internacional Liberatum. Esse foi apenas um dos muitos grandes eventos que acontecerão este mês no estado mais negro do Brasil, que com uma população onde mais de 3,5 milhões se autodecla negra (IBGE), vêm mostrando que a Bahia não é apenas um poderoso celeiro de potências pretas, mas um fervoroso palco para elas.

“Nos últimos anos, a Bahia ganhou maior projeção internacional, fruto da divulgação do turismo e da economia criativa local. A cada ano que se passa, grandes investidores, empresas e também personalidades internacionais têm começado a olhar um pouco mais para a Bahia e seu potencial que é econômico, mas também cultural e acadêmico”, explica Paulo Rogério Nunes, cofundador da aceleradora Vale do Dendê e sócio investidor da AFRO.TV.

Em 2018, Paulo Rogério foi considerado um dos 100 afrodescendentes mais influentes do mundo pela Most Influential People of African Descent (Mipad), mesmo ano em que o Festival Afrofuturismo, evento da Vale do Dendê, aconteceu pela primeira vez - a edição deste ano, a 5ª, será nos próximos dias 20 e 21. O festival, assim como o Liberatum, o Afropunk Bahia e o Scream, - da mesma forma que ampla programação do Governo do Estado para o Novembro Negro 2023 -, têm feito com que a Bahia se posicione no epicentro da promoção da cultura negra, e de negócios nacionais e internacionais.

“É uma construção que leva tempo e que ainda não está consolidada, mas, certamente, é uma agenda que veio para ficar. As relações raciais no Brasil não são de nenhuma forma um paraíso, e certamente ainda precisamos de mais tempo para vencer desafios de financiamento e de estrutura. Mas ao mesmo tempo, a Bahia e o Brasil possuem muita potencialidade e criatividade”, garante Paulo Rogério.

Um importante avanço desse protagonismo se dá a partir de 2016 e 2017, justamente com a chegada do Vale do Dendê, explica Helio Santos, professor, doutor em administração, cofundador da Vale do Dendê, e presidente dos conselhos do Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais (Cedra) e da Oxfam Brasil (Oxford Committee for Famine Reliefe) - ou Comitê de Oxford para o Alívio da Fome.

“A Vale do Dendê contaminou, sobretudo, o setor público, especialmente a prefeitura. Esse protagonismo da Bahia sempre esteve presente, mas nunca foi tratado pelo Estado como um ativo importante para a cidade. Isso está mudando, não na velocidade que eu queria, mas está mudando”, pondera o professor.

A Bahia sempre esteve presente em posição de protagonismo nas conquistas históricas - como nas batalhas pela Independência da Bahia e do Brasil -, mas também na cena cultural, explica Lílian Almeida, escritora, doutora em teoria da literatura e professora na Universidade do Estado da Bahia (UNEB). “O que acontece hoje é que as pessoas negras estão acessando lugares de visibilidade e poder, construindo e mobilizando uma rede de consciência, pertencimento e afirmação da identidade étnico-racial. Nos fortalecemos e criamos condições de demarcação de espaços, reconhecimento e visibilidade”, afirma.

História e Cultura

Um importante avanço veio da Lei nº 10.639/2003 - que tornou obrigatório o ensino de "História e Cultura Afro-Brasileira" em toda rede de ensino -, salienta a escritora e ativista do movimento negro, Ana Fátima Cruz dos Santos, mestra e doutoranda em Crítica Cultural (UNEB), candomblecista e professora da rede municipal de educação de Camaçari. A lei, pontua ela, impulsionou editoras, como a Pallas, a publicar mais obras com a temática afro-brasileira.

“E também a criação de editoras especializadas, a exemplo da Aziza, Malê e Ereginga Educação (@ereginga.educacao), da qual sou CEO. Porém, precisamos sair do didatismo do enredo dessas narrativas e revisar o que é ser protagonista dentro de uma perspectiva antirracista ou afrorreferenciada”, explica a escritora, que é mãe do jovem escritor de oito anos, Maurício Akin.

Por isso sempre vale lembrar: falar de ações afirmativas é falar sobre as políticas sociais de combate, seja na luta contra discriminações étnicas, raciais, religiosas, de gênero ou de classe, destaca a assistente social e professora da UNIFACS, Dinsjani Pereira. “Elas existem para promover a participação de minorias no processo político, no acesso à educação, saúde, emprego, bens materiais, entre outros. Nesse contexto, a organização dos movimentos sociais potencializaram leis garantistas de direitos”.

Não apenas a luta para erradicar o racismo, mas também criar espaços seguros e empoderadores para que as pessoas negras se percebam como potências foi e continua sendo árdua, mas algo de muito importante já foi aprendidos e precisa ser reforçados, em especial entre os mais jovens: “Se você quiser ir rápido, vá até sozinho, mas se você quiser ir longe, vá em grupo”, enfatiza a empresária, professora e palestrante Karine dos Santos Oliveira, fundadora da Wakando Educação Empreendedora.

Destaque da Forbes Under 30 em 2020, Karine salienta saber que é fruto da luta de milhares de pessoas que, muitas vezes, não aparecem nos holofotes. “Então, aos jovens pretos e periféricos, digo que não dá para conseguir nada sozinho. A estratégia de sobrevivência ancestral que sempre deu certo foi a luta coletiva”, garante. E é em razão dessa sabedoria ancestral e de sentir na pele o quanto foi feito para chegar no hoje, que Antônio Carlos dos Santos Vovô, o Vovô do Ilê, fundador e presidente do bloco afro Ilê Aiyê, chama atenção para duas coisas.

A primeira é a importância das ações intensas de novembro seguirem para além deste único mês, e também para que as pessoas negras, sobretudo os jovens, ao alcançarem a carreira e vida dos sonhos, não esqueçam quem são. “A triste verdade é que você pode ter um salário legal, uma casa bacana e um carro na porta, mas não ache que isso te dá o privilégio dos brancos. Nunca esqueça que você é negro, pois um dia alguém vai te lembrar disso da forma mais perversa possível”, lamenta.

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