BAHIA
Menina morre em Arraial DAjuda com sintomas de meningite tipo C
Por Mario Bittencourt | Sucursal Eunápolis*
Será sepultada às 9 horas desta quinta-feira, 12, em Arraial DAjuda, distrito de Porto Seguro, a 709 km de Salvador, no extremo sul da Bahia, Eloísa de Oliveira Nunes, 6 anos, morta com suspeita de meningite meningocócica na madrugada de quarta, 11. A menina, segundo conta o pai, Luiz Neves Nunes, 31 anos, começou a passar mal na tarde de terça, 10, ainda na escola.
Ela voltou mais cedo para casa queixando-se de dor de cabeça e à noite começou a vomitar e ter convulsões. Após a morte, manchas escuras apareceram na pele da menina.
Levada a uma unidade de Pronto Atendimento em Arraial DAjuda, a garota, segundo conta o pai, ficou apenas tomando soro fisiológico. Luiz, que é pedreiro, reclama que não foi dada a atenção devida ao problema de sua filha.
O médico Marcelo deixou minha filha no soro por uns 40 minutos e depois disse que poderíamos ir para casa. Quando atravessei a rua do posto e fui para o ponto de ônibus, a menina morreu ainda quando estava no meu colo, contou o pai.
Pânico - Após a morte da garota, relata Luiz, houve um alvoroço no posto de saúde e ninguém mais dava informação. O médico nem mais falou comigo. Quem falou sobre a possível causa da morte foi o enfermeiro, que me deu um medicamento, relatou.
Ninguém no posto quis falar com A TARDE. O remédio que o pedreiro recebeu chama-se Rifampicina. De acordo com o Ministério da Saúde, esse medicamento deve ser usado por pessoas que tiveram contato com infectados pela meningite meningocócica. Tia da menina, Maria de Fátima Neves Nunes, 33 anos, disse que funcionários da Vigilância Epidemiológica estiveram na casa da família ontem distribuindo o remédio e foram à escola que a garota estudava fazer o mesmo.
Revolta - A família de Eloísa ficou revoltada porque o corpo dela só foi retirado da unidade de pronto atendimento por volta das 14 horas de quarta, pois o motorista da ambulância, cujo nome não foi revelado, recusou-se a fazer o serviço.
O corpo da menina foi levado por uma funerária para o necrotério do Hospital Luís Eduardo Magalhães, onde foi coletado o líquor material retirado da coluna vertebral que será analisado para saber se a causa da morte foi meningite meningocócica. De acordo com a tia da menina, Maria de Fátima, o motorista disse que estava com medo de se contaminar.
Durante toda a tarde de quarta, a reportagem de A TARDE tentou, por diversas vezes, contato com a coordenadora da Vigilância Epidemiológica, Márcia Quaresma, e com o secretário da Saúde de Porto Seguro, Manoel Boaventura, mas não houve retorno de nenhum dos dois.
Já a assessoria de comunicação da Secretaria da Saúde prometeu enviar uma nota sobre o caso, mas até o fechamento da reportagem o documento não havia chegado.
Surto - No fim do ano passado, Porto Seguro viveu um surto de meningite meningocócica C, a forma mais letal da doença. Oito pessoas foram contaminadas e seis morreram. Porto Seguro esteve no final de 2010 entre os municípios da Bahia com maior índice de infecção por meningite, com 9,8 por cada 100 habitantes contaminados o segundo maior da Bahia, segundo a Secretaria Estadual da Saúde (Sesab).
Leia reportagem completa na edição impressa do Jornal A Tarde desta quinta-feira, 12, ou, se você é assinante, acesse aqui a versão digital.
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