TRAGÉDIA EM MAR GRANDE
“O que mais surpreendeu foi a transformação do luto em uma luta”
Por Felipe Santana*

Autor do livro A História Não Contada do Maior Acidente Aéreo da Aviação Brasileira, o advogado Eduardo Lemos Barbosa falou sobre o lançamento do livro que aborda os bastidores da disputa judicial empreendida por parentes de parte das 199 vítimas da tragédia ocorrida em 17 de julho de 2007, envolvendo o avião da TAM, e também sobre a tragédia de Mar Grande com a lancha Cavalo Marinho I.
O que o levou a escrever o livro intitulado “A História Não Contada do Maior Acidente Aéreo da Aviação Brasileira”?
Após assumir o caso de 12 famílias, a história de vida, luta e superação de todas elas fez com que eu reunisse todos os fatos até o fim do processo e escrevesse o livro.
Neste livro, o senhor afirma trazer fatos surpreendentes sobre o acidente da TAM. Entre todos, qual destacaria?
O que mais me surpreendeu foi a união das famílias. Na verdade, elas transformaram o luto em uma luta. Eram pessoas abaladas emocionalmente e elas conseguiram se unir, formaram uma associação e lutaram contra entidades fortes, entre elas, a seguradora, a TAM e a Infraero.
No caso da embarcação que fazia a travessia Mar Grande-Salvador que acabou matando 19 pessoas, o senhor acredita que a indenização é um caminho para a reparação?
A indenização melhora um pouco a vida dos familiares, até porque muitos dependiam das vítimas. Entretanto, em casos como esse, é necessária a união de todos, não só para a indenização, mas também para o apoio emocional.
Os familiares precisam reunir algum tipo de prova para receber o benefício da indenização?
O fato consumado respondeu por si, ou seja, os familiares não precisam apresentar provas porque o acidente foi visível. O que eles têm para provar são os documentos ou ganho da vítima para receber a indenização. As famílias já podem entrar com uma ação na Justiça, principalmente por danos materiais.
É possível estimar quanto cada uma dessas famílias pode ganhar, caso sejam indenizadas?
Isso depende muito do andamento do processo, entretanto as famílias têm que receber de imediato o DPEM [seguro obrigatório de embarcações], que é o seguro obrigatório de danos pessoais causados por embarcações, que garante que cada uma das famílias tem que receber pela seguradora o valor de R$ 13.500, independentemente de qualquer coisa.
No livro, o senhor fala sobre a importância que a Associação das Famílias Vítimas do Voo da TAM (Afavitam) teve para essas famílias. No caso da tragédia ocorrida em Mar Grande, acharia importante criar uma associação?
É importante que as famílias se unam, isso já seria um grande passo, o início do processo. Agregando um movimento eles teriam mais força para punir o causador do acidente e possibilitar a indenização que eles têm por
direito.
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