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ENTREVISTA - JOÃO LOPES ARAÚJO

‘O café de qualidade é o melhor caminho para o produtor baiano'

Presidente da Associação dos Produtores de Café fala de desafios e oportunidades para os cafeicultores baianos

Por Divo Araújo

18/12/2023 - 6:00 h | Atualizada em 18/12/2023 - 11:02
João Lopes Araújo, presidente da Associação dos Produtores de Café da Bahia
João Lopes Araújo, presidente da Associação dos Produtores de Café da Bahia -

A produção de café no Brasil, e em especial na Bahia, tem uma série de desafios e oportunidades pela frente. Os desafios estão, sobretudo, na criação de políticas de apoio ao cafeicultor e de convivência com a seca, que este ano vem preocupando mais pela intensidade. “Sem água não se produz nada”, lembra João Lopes Araújo, presidente da Associação dos Produtores de Café da Bahia, nesta entrevista exclusiva ao A TARDE.

Já as oportunidades são inúmeras, principalmente para quem produz café de qualidade. Na entrevista, Lopes Araújo lembra o crescente consumo do café em países da Ásia, como a China e o Japão. E diz que o Brasil seguirá imbatível na condição de maior produtor mundial. Já a Bahia, quarto produtor nacional, deve continuar priorizando a qualidade. “Isso foi que sempre pregamos: como a Bahia não vai ser o maior produtor, vamos ser o melhor”. Conheça mais sobre os problemas e o potencial do café baiano na entrevista que segue.

A seca intensificada pelo El Niño este ano pode frustrar as expectativas positivas que se desenhavam em relação à produção de café na Bahia?

A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) anunciou ontem a safra do ano de 2023, porque a de 2024 está na florada ainda. Nós temos secas permanentemente, mas essa é uma das mais graves que já vi. Nós estamos sacrificando a safra de 2024 e também a de 2025. Por quê? A de 2024 florou, está no chumbinho, como nós chamamos, e se não vingar, perde. E a de 2025 é o crescimento do ramo que vai gerar a safra. Então, se nós não tivermos chuva para o ramo crescer, a safra de 2025 também estará prejudicada. Estava sábado passado na minha fazenda, em Brejões, e o que caiu de chuva até agora é frustrante. Quando plantava café lá, chovia 1.200 milímetros por ano. Baixou para 900, 800, e foi caindo aos poucos. Mas este ano, até sábado passado, choveu lá 252 milímetros. Impossível produzir qualquer coisa com 252 milímetros de chuva. O que existe hoje de preocupação maior? É que não foi só numa região que não choveu. Na região de Vitória da Conquista, que tem 13 municípios, por exemplo, o lugar onde choveu mais, caiu 500 milímetros de janeiro até agora. A Chapada Diamantina, que é uma área importante, choveu 346 milímetros de janeiro até sábado. Isso gera realmente uma preocupação para o produtor. A situação é muito difícil.

Há alguma coisa que o poder público possa fazer para minimizar as perdas dos produtores de café?

Eu faço parte do Fórum Baiano do Semiárido e do Fórum Baiano de Mudanças Climáticas, representando o Conselho Estadual do Meio Ambiente (Cepram). O que existe na realidade, e no fórum a gente trata disso, é uma necessidade premente de se investir a longo prazo. Não é um programa de um governo, é um programa de Estado. Porque nós temos necessidade de gerar atividade produtiva no semiárido e só vai se produzir qualquer coisa onde exista água. É o que digo sempre lá no fórum e para empresários e governo. Tem que fazer investimento em barramento para reter água, perenizar os rios e permitir a produção de atividades rurais no entorno das barragens. Só assim vamos ter presença produtiva na região do semiárido. No Fórum do Semiárido, o pessoal diz: nós temos sorte porque, dos semiáridos do mundo, o brasileiro ainda é o que mais chove. Em média, no semiárido, chove em média 600 milímetros. Tem lugar que só chove 200. Então, temos que aproveitar. No meu município, Valente, chove 600, 700 mm, mas às vezes 200mm é só num mês. Tem que aproveitar essa água que caiu naquele mês e represar para poder a gente ter atividade produtiva. Sem água não se produz nada.

A região do semiárido baiano ainda consegue produzir café?

Dos 102 municípios da Bahia que produziam café, naquela época que a EBDA (Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola ) atuava e quando fundei a Assocafé, 46 não produzem mais nem um pé. Dos municípios que restaram tem alguns que produzem num microclima existente na região. Em pouco tempo, a gente só vai ter produção de café no semiárido se tiver irrigação. Porque, com a redução do volume de água e a má distribuição, é impossível você ter condição de fazer uma atividade produtiva. O café precisa de 1000 mm de chuva por ano. Poderia ser 600mm, se fosse chuva todo mês. Como chove 200 milímetros num mês e passa três meses sem chover, isso inviabilizou.

Isso explica a razão de muitos produtores, que anteriormente se dedicavam ao cultivo de café, estarem agora optando por substituí-lo por culturas como soja, algodão e milho?

Isso vem ocorrendo no oeste da Bahia. Quando nós conseguimos tecnologia para produzir café no oeste - porque lá tem muita água nos rios e no subsolo , com o Aquífero de Urucuia, tem terrenos planos e mecanizáveis, tem sol - era o ideal. Tudo que a gente precisava para produzir café estava lá. Chegamos a ter 16 mil hectares produzindo em vários municípios do oeste. Hoje, estamos com 7 mil hectares. Tem uma fazenda que deve mudar no próximo ano. Por isso, vamos cair para 6 mil. Porque a renda com soja e algodão é maior do que a renda com café. O café precisa de muito mais mão-de-obra. A soja, milho e o algodão, o produtor planta com máquina, colhe com máquina, aduba com máquina. Com o café não é possível fazer isso tudo. Nós dependemos muito da mão-de-obra, que hoje é o problema para qualquer atividade. Porque a mão-de-obra é cara por conta da legislação brasileira.

Por outro lado, as lavouras de café geram muito emprego, sobretudo na colheita. Neste quesito, a situação fica ainda mais difícil?

Isso é porque nós não temos política para gerar emprego, nós temos para gerar desemprego. Brincadeira à parte, nós não temos condição de gerar emprego se o produtor é penalizado. Ano passado, um fazendeiro associado nosso em Encruzilhada, perto de Vitória da Conquista, programou a colheita do café para começar, digamos, dia 1º do mês. No dia 1º, começaram a chegar os trabalhadores que ele tinha contratado. No dia 2, chegou a fiscalização, multou a fazenda em R$ 20 mil e mais R$ 2 mil para cada funcionário que não estivesse com a carteira assinada naquele dia. Isso inviabiliza a fazenda do cidadão. Existe, infelizmente, uma estratégia deliberada de perseguir o produtor. Isso não é segredo, porque está na mídia todo dia o que o agro está sofrendo. Nós temos muita dificuldade. Estou nesse segmento há muito tempo. Nasci na roça, tenho fazenda de café há 52 anos e já estou no Conselho Estadual do Meio Ambiente há mais de 30 anos. E nós temos pouco incentivo para o campo se desenvolver.

Como está o diálogo dos produtores rurais hoje com o poder público, seja ele estadual ou federal?

Eu não tenho partido político. Mas tenho 5 mil números de telefones no meu celular de políticos de tudo quanto é partido. Eu me dou com o governador Jerônimo Rodrigues há 20 anos. Me dou com Jaques Wagner há vinte e tantos, com Rui Costa, com todo mundo. O presidente do PT é meu amigo. Não tenho dificuldade política. A dificuldade é deles porque programam todas as atividades com base na sintonia que tem que ter com Brasília, que é a mentalidade dominante. Então, nós temos tido alguma dificuldade. O presidente Lula entrou e a estratégia dele é não desmatar. A gente explica todo dia que o problema não é desmatar. O problema é que quem está dizendo para a gente não desmatar, já desmatou tudo. A Europa tem 0,6% de floresta nativa e agora quer que a gente não desmate. O Sul e Sudeste, que começaram a atividade rural há mais tempo, já desmataram tudo nas suas épocas. Nós temos 66% das áreas do Matopiba – que é a Bahia, Piauí, Tocantins e Maranhão – ainda sem desmatar. Como é que vai travar quem investiu agora e está na hora de fazer a exploração. A estratégia da ministra Marina Silva é fazer uma moratória no Matopiba, que significa para gente mais cinco anos de mata. O agronegócio, o cara que investiu R$ 100 milhões numa atividade, está planejando a cada ano fazer mais um investimento. E nós temos grandes empresas investindo na Bahia. Essa é a dificuldade de mentalidade ou de estratégia política que tem criado algumas dificuldades aqui.

O senhor acha que, com a utilização de novas tecnologias, é possível tornar a produção agrícola mais sustentável do ponto de vista ambiental?

Olha, tudo tem um limite. Nós temos realmente melhorado muito a tecnologia, tanto que o Brasil – e isso o ex-ministro Roberto Rodrigues, meu amigo, me diz todo dia - triplicou a produção sem duplicar a área, porque é a tecnologia ajudou. Mas tem fazenda aqui que o empresário comprou há três, quatro anos atrás, e só desmatou 20% da área. Ele comprou a propriedade sabendo o que a lei permitia e planejando investir mais. Não há como fazer um milagre de dizer que vai fazer uma moratória de 5o anos e a atividade vai continuar a crescer. Não tem como. Ontem, na comemoração dos 50 anos do Ceplam, os ambientalistas levaram um cartaz escrito “desmatamento zero”. Não tem condição. Desmatar zero significa travar a produção. Por que a Europa fica dizendo agora que é preciso preservar a Amazônia? Porque já desmatou tudo lá e aí (Emmanuel) Macron esquece que Paris está virando uma favela e fica querendo intervir aqui na Amazônia.

O senhor vê alguma solução para esse impasse entre uma postura preservacionista e a necessidade de ampliar a produção?

Jaques Wagner, quando era governador, para convivência com os ambientalistas, cunhou uma frase que eu sempre repito. Ele dizia: não se pode atender o fundamentalista da motosserra, nem o fundamentalista da contemplação. Tem que ter diálogo, tem que negociar. O Brasil é o único país do mundo onde o produtor deixa 20% da sua área, pagando imposto e tudo, sem render nada. Agora, o Estado está falando numa transição. O produtor, em vez de deixar 20% sem desmatar, deixar 30%. Já é um sacrifício para o produtor deixar 20%. É preciso ter muito diálogo, porque os ambientalistas são muito radicais. Como estou no Ceplam há mais de 30 anos, temos que conviver, mas já vi coisas absurdas. Quando nós tivemos aqui a aprovação da lei que permitia esses hotéis todo no litoral norte, os ambientalistas não queriam que tivesse construção nenhuma com mais de um andar, porque seria superior aos bancos de areia e queria que todas as redes de energia fossem subterrâneas para não ter poluição.

Falando de coisas positivas agora, o Brasil mantém a posição de maior produtor mundial de café por 150 anos, sendo também o segundo maior consumidor. Como está o café da Bahia, quarto produtor do Brasil, aos olhos do mundo?

Tenho muito orgulho e satisfação em dizer que tenho uma contribuição para isso porque nós fundamos, na Assocafé, uma estrutura para fazer concurso de qualidade. E nós mandamos um técnico visitar o produtor para dizer: olha faça assim; adube dessa forma; só colha o grão maduro; na hora de botar no terreiro deixe determinada espessura. Tudo para poder fazer café de qualidade. E os produtores baianos passaram a ser campeões, ganharam campeonatos no mundo inteiro e se tornaram independentes. Porque isso não agrega valor àquela cultura. O Sebrae vem e investe para criar uma marca própria. E, em vez de vender uma saca de café cru por R$ 1000, ele vende por R$ 7 mil torrado e moído. É um espetáculo o que a gente conseguiu. Agora, a Bahia não tem perspectiva de crescer muito com as condições de preços atuais do café. Por quê? O nosso futuro era no oeste. Mas como a renda do café não permite competir com soja e algodão, a gente não pode crescer lá. No semiárido a gente está vendo que o problema climático não permite. Onde nós estamos crescendo na cafeicultura da Bahia? No sul, da zona do cacau até a divisa com o Espírito Santo. Porque chove mais e tem mais opção de irrigação. O problema dos municípios que estão deixando de ser produtores de café é porque chove pouco, não tem água no subsolo e se encontrar alguma água é salgada. E não tem rio perene nenhum. Nós nunca pensamos na Bahia como o maior produtor de café. Tanto que nós dizíamos: como a Bahia não vai ser o maior produtor, vamos ser o melhor. Foi isso que a gente sempre pregou na Assocafé.

Há algum país que possa ameaçar a supremacia do Brasil?

O Brasil tem condições imbatíveis no mundo para continuar produzindo café. Nenhum país no mundo tem área de terra disponível para plantar café como o Brasil tem. Aqui, a Conab anunciou ontem que a safra deste ano foi de 55 milhões de sacas. Nós temos condição de chegar a 70 milhões de sacas com preço bom, se o adubo adequado for colocado e o produtor se dedicar. O país que é o segundo maior produtor de café é o Vietnã, com cerca de 18, 20 milhões de sacas. Já foi um milagre eles chegarem a isso. Eles tiveram apoio do governo francês, que investiu 50 milhões de dólares como contrapartida pela exploração. Depois vem a Indonésia. Na América do Sul, tem grandes produtores como Colômbia, Peru e Equador. Todos esses países são grandes produtores, mas sem possibilidade de crescimento para concorrer conosco. O Brasil está condenado a ser o maior produtor de café do mundo.

Um dado desta semana que chamou a atenção foi a China ter ultrapassado os Estados Unidos no mercado de café mundial em número de pontos de venda. O que isso traz de novas perspectivas?

Essa foi a melhor notícia deste ano. Nós estamos trabalhando há anos para a China ser um grande consumidor do café. Eu fui à China há quase 20 anos atrás para divulgar o café brasileiro. Já fizemos várias missões de brasileiros na China para incentivar o consumo de café. E depois descobrimos que a Starbucks estava sendo uma grande parceira, abrindo lojas de café por lá. Quando eu cheguei na China, Pequim, Xangai, tudo quanto é cidade, tinha uma loja da Starbucks. Pensei, meu Deus, que coisa boa. A Starbucks não vende só café, mas está sendo uma alavanca perfeita para o crescimento do consumo na China. E o consumo está crescendo. A gente tem pouca informação dos números que chegam da China. Mas nós estimamos que, no ano passado, os chineses consumiram três milhões de sacas de café. A gente brinca que, se cada chinês tomar uma xícara de café por dia, a gente está salvo. Tudo que a gente precisa para produzir café no mundo está resolvido. Nós temos realmente uma perspectiva muito grande dessa fase boa de crescimento do consumo de café na China. O mundo consome 172 milhões de sacas de café por ano. Vinte e dois milhões só nos Estados Unidos, que é o maior consumidor do mundo. E lá surgiu uma loja de café em cada esquina. A Starbucks nasceu lá e tem uma rede enorme. A Starbucks está investindo muito na China. E agora, além da Starbucks, tem duas grandes cadeias de loja de café na China de empresários locais. Estão crescendo muito: uma já tem seis mil lojas e outras cinco mil. E agora estão indo para o resto da Ásia. É uma coisa fantástica, porque a Ásia é onde nós temos o menor consumo no mundo. Fora o Japão, que é a maior surpresa. Porque o Japão era o maior consumidor de chá e mudou para café através do solúvel, que era mais fácil. E agora o Japão é um dos maiores consumidores de café de qualidade do mundo. O caminho é esse. O consumidor vai primeiro para o que é prático, que é o café solúvel, e depois muda para o café melhor. Aí é o crescimento da qualidade e do consumo. Então, nós estamos vendo que a Ásia, que crescia pouco no consumo, está disparando. Isso é tudo que o agronegócio queria.

Como o Brasil pode aproveitar melhor essa tendência em termos de políticas estratégicas?

Na realidade nós precisamos ter políticas públicas. Nós já temos plantação, temos área para plantar, temos um mercado crescente e não temos sucedâneo. Porque o cara que produz cacau sabe que pode botar 30% de leite, chocolate, cupuaçu, e continua sendo chocolate. O café não tem como fazer isso. Nós já tivemos políticas públicas no passado, quando existiu o Instituto Brasileiro do Café (IBC). Que acontecia? O IBC tinha um fundo que se chamava Funcafé. O Funcafé tem R$ 6 bilhões para aplicar. Na época usávamos o dinheiro do Funcafé para financiar a colheita, por exemplo. Vai colher café agora e precisa de dinheiro para mão-de-obra, o Funcafé emprestava. Acabou de colher, para não vender na hora, o fundo emprestava um pré-comercialização, pegando café com garantia. E a gente tocava o café. Se o produtor depois quisesse vender e o preço não fosse conveniente, o IBC, que era do governo, comprava o café do produtor, pagava ele e estocava. Nós chegamos a ter 20 milhões de sacas de café em estoque. Hoje nós temos zero de café em estoque. É um negócio ruim porque tem época que o preço sobe porque está faltando café na entressafra. Nós precisamos de uma política de longo prazo para aproveitar a mina de ouro que a gente tem. Que é tudo de tecnologia que nós temos há quase 300 anos já produzindo café aqui. Nós temos tecnologia desenvolvida pela Embrapa, pelo Instituto Agronômico de Campinas, para usar à vontade e conseguir melhor produtividade. Temos áreas e temos o que fazer para concorrer com o clima: investir e financiar a irrigação. O Brasil tem tudo no café. Nos Estados Unidos o consumo cresce 4% ao ano. Aqui, no ano que cresce menos, cresce 2%. Só que nós temos outra fatia, que é do café especial, que cresce até 10, 15% ao ano. O consumidor que está melhorando o paladar dele e querendo uma coisa melhor, vai comprando café especial. Isso está alavancando a produtividade, a produção do café especial e está dando uma renda para o produtor.

O que mais falta para o Brasil não perder esse trem de oportunidades?

Essa é a minha insônia. Eu não consigo dormir porque os políticos não deixam a gente pensar. A gente fala com os políticos tudo isso e eles chegam lá em Brasília e fazem tudo diferente. Como eu disse lá atrás, eu tenho o celular da maioria dos políticos de diferentes partidos. Da Bahia eu tenho todos. Às vezes vai acontecer uma coisa, eu digo, olha é importante vá lá hoje. Às vezes eu pego o deputado do Espírito Santo, de São Paulo, do Paraná para ir pra lá porque nós não temos na Bahia ninguém que esteja sintonizado com o café para defendê-lo. Nós precisamos ter um político que entenda que café é uma grande fonte de receita para o país e um grande gerador de emprego. Enquanto nós tivermos mão-de-obra não qualificada, o café é uma atividade que absorve esse povo.

Para concluir, diante de tantas oportunidades e tantos desafios ao mesmo tempo, o senhor está otimista ou pessimista em relação ao futuro?

Na minha idade não posso mais ser pessimista, se não tivesse chegado até aqui. Mas acho que a gente precisa dialogar. Os políticos precisam ser convencidos que nós estamos no mesmo barco. O que é bom para cafeicultura, para o produtor, é bom para política, é bom para o Brasil. Esperamos conseguir quebrar as resistências, que às vezes não tem fundamentação, para o Brasil tirar proveito do potencial enorme que tem.

Raio-X

Nascido em Valente (BA), João Lopes Araújo é empresário. Foi seminarista, se formou em contabilidade, foi bancário e iniciou a atividade empresarial como comerciante e exportador de sisal, produto de sua região. Ainda no sisal, passou a atuar na cafeicultura, atividade em que continua até hoje. Defensor do associativismo, participa de várias entidades. Está na Associação Comercial da Bahia há mais de 40 anos e foi fundador da Associação dos Produtores de Café da Bahia (Assocafé) que, em 2025, completa 30 anos. Agora é novamente presidente da Assocafé. Fluente em inglês e francês, já visitou 122 países.

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