BAHIA
Profissionais esclarecem a importância da preservação da cena de um crime
Por Dahiele Alcântara* | Joá Souza / Ag. A TARDE
![Alterar a cena de um crime, além de ser uma infração, pode prejudicar o andamento das investigações](https://cdn.atarde.com.br/img/2018/11/1200x720/crime-investigacao-pericia-policia-perito_201811918031721-ScaleDownProportional.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.atarde.com.br%2Fimg%2F2018%2F11%2Fcrime-investigacao-pericia-policia-perito_201811918031721.jpg%3Fxid%3D4347197%26resize%3D1000%252C500%26t%3D1738761049&xid=4347197)
Estudar a cena de um crime é muito mais complexo do que é demostrado pelo famoso e competente perito Sherlock Homes, personagem principal da série que leva o mesmo nome. Alterar a cena de um crime, além de ser uma infração, pode prejudicar o andamento das investigações e acabar inocentando um criminoso.
Processo
Após a Policia Militar ou Civil confirmar o delito, a área deve ser imediatamente isolada, afim de garantir ao máximo a integridade dos elementos. A partir de então o Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoas (DHPP) é acionado para que apenas o perito criminal e agentes da delegacia tenham acesso ao local e dar inicio uma meticulosa investigação.
De acordo com informações do Presidente da Comissão de Segurança Pública e Sistema Prisional da Bahia, Marcos Mello, todo crime deixa algum vestígio do que ocorreu. "São os vestígios que auxiliam na investigação pericial. Por isso, é fundamental que o local seja isolado e preservado o mais breve possível". Informa o advogado criminalista.
Para o Perito Criminal da Coordenação de Crime Contra a Vida, Isac Queiroz, quanto mais pessoas tiverem acesso a cena do crime mais dados são comprometidos e perdidos "A população não respeita o isolamento o que pode acarretar em perda total e não se consiga extrair nenhuma materialidade. É preciso entender que é determinante para a elucidação de um crime, seja ele homicídio, arrombamento ou dano ao patrimônio que o DHPP desvende o ocorrido o mais breve possível".
Para esclarecer o ato delituoso deve-se garantir a integridade dos vestígios deixados pelo suspeito, lembrando que esse é apenas o primeiro passo de uma investigação minuciosa para que a justiça seja feita. "A discussão ou ausência de provas podem comprovar a existência do crime. Ao ser preservado corretamente, o local fornece elementos imprescindíveis para a determinação de como ocorreu e a possível autoria do delito", esclarece Mello.
Conforme previsto pelo Artigo 179 do código Penal, o sujeito que propositalmente tenta modificar ou encobrir dolosamente a cena do crime, pode pegar de seis meses a dois anos de prisão. Uma possível contaminação da cena do crime implica na descaraterização das evidencias. Pois, os elementos são muito frágeis e de fácil contaminação.
Isac relatou ao Portal A TARDE que a rotina do trabalho é exaustiva porém gratificante. "A rotina é cansativa, trabalhamos em um plantão de 24h já que crime não tem hora para acontecer. Perdemos noites mas é gratificante ver o resultado do nosso trabalho dentro do processo de investigação e mais ainda é ver o crime solucionado". O profissional ainda conta que é sempre triste casos de homicídios contra crianças e idosos. "Não podemos transparecer sentimentos mas esses casos afetam bastante a gente, somos humanos".
Interessados em atuar na área devem ter ensino superior completo ou curso de perito técnico. A partir dai a pessoa pode prestar concurso público para perito criminal e caso seja aprovado passa por um treinamento que lava de 4 a 6 meses.
Investigação
A Delegada do Serviço de Investigação de Local de Crime (SILC) do Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), Marilene Lima, é categórica em enfatizar que é essencial isolar o local. "Se você não toma os devidos cuidados, você não tera a devida integridade e consequentemente entregará um resultado burlado", explica.
A Delegada criminal menciona ainda o caso mais marcante dos seus quase 8 anos de carreira, onde uma criança menor de cinco anos de idade foi estuprada e morta por um homem que fingiu socorrê-la. O caso ocorreu no bairro de Periperi e o próprio autor fingiu socorrer a vítima como se nada tivesse acontecido e nós conseguimos elucidar e ele foi automaticamente preso", revela.
*Sob a supervisão de editora Lhays Feliciano
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