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“Sem água não existe vida”, diz Rogério Cedraz, presidente da Embasa

Por Osvaldo Lyra

22/03/2021 - 6:15 h | Atualizada em 22/03/2021 - 6:34
Chefe da Embasa fala sobre panorama da água no estado | Foto: Mateus Pereira | GovBA
Chefe da Embasa fala sobre panorama da água no estado | Foto: Mateus Pereira | GovBA -

À frente da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), o presidente Rogério Cedraz tem o desafio de preparar a companhia para o que prevê o novo Marco Regulatório, que é de “atingir 90% em esgotamento e 99% em abastecimento de água até 2033. De acordo com ele, empresa vai investir, só em 2021, cerca de R$ 1 bilhão. Confira:

O governador Rui Costa anunciou isenção na cobrança de água para os próximos três meses. Como o senhor avalia essa medida e qual o impacto dela?

Sem dúvida é uma medida de grande importância para a população que vive em vulnerabilidade social aqui na Bahia. Na realidade, é uma reedição do benefício de isenção do pagamento da tarifa de água e esgotopormais90 dias, para famílias que têm ligação de água escrita na tarifa social da Embasa e que consomem mensalmente até 25 metros cúbicos (m³), que é um volume de água já bastante amplo. E sem dúvida vai ter um impacto bastante positivo, você reverte aí um benefício social que resulta também em salubridade para essas famílias, sustentabilidade para prestação do serviço de água e esgoto nesse cenário econômico difícil. A gente tem que lembrar que nesse período de pandemia, essas famílias estão sendo impactadas em suas economias, tendo dificuldade para manter as suas receitas, e essa política vai ser de grande impacto para que essa população.

A Assembleia Legislativa autorizou o estado a contratar um empréstimo de R$ 1,5 bilhão do Banco do Brasil para obras de infraestrutura. Como esses recursos serão utilizados pela Embasa?

Na realidade, a Assembleia autorizou R$ 500 milhões do Banco do Brasil para a Embasa. Eu acho que o estado tem um outro financiamento superior de R$ 1,5 bilhão, mas no nosso caso foi um empréstimo específico para a Embasa através do estado, de R$ 500 milhões, que é fruto, na realidade, dos bons indicadores que a companhia vem conseguindo ter nesses últimos anos. Temos tido uma crescente na nossa margem de geração de caixa e crescimento de receita líquida. Isso ajuda exatamente para que os bancos façam uma boa análise da companhia e possa conceder esses empréstimos. E com a aprovação agora, a gente espera ainda em 2021 estar dando seguimento a um grande projeto de investimentos, o que já vem acontecendo no estado há um bom tempo, e esse faz parte também de um projeto para que a gente consiga atender todas as demandas e metas definidas no novo marco regulatório. Ou seja, a Embasa tem que atingir 90% em esgotamento sanitário e 99% em abastecimento de água até 2033. Só para você ter uma ideia, a gente tem uma expectativa de ainda em 2021 investir algo em torno de R$ 1 bilhão, a maior parte de recursos próprios. Temos feito uma série de novas licitações, tem um projeto já em andamento bastante robusto, exatamente para que a gente consiga garantir o cumprimento dessas metas do novo marco regulatório dentro dos prazos estipulados. Esses recursos especificamente dos R$ 500 milhões têm já um direcionamento para uma série de obras de esgoto que a gente deve estar licitando ao longo do ano de 2021, e esses recursos devem ser utilizados ao longo do ano de 2022 até o ano de 2023. E aí contemplará obras em Serrinha, Barra do Joça, Capim Grosso, Riachão do Jacuípe, Amargosa, Conceição do Coité, entre outras cidades de todo o estado.

Que desafios a Bahia ainda precisa superar na gestão hídrica?

A Bahia é um estado que tem 70% do seu território inserido na região semiárida, que naturalmente já possui uma grande escassez hídrica, ou seja, são áreas que têm maior dificuldade de disponibilidade hídrica. Por isso mesmo, o estado vem investindo em importantes obras ao longo desses últimos anos, principalmente em obras de implantação de barragens. A gente pode citar o Rio Colônia, que foi uma obra construída em Itapé pela própria Embasa e que vai atender a região ali no entorno de Itabuna; a Barragem do Catolé, que vai garantir o abastecimento de Vitória da Conquista, Belo Campo e Tremedal; a Barragem de Baraúnas, que também está em construção pelo estado. Ou seja, uma série de intervenções exatamente para garantir uma melhoria das condições do estado em questões hídricas. E aí você tem outros projetos sendo analisados para que esse processo possa ser ampliado através da Secretaria de Infraestrutura Hídrica do Estado. A Embasa tem hoje uma série de sistemas integrados. A Embasa, na realidade, é uma usuária dos recursos hídricos, onde a gente faz as captações nos mananciais, que pela dificuldade que a gente tem nessas áreas inseridas no semiárido, a gente tem poucas opções de mananciais que sejam sustentáveis, ou seja, que não vão ter carências ao longo do tempo. Então é uma espécie de regionalização já do saneamento onde a gente faz grandes sistemas integrados e cada vez mais a empresa vem integrando os sistemas para dar mais segurança operacional, ou seja, quanto mais integrado, a gente vai buscar água em locais mais seguros, onde a gente tem menos chance de algum tipo de falha no processo que a gente possa garantir os abastecimentos. E nesses últimos 14 anos, através do Programa Água para Todos, uma série de investimentos foram feitos e uma série de sistemas foram implantados. A gente pode citar alguns importantíssimos na região do semiárido como o próprio sistema adutor do São Francisco que abastece mais de 16 municípios ali na região de Irecê; o sistema adutor do algodão, que atende 8 municípios e uma série de localidades rurais. Essa é uma alternativa de solução que nessas regiões semiáridas, às vezes o município está até com uma situação de calamidade por questões se seca, mas mesmo assim garantimos o abastecimento das cidades para consumo humano. Ou seja, mesmo com a seca, a Embasa garante água para o consumo das pessoas. Na realidade, não é água suficiente para o plantio, é água para abastecimento humano, a empresa consegue garantir através desses sistemas o bom atendimento para toda essa população.

A Embasa lidera o número de reclamações no Procon em 2020. Como o senhor vê as críticas relacionadas, sobretudo, à falta de abastecimento de água e esgotamento sanitário? Faltam investimentos?

Não, na realidade, em questões de investimento, a empresa tem um programa bastante amplo. Nós tivemos um upgrade para o estado muito grande em termos de atendimento já com vista na universalização. O que nós temos que pensar também é que a Embasa é uma empresa que atende a mais de 10 milhões de habitantes no estado da Bahia. A gente está presente em mais de 368municípios e assim como a parte de energia, a gente está presente em praticamente todas as casas onde tem atendimento, porque ninguém vive sem água. E a Embasa vem trabalhando a cada dia buscando a regularização dos seus processos. A gente sabe que temos alguma margem, uma boa margem de melhoria, e é exatamente nisso que a gente vem trabalhando para, gradativamente, conseguir um atendimento pleno de toda a população. Lógico, tem outras questões também que não podem deixar de ser mensuradas. O atendimento de saneamento é muito amplo. A Embasa atende exatamente água e esgotamento sanitário. E a gente às vezes tem algumas dúvidas na hora que a gente está com problemas entre drenagem, entre esgoto, entre o que é água, entre o que é água fluvial. Então como a população às vezes não tem bem essa informação, muitas vezes uma parte dessas reclamações, quando a gente vai avaliar, é um problema mais de drenagem, é um problema, por exemplo, de alagamento de determinada região. A Embasa não atende esse tipo de serviço. Porque os sistemas de esgoto são completamente independentes. Mas sempre existe esse tipo de problema.

Tem ainda a questão das ligações clandestinas...

Isso mesmo, infelizmente temos um volume muito grande de ligações clandestinas no nosso sistema, que são aquelas que as pessoas interligam sem grandes ações técnicas, elas vão de forma direta na nossa rede, fazem a interligação e ligam suas residências. E qual a consequência disso? Primeiro o risco que se gera de contaminação, porque você fez uma inserção na tubulação de água da concessionária sem as devidas preocupações técnicas, isso pode gerar algum tipo de contaminação. E também vai gerar um consumo de água não previsto. Normalmente, essas ligações irregulares têm consumos que são 2, 3 vezes superiores a uma ligação normal. Porque como você não tem a cobrança, acaba havendo um maior desperdício. E isso gera o quê? Gera redução de pressões da rede, uma série de problemas que acabam gerando também algum tipo de reclamação motivado por esse mau uso da rede. Existem outros fatores também que contribuem para isso. Por exemplo, a gente precisa que todas as ligações e todas as edificações estejam preparadas para receber o saneamento. Precisa do reservatório para que se possa abastecer, imaginando que Salvador, dando como exemplo, tem mais de 4 mil quilômetros de tubulação enterrada, é uma quantidade muito grande, qualquer vazamento quando tem você precisa fechar o sistema. Se a pessoa não tiver sua devida reservação, à medida que você fecha o sistema, automaticamente aquela casa deixa de ser abastecida por não ter uma reserva ali. Então são coisas do gênero que acabam gerando esse tipo de posição. Mas a gente tem noção também que temos ações a fazer para melhorar a própria empresa e buscar essa melhoria da prestação de serviços. Mesmo nesse momento de pandemia a gente está com todo o nosso efetivo trabalhando em campo, exatamente para levar ao nosso usuário o menor impacto possível mesmo nesse momento difícil.

Em que ponto está o processo de abertura de capital da Embasa, e a PPP que vai atuar em Feira de Santana?

Em termos da abertura de capital, a Embasa tem evoluído nesse processo, que é mais complexo, e exige uma série de alterações, mudanças e adaptações da própria companhia. A Embasa teve uma consultoria ampla, nós fizemos um bom diagnóstico da empresa, e estamos agora preparando para deixá-la apta a uma possível abertura de capital. Mas também depende do cenário macroeconômico do momento, do cenário do saneamento do momento, e depende também do apetite dos investidores naquele momento para que a gente possa ter realmente uma abertura de capital consistente, que traga todos os benefícios necessários para a concessão e para a concessionária. A empresa tem evoluído muito em seus indicadores empresariais. A gente tem uma crescente em termos de resultados, de fluxo de caixa líquido. A empresa tem evoluído bem, a gente tem uma relação hoje de custo/operação cada vez mais enxuta, temos um projeto muito grande dentro da companhia de melhoria de custeio, ou seja, já tendo resultados bastante expressivos com números. No ano passado, por exemplo, tivemos quase cento e poucos milhões de resultado em termos de economia somente em programas desse tipo. Nós estamos, por exemplo, lançando ao longo desse ano, uma chamada pública para a auto-geração de energia, onde, com isso, a Embasa pretende economizar por ano valores bastante significativos. E tudo isso tem dois objetivos. Primeiro, melhorar sua eficiência, seus resultados e garantir com isso o reinvestimento desse resultado todo na parte dos municípios, no atendimento à população, na melhoria do nosso atendimento. Porque a empresa hoje reverte praticamente todos os seus resultados nisso. Quanto à PPP de Feira de Santana, realmente ela vem se desenvolvendo, nós temos um projeto em andamento, são vários estudos que têm que ser feitos, não só a parte técnica, dos projetos, o que precisa, as obras que vão ser contempladas, como serão as operações, e também toda a parte econômica e financeira e toda a questão institucional a ser definida, jurídicoinstitucional, para que se defina quais seriam os modelos mais aptos para evoluir nessa possível parceria público-privada de forma a garantir o melhor resultado para a população. Essa PPP tem como principal foco a ampliação dos esgotamentos sanitários da região, o foco maior é acelerar a parte de esgotamento sanitário, então a gente está concluindo ainda nesse primeiro semestre toda essa parte dos estudos de base e a gente pretende ainda no início do segundo semestre estar lançando já a licitação para toda a região.

Temos o que comemorar no Dia Mundial da Água?

Nós temos, sim. Eu acredito que o estado da Bahia tem evoluído muito na parte de saneamento. Lógico que a água é um bem muito precioso, a população tem que enxergar a água hoje como um dos bens mais preciosos que nós temos. Sem água não existe vida. A água é um solvente universal e que compõe mais de 70% do nosso corpo. E a gente tem que pensar um outro lado. No globo terrestre, apesar de a água representar 70% da superfície através dos mares, 97% dessa água é salgada, não são aproveitadas para abastecimento humano. O que a gente conta de disponibilidade de água é muito pouco. Desses 3%, só 1%está disponível, porque os outros 2% estão aí nas geleiras, em condições que a gente não tem como aproveitar. A gente tem que cuidar muito bem da nossa água. A Embasa tem feito um papel importante, é uma das principais ações da companhia é que nós captamos a água no meio natural, essa água vem com certas impurezas, cor, turbidez, algumas bactérias. Essa água passa por um processo complexo, um processo industrial de tratamento, onde entram produtos químicos, processos físicos de tratamento. E depois fornecemos essa água já com qualidade, bem tratada para a população. E o saneamento é um instituto que tem um processo total. Ou seja, eu faço a captação, processo, entrego ao cliente, depois nós vamos lá através do sistema de esgotamento sanitário, pegamos essa água, retratamos novamente e devolvemos ela de volta ao meio ambiente, normalmente até em condições melhores do captamos. Todo esse processo visa também proteger esses mananciais, visa melhorar. Também tem outras coisas a fazer, temos que saber com ousá-la, tratara água muito bem, proteger os mananciais, mantendo a mata ciliar, mantendo as nascentes bem protegidas para que elas possam se manter sempre na condição que a gente tem hoje. Mas, de forma geral, eu acho que o baiano tem sim bons motivos de comemorar o Dia Mundial da Água, primeiro porque muitas intervenções têm sido feitas para protegê-la. A gente quer não figurar sequer na lista de defesa do consumidor (Procon), a gente quer mostrar à população realmente que a gente tem condição de fazer o melhor trabalho possível.

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