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Análise da vassoura-de-bruxa enfraque denúncias da Veja

Por Agência Estado

20/06/2006 - 20:45 h

Uma nova análise genética da praga da vassoura-de-bruxa mostra que a epidemia que devastou as plantações de cacau do sul da Bahia na década de 90 foi causada por apenas duas variedades do fungo Crinipellis perniciosa, enquanto na Amazônia, onde o fungo é endêmico, há possivelmente milhões de variedades selvagens.



Os resultados alertam para o risco de novas epidemias, pois as plantas usadas hoje na lavoura podem não ser resistentes a outras variáveis da praga. Além disso, sugerem fortemente que a denúncia relatada na última edição da revista "Veja” é insustentável do ponto de vista científico. Segundo a reportagem, a vassoura-de-bruxa teria sido introduzida na Bahia por militantes de esquerda, que trouxeram ramos infectados de Rondônia para sabotar a supremacia econômica e política dos barões do cacau baianos.



Quem relata a história é um dos executores da trama: Luiz Henrique Franco Timoteo. Segundo uma auto-denúncia registrada por ele em setembro de 2005, as amostras do fungo foram coletadas em pelo menos quatro cidades rondonenses - Ouro Preto do Oeste, Jaru, Cacoal e Ariquemes - e os ramos infectados, amarrados como bombas biológicas em árvores de várias fazendas do sul da Bahia, ao longo da BR-101, entre 1987 e 1991.



"Não tenho dúvidas de que a introdução foi criminosa, mas essa história, da maneira que foi contada, é altamente improvável”, disse o pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador do Projeto Genoma da Vassoura-de-Bruxa, Gonçalo Pereira. Sua contestação baseia-se nos resultados de um estudo genético concluído no ano passado e que, coincidentemente, foi aceito este mês para publicação na revista científica especializada “Mycological Research”.



Os pesquisadores compararam geneticamente amostras do fungo de várias localidades do Brasil e do Equador. Os dados mostraram que a variabilidade do Crinipellis perniciosa na região amazônica é enorme, apesar de haver apenas duas variedades do fungo no sul da Bahia. Segundo os cientistas, a epidemia baiana cresceu a partir de dois únicos focos de infecção, nos municípios de Uruçuca e Camacã, em 1989. “Se o que ele (Timoteo) conta é verdade, deveria haver vários focos e vários tipos diferentes de fungo”, afirma Pereira, que coordenou o estudo. "A chance de ele ter pego fungos de várias localidades, em diferentes anos, e apenas dois terem se desenvolvido é praticamente nula.”



Por coincidência, o estudo incluiu amostras de vassoura-de-bruxa de três cidades de Rondônia, duas das quais citadas por Timoteo: Ouro Preto do Oeste, Ariquemes e Ji-Paraná. “Pegamos apenas um isolado de cada região e os três já são muito diferentes entre si. Assim sendo, a chance do sabotador ter conseguido apenas dois isolados, tendo feito uma coleta aleatória em diferentes propriedades dessas regiões, é próxima de zero”, explica Pereira.



Ele faz uma analogia com testes de paternidade: “Não sei dizer quem é o pai, mas esse eu digo que não é.” O genoma da vassoura-de-bruxa possui muitos transposons - pedaços de DNA que "pulam” de um lugar para outro nos cromossomos, o que produz uma série de rearranjos genéticos e, conseqüentemente, uma grande variedade de fungos. Ao mesmo tempo, a C. perniciosa é uma espécie que cruza muito com si mesma, resultando em uma forte uniformidade genética dentro de cada variedade.



Evidências biológicas que, segundo o cientista, corroboram a tese de que só duas variedades do fungo foram introduzidas na Bahia. Risco futuro - A grande preocupação dos cientistas agora refere-se ao risco de novas introduções. Todos os esforços para recuperação da lavoura são baseados em uma única variedade resistente de cacau, originária do Peru. Ela se defende bem contra as duas variáveis do fungo presentes na região, mas não há garantia de que seja resistente a outras formas genéticas da praga, segundo o pesquisador Antonio Figueira, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da Universidade de São Paulo em Piracicaba.



Por isso, dizem os cientistas, é imprescindível que se evite a entrada de material infectado na região. O que exige, impreterivelmente, trabalho de fiscalização. Segundo os pesquisadores, não há possibilidade do fungo chegar sozinho ao sul da Bahia. “O esporo é muito sensível, não agüenta longas distâncias”, explica Figueira. Mais uma confirmação de que o fungo só chegou à região pela mão do homem.



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