CRÍTICAS
Evangélicos “fizeram por merecer” má fama, diz reverendo
Caio Fábio D'Araújo, líder progressista entre os evangélicos critica os “aiatolás” das igrejas brasileiras
Por Da Redação
O reverendo Caio Fábio D'Araújo Filho foi considerado o pastor número um do país nas décadas de 1980 e 1990 por colegas, incluindo o então jovem Silas Malafaia. Entretanto, por suas críticas ácidas ao evangelicalismo nacional, o pastor de Manaus se tornou uma figura impopular no segmento religioso e atualmente é uma referência para a minoria progressista.
De acordo com o líder religioso, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, sob a liderança de pastores com tendências autoritárias, evangélicos "mereceram" a má reputação frequentemente associada a eles pela sociedade secular.
“Tenho que admitir que o olhar da sociedade para evangélicos não é exageradamente negativo. Eles fizeram por merecer no curso dos últimos 40 anos. Desenvolveram-se suficientemente, do ponto de vista numérico e no que diz respeito a ambições políticas e a ênfase que deram no dinheiro, de tal modo que Deus não ouve orações se o indivíduo não fizer sacrifícios financeiros. Existem exceções, mas são infelizmente apenas isso”, argumenta o pastor.
Na entrevista concedida, o membro da Catedral Presbiteriana do Rio criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), chamando-o de "déspota perverso" que encontrou apoio nas igrejas. Além disso, o entrevistado também falou sobre a relação incerta com seu amigo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Muitos líderes têm vocação para aiatolá, coronelismo, sempre estiveram nessa situação de despotismo comunitário. Um cara como Bolsonaro, um déspota perverso e insano, caiu como uma luva. Não precisa ter lógica. Basta alguém chegar tremendo e dizer ‘o Senhor me deu uma ordem’ que todo mundo corre atrás”, defende D'Araújo Filho.
Ele comentou ainda do porquê de evangélicos terem votado em massa em Bolsonaro. “Ele prometia dar todos os favores à igreja evangélica. E ainda introduziu a história do armamento. Evangélicos nunca deram ênfase a isso, civil com arma diziam logo que era coisa do Diabo. Liderei a campanha do desarmamento em 1994. O público que mais apoiava era o evangélico”.
Sobre a proximidade com o atual presidente, o pastor aponta que apesar do estranhamento com o petista quando foi presidente nos dois primeiros, mandatos, voltou a admirar o atual presidente quando Lula foi preso, em 2018. “No dia de Lula ser preso, cresceu imensamente no meu conceito outra vez. Não fugiu, entrou na cadeia e fez o melhor que pôde. Quis visitar, mas achei que PT iria julgar como espécie de oportunismo”.
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