BRASIL
Laudo alerta: há risco na Linha 4 do metrô de São Paulo
Por Agencia Estado
Um laudo elaborado pela empresa Tecnoplani Inspeções, 15 dias depois do acidente no canteiro de obras da Estação Pinheiros da Linha 4 do Metrô, apontou problemas na estrutura metálica que sustenta as paredes da futura Estação Fradique Coutinho e que poderiam causar ?acidentes de proporções imprevisíveis?. O documento veio a público ontem em reportagem do Jornal Nacional.
A nova inspeção foi feita, segundo o secretário de Transportes Metropolitanos, José Luís Portella, a pedido do governo do Estado. ?Foi por causa disso que os problemas apareceram.? A ordem foi despachada em 17 de janeiro. Três dias depois, os trabalhos começaram e cerca de 20% do serviço já foi refeito.
Segundo laudo do inspetor de soldagem Nelson Augusto Damásio, a recomendação era paralisar as obras até que se iniciassem os trabalhos de recuperação das soldas, pois havia o risco de elas romperem. Entre os problemas apontados está o uso de ?bacalhau? - preenchimento de espaço entre as vigas com pedaços de metal e solda - , além do uso de materiais em discordância com as normas técnicas.
Especialistas em soldagem confirmam que o laudo da Tecnoplani demonstra claramente que há muitas gambiarras no serviço. ?Isso acontece sempre que há empresa terceirizada?, alertou um soldador que presta serviços para a Petrobrás. Para ele, a existência de ?bacalhau? pode comprometer toda a estrutura construída, e o uso de materiais em desacordo com as normas técnicas é fator preocupante. ?Para derreter os eletrodos, por exemplo, é preciso mantê-los dentro de estufas, aquecidos. Para cada tipo de material há um eletrodo diferente.? Ele disse que todo o serviço feito para a Petrobrás passa por rigorosa inspeção, o que inclui raios X. ?Se for detectada uma mínima diferença na solda, se aparece um buraco, é preciso refazer todo o serviço.?
Um inspetor de soldagem com 29 anos de experiência disse que as ?não-conformidades? mostradas no laudo ?são problemas elementares para qualquer tipo de solda?. Ele destacou a ausência de estufas portáteis para evitar excesso de umidade nas soldas e a prática do ?bacalhau?. ?Isso é algo inexistente pelas normas internacionais.?
Para o diretor de engenharia civil do Instituto de Engenharia, Roberto Kochen, as conclusões do relatório revelam desleixo na execução do trabalho. ?Seria preciso visitar a obra para saber o que ocorreu porque economizar em solda me parece improvável e deixar de soldar uma junta que deveria ter sido soldada ou fazer o trabalho pela metade é grave.? Kochen soube do laudo pelo Estado. ?A soldagem tem métodos de inspeção e especificação próprios. Você faz ensaios, ultra raio X para verificar como a solda está se comportando. Não é algo tão simples.?
Ao Jornal Nacional, Damásio disse apenas que fez o laudo. ?Fui contratado. Fui lá, fiz a avaliação e o laudo é deles.?
A segunda inspeção no início do mês constatou porosidade e trincas no ligamento das estruturas. ?Fico (com medo), mas não posso passar isso para o pessoal?, disse um funcionário que faz o trabalho. As informações são do O Estado de São Paulo
*Com Eduardo Reina, Juliano Machado e Sérgio Duran
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