BRASIL
Maioria dos jovens acompanhados pelo SUS está se alimentando mal
Por Gabriela Albach l A TARDE SP
Mais da metade dos adolescentes acompanhados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) se alimentaram de maneira inadequada em 2017. Essa foi à conclusão do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), que verificou a qualidade dos produtos ingeridos pelos jovens de todo o País.
O levantamento apontou que 55% estão consumindo comidas industrializadas, como salgadinho de pacote, biscoito salgado e macarrão. Outros 42% comem hambúrguer e/ou embutidos regularmente e 43% abusam dos doces e guloseimas. Na Bahia, os índices são um pouco mais baixos: 48%, 32% e 42%, respectivamente.
De acordo com Daniela Cierro, diretora da Associação Brasileira de Nutrição (Asbran), vários fatores levam a esse cenário. “Muitas vezes os hábitos vem da própria família, por não ter tempo de se dedicar a uma alimentação correta. Outro fator é que hoje em dia os jovens tem mais acesso à compra, e dentro dessa autonomia o critério que eles usam é do que é gostoso. Muitas vezes não há uma orientação vinda da mídia ou da família sobre a composição dos alimentos industrializados, para que as pessoas possam fazer escolhas conscientes”, afirma.
Na adolescência podem surgir novos hábitos alimentares, de acordo com situação socioeconômica, vida social. O adolescente está buscando sua identidade e está inserido em diversos grupos de amigos. Dessa forma, muitas vezes para se sentir enturmado, acaba optando por consumir alimentos que são considerados legais e práticos, na opinião da nutricionista do Instituto EndoVitta, Angelica Grecco.
Consumo de refrigerante, sucos artificiais ou mesmo sucos naturais, com açúcar adicional, embutidos e o abuso de alimentos processados, são prejudiciais à saúde e favorecem quadros de obesidade desde a infância precoce. “Dados revelam que adolescentes com obesidade aos 19 anos têm 89% de chance de ser obeso aos 35 anos, por isso é necessário investir na promoção de uma alimentação adequada e saudável, especialmente na infância e na adolescência”, alerta Eduardo Nilson, coordenador-substituto de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde.
Estima-se que cerca de 8% dos jovens entre 13 e 17 anos estão obesos. A endocrinologista Maria Edna de Melo e presidente da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), chamou atenção para o fato de que a obesidade diminui a expectativa de vida em até dez anos e necessita de tratamento em longo prazo, mas ainda é uma doença negligenciada.
A médica gastroenterologista, Virgínia Figueiredo, da Diagnoson a+, reforça que o hábito alimentar saudável deve ser construído já na infância, e que não é preciso se privar do que gosta de comer ou ficar escravo da balança. “O caminho é o do equilíbrio. Quando percebemos que é possível preparar alimentos saudáveis e saborosos e que podemos contar com eles para a promoção da nossa saúde e do nosso bem-estar, fica mais prazeroso adotar uma alimentação alinhada à um estilo de vida mais saudável”, diz.
Além disso, é importante lembrar que os alimentos industrializados no geral, principalmente se consumidos regularmente, podem trazer uma série de malefícios à saúde. “Quanto mais produtos naturais consumirmos, menores serão as chances de termos problemas sérios de saúde derivados de aditivos alimentares. Por isso, manter uma alimentação saudável e balanceada é sempre a melhor escolha”, conclui Débora Bonhen Guimarães, coordenadora do Departamento de Nutrição da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD).
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