BRASIL
Ônibus são queimados e governo admite ação do PCC
Por Agencia Estado
Dois ônibus e uma van foram queimados na noite de ontem, no Parque Bristol, zona sul de São Paulo, no que pode ser uma nova onda de ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC). Não havia registro de feridos até a 0h30 de hoje.
Por volta das 22 horas de ontem, criminosos em uma motocicleta fizeram pelo menos dez disparos contra um carro da Polícia Militar na entrada principal da Estação Ipiranga da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). O veículo não chegou a ser atingido.
Os ataques podem ter ligação com um início de motim registrado durante o dia na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no oeste do Estado, onde estão quase 800 detentos apontados como integrantes do primeiro escalão do PCC. A Secretaria de Segurança admitiu que a retomada dos ataques do PCC é a principal hipótese para explicar os atentados. O secretário Ronaldo Marzagão esteve no local em que ônibus foram incendiados, no Parque Bristol. Ele colocou as Polícias Civil e Militar em estado de alerta.
Segundo policiais civis, a informação dos novos ataques foi obtida por meio de três grampos telefônicos feitos pelas Polícias Federal e Civil. Oito delegados do Grupo de Operações Especiais da Polícia Civil estavam reunidos, para discutir ações contra o PCC, quando souberam dos veículos incendiados.
Às 21h15, no ponto final da linha Parque Bristol/Vila Mariana, motoqueiros encapuzados e armados jogaram um galão de gasolina no ônibus vazio e parado e atearam fogo. Antes, pediram para o motorista descer, avisando que ?o problema não era com ele?. O incidente ocorreu na Rua John Audubon, no Jardim São Silvestre.
A polícia acredita que os mesmos criminosos agiram quase uma hora mais tarde, às 22h10, na Praça Cílio Carnelos. Um ônibus que faz a Linha Jardim Clímax/Metrô São Judas e estava estacionado na Rua Doutor Luís Gonçalves Júnior foi atacado por motoqueiros encapuzados. Também dessa vez, os bandidos, que estavam com a gasolina numa garrafa plástica PET e armados de pistolas, pediram para o motorista Gerson Novo de Melo, de 40 anos, descer e não chamar a polícia, porque ?a treta? não era com ele. Em seguida, no mesmo ponto final, 20 metros à frente, atearam fogo a um microônibus, que também estava vazio.
Por volta da 0h20 a praça estava isolada por policiais e vigiada por seis viaturas da Polícia Militar e da Polícia Civil (Deic). A área é residencial e os moradores, assustados, olhavam pela janela, fechados em casa. Os ônibus ficaram totalmente destruídos, apesar de os bombeiros terem chegado rapidamente ao local.
REAÇÃO
Em Venceslau, os presos tentaram resistir ontem à transferência para outras alas do presídio. Homens do Grupo de Intervenção Rápida (GIR) e PMs da muralha responderam com tiros de balas de borracha e de armas de fogo. Até as 22 horas, não havia confirmação sobre o término da mudança nem sobre supostos feridos.
A tensão em Venceslau já começou pela manhã, quando agentes, apoiados pelo GIR e pela Tropa de Choque, fizeram blitz à procura de drogas e celulares. Às 15 horas, a direção decidiu mudar um grupo de detentos das alas (raios)em que estavam. Os presos resistiram e quebraram os vidros das celas nos raios 1 e 2. O impasse permanecia até 0h30. A energia elétrica e água foram cortadas.
Fontes do sistema prisional foram avisadas de que, se os PMs entrassem no presídio, haveria outra onda de ataques contra o Estado. Policiais interceptaram uma ligação de um preso comentando isso.
A Secretaria da Administração Penitenciária avaliava ontem se iria suspender o banho de sol nos presídios da região oeste. A Assessoria de Imprensa do Palácio dos Bandeirantes informou na madrugada de hoje que o governador José Serra não iria se pronunciar sobre o assunto.
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