Menu
Pesquisa
Pesquisa
Busca interna do iBahia
HOME > BRASIL
Ouvir Compartilhar no Whatsapp Compartilhar no Facebook Compartilhar no X Compartilhar no Email

BRASIL

PL amplia acesso de população trans a universidades

Criação de cota foi proposta pela deputada Erika Hilton, mas ainda precisa tramitar no Congresso

Por Priscila Dórea

24/07/2023 - 6:00 h
mora Vitória Santos Alves, estudante de enfermagem da UFBA
mora Vitória Santos Alves, estudante de enfermagem da UFBA -

Um Projeto de Lei (PL) que prevê que as universidades e institutos federais de ensino reservem 5% de suas vagas para pessoas transexuais e travestis - que somam quase 4 milhões de pessoas no Brasil, de acordo com estudos da Universidade Estadual Paulista (Unesp) - foi protocolado pela deputada federal trans Erika Hilton (PSOL-SP) e agora aguarda despacho da Câmara dos Deputados. Tornar as cotas para a população trans uma lei é um passo enorme, mas especialistas e estudantes apontam que ainda há muito a ser feito para garantir dignidade e educação de qualidade para essas pessoas.

Aluna do curso de enfermagem da Universidade Federal da Bahia (Ufba) - onde cotas para pessoas trans e travestis existem desde 2019 -, a estudante trans Amora Vitória Santos Alves é membro fundadora do Coletivo Trans Ufba e uma dos 51 estudantes trans ativos que a federal tem atualmente. Ela fez parte da comissão que contribuiu para a construção do PL e aguarda com expectativa a aprovação. Porém, afirma Amora, melhorias ainda precisam ser feitas, principalmente acerca da comprovação dos estudantes.

“Na primeira vez que pisei na Ufba como aluna de enfermagem foi muito prazeroso e até hoje não encontrei nenhum foco de transfobia por parte dos alunos ou professores, mas a minha entrada como pessoa trans foi muito fácil, bastou que eu enviasse um termo pela internet. Os riscos de fraudes em um sistema tão frágil são imensos”, explica a estudante, que afirma ser lógico a chance de haver fraude com um sistema assim.

"E isso já foi comprovado uma e outra vez antes, com os inúmeros casos de fraude dentro do sistema de cotas raciais. Temos que aprender com o que aconteceu antes e fazer uma versão melhorada”, explica Amora, que afirma ter levado questões quanto a isso durante as discussões para a criação do PL, que por sua vez, no formato que está agora, exige apenas a autodeclaração do estudante.

De acordo com o Inep, por meio de dados produzidos pelo Grupo de Estudos Multidisciplinar da Ação Afirmativa (Gemaa), em 2020 e 2021, apenas cinco universidades públicas brasileiras destinaram cotas para o ingresso de pessoas transexuais e travestis na graduação. Tornar as cotas para pessoas trans uma lei, aponta o avaliador do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), Rodrigo Bouyer, sócio do Somos Young, é uma reparação histórica e contemporânea

Porém, implantar essa lei é apenas o primeiro passo, argumenta ele. “É preciso haver uma bolsa permanência para essas pessoas, pois o ensino superior não é barato e o acesso das pessoas trans ao mercado de trabalho ainda é permeado de muitos estereótipos e preconceito. O que nos leva a necessidade de oportunizar empregos para essas pessoas, com ministérios do Trabalho e da Indústria, por exemplo, trabalhando em conjunto. A precariedade na qual grande parte da população trans vive não vai ser revertida se não houver trabalho”, enfatiza Rodrigo Bouyer.

As pessoas trans são excluídas socialmente desde muito novas, salienta o coordenador do Centro de Promoção e Defesa dos Direitos LGBT da Bahia (CPDD-LGBT), Renildo Barbosa, e isso as faz ter nenhum ou pouco acesso até mesmo ao básico. “Essa cota é uma forma de reparar parte dessa exclusão que essas pessoas sofrem durante a vida, que as permite dar esse passo para ter educação superior. Promover essa reparação da melhor forma possível é o que nós, enquanto sociedade, devemos nos ater”.

Pioneira

Em 2018, a Universidade do Estado da Bahia (Uneb) ampliou o escopo da sua estratégia de equidade ofertando, além de vagas para outras minorias sociais, 5% de sobrevagas - aquelas que vão além das previstas nos certames - para transexuais e travestis. De acordo com os dados do primeiro semestre de 2023, da Secretaria Geral de Cursos da Uneb, a universidade conta com 65 graduandos cotistas regularmente matriculados. Entre o ano de 2019 e o primeiro semestre de 2023, o número de graduandos cotistas aumentou em 52% e a taxa de evasão entre os mesmos decaiu 6%.

A incorporação de transexuais e travestis no sistema de cotas da Uneb faz com que o ensino superior se coloque no horizonte de possibilidades de estudantes pobres das escolas públicas do nosso estado, aponta a docente da Uneb e coordenadora da pesquisa departamental 'Nômades do saber: um estudo sobre migração estudantil', Dina Maria Rosário dos Santos. “Deseja-se que, ao adentrar a universidade por meio do sistema de cotas, tenhamos cada vez mais jovens concluindo o ensino médio cientes de que a Uneb tem estratégias de equidade para o acesso e para permanência”.

Compartilhe essa notícia com seus amigos

Compartilhar no Email Compartilhar no X Compartilhar no Facebook Compartilhar no Whatsapp

Cidadão Repórter

Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro

ACESSAR

Siga nossas redes

Siga nossas redes

Publicações Relacionadas

A tarde play
mora Vitória Santos Alves, estudante de enfermagem da UFBA
Play

Vídeo: chuva causa alagamento dentro do metrô de São Paulo

mora Vitória Santos Alves, estudante de enfermagem da UFBA
Play

VÍDEO: Homem carrega corpo da mãe em cadeira de rodas pelas ruas do RJ

mora Vitória Santos Alves, estudante de enfermagem da UFBA
Play

Vídeo flagra "orgia" com cerca de 15 homens em praia de Búzios

mora Vitória Santos Alves, estudante de enfermagem da UFBA
Play

Mãe e filha são arrastadas por ônibus em Mato Grosso; veja vídeo

x

Assine nossa newsletter e receba conteúdos especiais sobre a Bahia

Selecione abaixo temas de sua preferência e receba notificações personalizadas

BAHIA BBB 2024 CULTURA ECONOMIA ENTRETENIMENTO ESPORTES MUNICÍPIOS MÚSICA O CARRASCO POLÍTICA