BRASIL
Sem divulgar dados, Butantan diz que Coronavac tem eficácia para solicitar uso emergencial
Por Rodrigo Aguiar

Os dados de eficácia da Coronavac poderão ser conhecidos nas próximas duas semanas, afirmou nesta quarta-feira, 23, em coletiva, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, sobre o imunizante contra a Covid-19 desenvolvido pelo laboratório chinês Sinovac. A expectativa inicial era de que a eficácia fosse divulgada na ocasião.
A segurança e eficácia já são suficientes para pedir registro de uso emergencial à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anivsa), de acordo com Covas. Antes disso, no entanto, os dados serão avaliados pelos chineses.
"Atingimos o limiar da eficácia, que permite o processo de solicitação de uso emergencial, seja aqui no Brasil ou na China. Temos contrato com a Sinovac que especifica que o anúncio desse número precisa ser feito em conjunto", justificou Covas.
O secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, reforçou que a taxa de eficácia superou o valor mínimo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de 50%.
Segundo o diretor do Butantan, o laboratório solicitou a transferência da base de dados, para fazer uma análise e apresentá-los à agência reguladora chinesa, a NMPA. "Solicitaram 15 dias para que essa análise aconteça, isso está no contrato. Vamos respeitar essa data, mas acreditamos que será adiantada", avaliou.
Gorinchteyn disse que a eficácia da vacina calculada pelo estudo do Butantan foi diferente da verificada em outros países nos quais o imunizante está em uso. Essa discrepância nos dados seria o motivo para adiar a divulgação da taxa de eficácia.
“Eles [Sinovac] entenderam que o fato de nós termos eficácia superior a isso [que é recomendado pela OMS], porém diferente de outros países em que essa vacina está em uso, merece uma reavaliação”, acrescentou o secretário.
Segurança
Covas afirmou que, após testes com 13 mil voluntários, os estudos apontam que a Coronavac seria a mais segura das vacinas entre aquelas atualmente em testes. "Excelente perfil de segurança. Uma frequência muito baixa de manifestações adversas leves, a mais presente foi dor no local da injeção", relatou.
Apesar da não divulgação da eficácia da vacina nesta quarta, o diretor disse que permanece inalterado o ritmo do programa de desenvolvimento do imunizante pelo instituto, ligado ao governo de São Paulo. O início da vacinação em São Paulo será no dia 25 de janeiro, anunciou o governador João Doria.
De acordo com Covas, serão recebidas hoje, no aeroporto de Viracopos, em Campinas, 5,5 milhões de doses, das quais 3,4 milhões para serem produzidas e 2,1 milhões já "acabadas". Na próxima semana, completou, serão mais 2 milhões de doses.
Entre os países que negociam com o Butantan a compra da vacina, estão Uruguai, Peru, Equador e Honduras. O contrato mais adiantado é com a Argentina.
Certificação
Na última segunda-feira, 21, a Anvisa publicou a certificação de Boas Práticas de Fabricação para a fábrica da vacina da Coronavac. A autorização foi publicada 10 dias antes da previsão inicial do órgão.
Uma equipe da Anvisa esteve na China entre os dias 30 de novembro e 4 de dezembro para inspecionar a produção do imunizante e teve reuniões com os executivos da Sinovac.
Válido por dois anos, o certificado é um dos pré-requisitos tanto para o processo de registro da vacina no Brasil, quanto para um eventual pedido de autorização para uso emergencial.
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