BRASIL
Sirene tocou e piloto tentou segurar o manche
Por Agência Estado
A análise das caixas-pretas do Boeing 737-800 da Gol mostra som de sirene e o piloto tentando segurar com força o manche do avião. O alarme pode ter encoberto os últimos diálogos entre piloto e co-piloto do avião que caiu após colidir em 29 de setembro com um Legacy, deixando 154 mortos. A análise do cilindro de voz do Boeing revela que, aparentemente, não houve pânico entre os pilotos na hora do choque. Durante alguns segundos, relata um integrante da comissão de investigação do acidente, o rádio ficou em silêncio. Em seguida, o que se ouve é um forte ruído.
"É uma mistura do vento batendo contra o pára-brisa do avião e os alarmes que começaram a soar dentro da cabine. Os peritos ainda não descartam a possibilidade de esse barulho ter encoberto diálogos na cabine do Boeing. Para tentar esclarecer a dúvida, técnicos da Aeronáutica deverão utilizar filtros eletrônicos na tentativa de remover os ruídos. Só após esse procedimento, que ainda não tem data para ser concluído, será possível afirmar se houve ou não uma conversa após a colisão. O gravador de dados do Boeing (flight data recorder) revelou que o piloto aplicou força ao manche nos instantes que antecederam à queda. E que, mesmo com séria avarias na estrutura, os sistemas eletrônicos e mecânicos da aeronave não foram afetados pelo choque.
O que deixou o avião incontrolável foi o fato de o Legacy ter cortado um pedaço de sua asa esquerda, afirma uma fonte da comissão de investigação. Os peritos ainda aguardam a coleta de mais peças e destroços do Boeing para determinar o exato local em que a asa foi atingida.
Relatório - O relatório preliminar do acidente deve ser divulgado na próxima semana. O documento, no entanto, não deverá apontar os responsáveis pelo acidente. Apenas indicará as linhas de investigação. O coronel Rufino Ferreira, chefe da comissão de investigação, e peritos americanos e canadenses estiveram hoje em Brasília para dar continuidade às apurações.
Eles foram ao Cindacta-1 e ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) fazendo testes e cruzamento de dados. Segundo um oficial da Aeronáutica, o objetivo do grupo agora é avaliar a conduta e as ordens transmitidas pelo controle de tráfego aéreo de Brasília (Cindacta-1) aos pilotos do Legacy. À noite, o coronel e os peritos embarcaram para Manaus. Nesta quinta-feira eles examinam as gravações do Cindacta-4, que monitorava o avião da Gol no momento do acidente. A idéia do relatório preliminar é que ele contenha só dados que não possam ser contestados, como hora de decolagem dos aviões, do choque, do pouso do Legacy, sem dados da degravação da caixa-preta ou do controle de vôo. O objetivo é dar informações básicas para reduzir expectativas.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Siga nossas redes