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CADERNO 2

A música que educa

Programa de Educação Musical utiliza Villa-Lobos para sensibilizar estudantes e capacitar educadores

Por Lila Sousa*

21/11/2022 - 7:48 h
participantes do projeto Brasil de Tuhu
participantes do projeto Brasil de Tuhu -

Heitor Villa-Lobos tinha o sonho de ver um Brasil musicalizado. O registro do que almejava está no Guia Prático do maestro, que nos anos 1930 percorreu o país documentando cantigas populares. Seu apelido quando criança era Tuhu, porque era encantado por locomotivas e imitava o som delas. Assim, inspirado na vida e obra de Heitor Villa-Lobos, surge o programa de Educação Musical Brasil de Tuhu, que retorna à Bahia entre hoje e sexta-feira (25).

A programação acontece nas escolas públicas municipais de Camaçari, combinando música, história e ludicidade. Como pano de fundo, a história do maestro Villa-Lobos e no repertório as cantigas populares compiladas por ele em seu Guia Prático de 1930, como Fui no Itororó e Saltando como um saci.

Na programação, as crianças vão se divertir e aprender com apresentação de concertos didáticos e com a Vivência Musical gratuita, além do ciclo de capacitação para educadores interessados em musicalização infantil.

A escolha das escolas é feita através da coparceria entre o Baluarte Cultura, empresa realizadora do Brasil de Tuhu, e a secretaria de educação municipal da cidade.

Este programa, que voltou a circular presencialmente em 2022, tem patrocínio da Elekeiroz, via Lei de Incentivo à Cultura, do Ministério do Turismo e já foi assistido por mais de 57 mil crianças em 13 estados brasileiros.

O concerto tem como objetivo desmistificar o universo da música clássica para as crianças, ao mesmo tempo em que as aproxima da educação musical. “O objetivo é levar suavidade para o dia-a-dia das escolas, estimular a criatividade, resgatar emoções e proporcionar conhecimento sobre nossa cultura através do universo de Villa-Lobos”, destaca Paula Sued, diretora de produção da Baluarte Cultura.

As apresentações são conduzidas pelo Quarteto Brasil de Tuhu, liderado pela premiada violinista e diretora pedagógica do projeto, Carla Rincón, no primeiro violino; Larissa Torres no segundo violino; Gabriel Vailant na viola; e Davi Santos no violoncelo. O concerto conta ainda com a participação da atriz Patrícia Costa e do boneco Tuhu, que junto com os músicos interagem realizando brincadeiras musicais.

Com a proposta de aprenderem enquanto brincam, as crianças poderão experimentar os concertos didáticos através de noções básicas de ritmo, melodia e harmonia.

“A ludicidade implícita na arte, de alguma forma ela nos faz criar uma linguagem mais acessível e mais amorosa para que as crianças tenham uma experiência emocional muito positiva em relação ao nosso concerto e a história que queremos contar”, relata Carla Ricón, direto pedagógica do programa.

Carla ainda menciona a importância de projetos como esse dentro da rede pública. “Deveria ser uma política de Estado, espero que o nosso novo Estado possa verdadeiramente abraçar ações como a nossa e colocá-las em prática para que toda a rede pública do Brasil possa ter essa experiência”.

O Brasil de Tuhu

Com a ausência da arte brasileira como prática na rede pública, Carla Rincón ressalta a essencialidade de estabelecer um diálogo entre a arte e essas crianças. “Outra parte muito importante de visitar a escola é que a autoestima das crianças se eleva incrivelmente. Elas se sentem muito lisonjeadas, isso também dá uma sensação de pertencer, de cuidado e carinho que nosso projeto tem com a rede pública”, acrescenta a pedagoga.

Responsável pelo roteiro, Tim Rescala que é compositor, arranjador e autor teatral se destaca também entre outros trabalhos, pelas trilhas sonoras das minisséries Hoje é Dia de Maria, Capitu e Sítio do Picapau Amarelo. “A música de Heitor Villa-Lobos é uma referência para nós, músicos brasileiros. Não só pela sua riqueza, beleza e força expressiva, mas também pela sua inerente e natural brasilidade. Nada melhor do que a música de Villa para iniciar as crianças na música de concerto. Neste espetáculo, leve e lúdico por natureza, felizmente conseguimos isso, aliando música e teatro”, explica.

A música de Villa-Lobos tem transpassado a história ocupando um lugar importante, justamente porque o maestro fala e escreve uma linguagem e uma música que permite sentir o Brasil. “Nos faz sentir as praias brasileiras, as terras, a cultura, as pessoas. Ele só usa os instrumentos clássicos, mas quero chamar esta música de brasileira, é a nossa música do século XX, é a música de Villa-Lobos. Sentimos que esta música é acessível pra qualquer faixa etária, extrato social, pessoa do Brasil e fora dele”, opina Ricón.

Os alunos que participarem do projeto ganharão o gibi ‘O Brasil de Tuhu’, com a história de um jovem musicista e jogos de musicalização. Além disso, todas as escolas participantes receberão um kit com materiais especialmente pensados para auxiliar os professores em atividades de educação musical em sala de aula.

“Com o objetivo de manter a comunidade escolar motivada para o desenvolvimento de práticas musiciais, deixamos na escola um kit com materiais elaborados pela equipe pedagógica do programa. Neste kit reunimos recursos e ferramentas práticas com o objetivo de auxiliar o aprendizado e torná-lo ainda mais lúdico e divertido, através de propostas de exercícios, calendário de atividades, brincadeiras musicais e orientações de como construir, com as crianças, instrumentos com materiais cotidianos”, explica Paula Sued, diretora de produção da Baluarte Cultura.

Vivência para educadores

São muitos os desafios da sensibilização do ambiente escolar à música. Alguns deles destacados por Paula Sued: “Disponibilidade reduzida ou ausência do material adequado para desenvolvimento de atividades de educação musical, carência de capacitação para professores e a falta de apoio por parte de dirigentes para que os educadores desenvolvam as atividades”.

“A partir da nossa experiência percorrendo o país apresentando os concertos didáticos em escolas públicas, identificamos lacunas possíveis de ajudarmos a preencher e compartilhar o sonho coletivo de musicalizar o Brasil. Por isso, trabalhamos com a ideia de que a música é uma importante ferramenta de transformação, individual e coletiva também. E a partir dela e do universo de Villa-Lobos, desenvolvemos ações e materiais capazes de ativar nossa memória afetiva, resgatar tradições e contribuir com a sensibilização, a sociabilização, a concentração e a aprendizagem nas escolas”, salienta Sued.

A musicalidade sonhada por Villa-Lobos pode ser vivida ao se explorar a música presente em baldes, cumbucas, colheres de pau e nos instrumentos musicais que já conhecemos. Através dessa dinâmica, Brasil de Tuhu retoma a Bahia com o ciclo formativo, oficinas que visam empoderar educadores para criação e desenvolvimento de práticas musicais. As inscrições acontecem até 21 de novembro e podem ser realizadas através do link: brasildetuhu.com.br/vivencia-musical. A Vivência Musical acontece nos dias 26 e 27 de novembro em Camaçari (BA).

Esta etapa é inspirada nos Guias Didáticos I e II do programa, que propõem o ensino musical para crianças através de brincadeiras, além de orientar e dar suporte aos educadores, com ferramentas práticas e didáticas. Tudo isso transitando entre o Construtivismo e pela construção do conhecimento, estimulando a troca entre criança e educador. A ideia é contribuir para impulsionar a imaginação, o desenvolvimento cerebral e aptidões sociais, através do conteúdo programático lúdico que passa por noções de ritmo, harmonia e melodia.

“Nós fazemos uma experiência musical através da construção da mesma. E pra construir um conhecimento ou um conteúdo, nós precisamos experimentá-lo com o nosso corpo, com as nossas emoções, com as nossas sensações, com nossos sentidos”, descreve Carla Rincón. Além disso a diretora pedagógica destaca que todo corpo, emoções, sensações, sentidos e intelectualidade juntos contribuem para o sucesso proposta.

O objetivo é que as aulas dos educadores sejam ativas, onde o aluno é o protagonista, participando ativamente, construindo com a orientação e mediação dos professores. As oficinas irão ensinar a mediar essa experiência, com atividades que vão gerar emoções, auxiliar na resolução de conflitos, propondo o autoconhecimento e estimulando a criar uma cidadania, uma identidade brasileira através do contato com o folclore e música brasileira.

As oficinas serão coordenadas por Carla Rincón, premiada violinista, fundadora do Quarteto Radamés Gnattali, diretora pedagógica do Brasil de Tuhu e do Instituto Zeca Pagodinho e coordenadora pedagógica do SINOS; e por Josiane Kevorkian, pianista, diretora cultural da Casa de Artes Paquetá (RJ), coordenadora artística do Instituto Zeca Pagodinho e dedicada à formação de professores de musicalização infantil.

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