CADERNO 2
Barão Vermelho comemora 40 anos com especiais e turnê pelo Brasil
Considerada uma das maiores bandas do rock nacional, o Barão foi marcado pela mudança ao longo dos anos
Por Bruno Santana*
Em 1981, quando o tecladista Maurício Barros e o baterista Guto Goffi decidiram formar uma banda, em pleno show do Queen, no Estádio do Morumbi, seria difícil imaginar que aquela ideia se desdobraria em um dos grupos mais influentes e reconhecidos da história do rock nacional: o Barão Vermelho.
Agora, 40 anos depois da fundação da banda (lançada oficialmente alguns meses depois da ideia inicial, já em 1982) que revelou ao mundo talentos como Cazuza e Roberto Frejat, as comemorações são proporcionais à magnitude do grupo.
Marcando o aniversário, o Barão Vermelho estrela uma série de especiais em quatro episódios no canal por assinatura Bis, além de lançar um álbum acústico, já disponível nos streamings, e três EPs que chegarão em breve. Para completar, o grupo iniciou uma turnê comemorativa que chegará a diversas cidades brasileiras.
Em todos os elementos da celebração, a tônica é a mesma: resgatar a rica história do grupo sem repeti-la, apresentando releituras de clássicos da banda, dando novas roupagens a arranjos icônicos e analisando todas as faces do Barão nestas quatro décadas de existência.
A intenção fica evidente com os quatro episódios do especial Barão 40, que está sendo exibido no canal Bis. O primeiro, intitulado Acústico, foi exibido no último dia 13. O segundo, Clássicos, foi levado no dia 20, enquanto o terceiro e quarto episódios — Blues & Baladas e Sucessos — serão transmitidos nos próximos sábados, dias 27/08 e 03/09, sempre às 23h. Assinantes também poderão assistir aos programas, posteriormente, na plataforma de streaming Globoplay.
"Pra nós, é uma alegria poder estar na estrada e com vontade de tocar esse repertório construído ao longo dessas quatro décadas", afirma Maurício Barros. "Estamos agraciando os fãs com uma performance ao vivo que gravamos ao longo de dois dias, divididos em quatro episódios", conta, destacando as participações de nomes como Samuel Rosa (Skank), Chico César, Jade Baraldo e do próprio Roberto Frejat, que deixou a banda em 2017 para se dedicar à carreira solo.
Enfim, um acústico
O especial resultará em quatro novas obras do Barão Vermelho: três EPs, que serão lançados em breve e cobrirão os três episódios finais do especial, e o álbum Barão 40 (acústico), já disponível nas plataformas de streaming. Maurício comemora o lançamento porque, pela primeira vez, o Barão tem um acústico, oficialmente lançado, para chamar de seu.
"Na verdade, o primeiro Acústico MTV foi com o Barão Vermelho, mas ainda era um projeto teste", relembra Maurício. "Não tinha ainda aquele formato que ficou famoso, foi ao ar muito depois e nós só lançamos o repertório numa coletânea. Ou seja, nós praticamente não tínhamos um acústico de fato, e a gente queria muito fazer. E agora, com esse momento de comemoração, vimos que estava na hora", detalha Barros.
O tecladista destaca, ainda, que as novas roupagens de canções como Bete Balanço e Maior Abandonado, executada em parceria com Samuel Rosa, refletem os talentos de Rodrigo Suricato, vocalista da banda desde a saída de Frejat, com o violão.
"A chegada do Suricato, que é um exímio violonista e tem essa pegada forte do folk e do blues, também deu um frescor para as músicas. Acho que somou a nossa maturidade com o frescor da chegada dele", justifica Maurício, ao falar sobre os arranjos renovados de clássicos já consagrados do Barão.
Com a atual formação, a turnê de 40 anos foi iniciada no último dia 12, em Porto Alegre, e prosseguirá até o início de 2023, com apresentações já confirmadas em cidades como Rio de Janeiro, Niterói, São Paulo e Belo Horizonte. Salvador, por ora, ainda não está oficialmente na agenda da banda, mas Maurício garante que a capital baiana está nos planos do grupo.
"Queremos muito (tocar em Salvador)", diz o músico. "A gente quer tocar em todos os lugares do país, nossa alegria é estar tocando em algum palco do Brasil. Mas, especialmente, nós do Barão estávamos querendo ir a duas cidades que ainda não tínhamos conseguido desde o início desta formação, Salvador e Porto Alegre. Estamos batendo muito o pé para irmos a Salvador, não é porque estou falando com o A Tarde. Porto Alegre nós já conseguimos, agora tá faltando a Bahia mesmo, um lugar que adoramos e temos muitos amigos. Já vamos chegar comendo acarajé no aeroporto!", brinca.
Tudo muda e permanece
Ironicamente, com as recém-completadas quatro décadas de existência, o Barão Vermelho já "viveu" muito mais do que a figura que inspirou o nome da banda: o líder militar alemão Manfred von Richthofen, piloto de caça considerado um dos adversários mais formidáveis dos aliados na Primeira Guerra Mundial.
Enquanto o Barão Vermelho "original" foi abatido e morto em 1918, aos 25 anos, o grupo brasileiro segue firme e forte — mas não sem percalços e mudanças no caminho. Além de três hiatos ao longo da história, a banda também sofreu com diversas mudanças na lista de talentos e já teve três vocalistas: Cazuza, Frejat e, agora, Suricato.
Enquanto cofundador, Maurício é uma das figuras que acompanha o Barão desde a sua gênese. Ele deixou o grupo por alguns anos no final da década de 1980, mas garante que, mesmo no período em que deixou de ser um membro oficial da banda, acompanhou as atividades de perto, inclusive compondo com os colegas e contribuindo com as gravações e shows. E segundo o tecladista, mesmo com todas as mutações ao longo das décadas, o Barão Vermelho conseguiu manter a identidade e a coesão em suas criações.
"O Barão é uma das bandas que mais teve integrantes no Brasil", brinca Maurício, notando a dificuldade extra de manter a unidade em um grupo que perde seu vocalista. "Você perder um cantor, especialmente quando você tem alguém como o Cazuza, que virou um ícone do rock brasileiro, é uma tarefa um pouco mais dura. O Cazuza era a cara do Barão, mas a gente conseguiu se desdobrar. A gente nem titubeou (em continuar) porque confiava muito no nosso taco, e passamos um período de vacas magras até o público assimilar. Depois, chegamos onde chegamos", conta, referindo-se à época em que Frejat, guitarrista desde o início, assumiu os vocais da banda.
As mudanças continuaram com a chegada de Suricato, celebrada por Maurício e pelo restante da banda. "Ele é um guitarrista talentoso e um ótimo cantor, além de compor muito bem. Já estamos há cinco anos com o Suri, que já é mais tempo do que o que Cazuza esteve com o Barão Vermelho. Agora, as pessoas não se queixam mais", comemora o músico, que faz uma consideração: já chega de mutações. "A gente brinca que não quer mais mudança nenhuma na formação. Agora é essa até o fim!", promete.
*Sob supervisão do editor Eugênio Afonso
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